Saúde mental foi o tema central da participação da cantora Kell Smith no Melhor Agora desta segunda-feira, 26. Após o programa, em entrevista exclusiva ao Portal da Band, Kell ressaltou a importância de acolher os doentes. “Precisamos acolher as pessoas [com doenças mentais] que ainda ouvem que é falta de Deus, ou falta do que fazer, ou falta de vontade. São patologias e elas têm tratamento”, disse.
Kell lançou durante a pandemia seu novo álbum ‘O Velho e Bom Novo’. O lado ‘a’ do trabalho aborda, principalmente, a saúde mental. “Eu o compus antes da pandemia, mas ela nos pegou bem no meio da produção. Pensamos em esperar, mas a partir da sensibilidade de quem trabalha com arte, percebemos que era uma obrigação poética e social lançá-lo”.
Abaixo, leia a entrevista completa com a cantora:
Kell, você lançou seu segundo álbum há uns meses, e muitas canções abordam temas importantíssimos, como ansiedade, luto e depressão. Como foi o processo de produção desse álbum? Ele tem muito das suas histórias e vivencias pessoais?
Com certeza tem muito de mim e do que vivi. Saúde mental já é um assunto que eu flerto desde o início da minha carreira, que sinto a necessidade e urgência de falar. Eu o compus antes da pandemia, mas ela nos pegou bem no meio da produção. Pensamos em esperar, mas a partir da sensibilidade de quem trabalha com arte, percebemos que era uma obrigação poética e social lançá-lo (...). A inspiração veio disso, da necessidade de dividir com as pessoas, sinto que tive minha vida salva pelo autoconhecimento.
Falar sobre saúde mental ainda é um tabu?
Acho sim. Cada vez mais os índices de suicídio e de transtornos mentais aumentam, e estar neste momento digital, sabendo o quanto a internet interfere nas emoções e saúde mental, e passar essa mensagem justamente nesse ambiente é muito importante, não existe coisa mais propícia. Precisamos acolher as pessoas [com doenças mentais] que ainda ouvem que é falta de Deus, ou falta do que fazer, ou falta de vontade. São patologias, elas têm tratamento e existe, sim, um fim nesse fundo do poço – e o jeito de sair é por meio do autoconhecimento, buscando ajuda profissional (...). Só vamos encontrar leveza quando ele for discutido no café da manhã, na mesa, no domingo em família.
Qual o lado bom e ruim do sucesso?
Lado bom do sucesso é que é só uma palavra e você pode dar significado a ela. Então, se é sucesso para você fazer algo útil, talvez seja muito mais leve do que o sucesso trabalhado em números, como views e compartilhamentos. A arte tem o poder de cura, mas às vezes a gente usa para fazer torradas. Então, se dá para usar o máximo do potencial, porque não? Isso é o que espero da minha arte.