Em 2024, o MasterChef Portugal ganhou um tempero brasileiro. A confeiteira brasileira Juliana Penteado passou a integrar o time de jurados do talent show e, ao lado dos chefs Pedro Pena Bastos e Rui Paula, ela vai avaliar os trabalhos apresentados na 8ª temporada do programa.
Em entrevista ao Band.com.br, a jurada — a primeira brasileira em uma edição gringa do MasterChef — fala sobre sua trajetória profissional, sua ida a Portugal, seu primeiro contato com o programa culinário e a experiência como parte do elenco fixo da atração. Continue lendo para saber mais!
Do Brasil para o mundo
Juliana está imersa no mundo da gastronomia desde os 12 anos de idade, quando iniciou seu primeiro curso na área. Nem mesmo a graduação em Nutrição, anos mais tarde, afastou-a da cozinha: paralelamente, ela decidiu cursar também Gastronomia.
Ainda no Brasil, ela começou um estágio na Casa Fasano, mais voltado à nutrição, mas ficou na empresa por seis anos e terminou como chef de cozinha executiva. Mas foi ao fazer Le Cordon Bleu em Londres que sua paixão pelas sobremesas foi despertada. "A confeitaria era algo que me brilhava os olhos", relembra.
Em 2018, Juliana mudou-se para Paris e, na impossibilidade de conseguir novos trabalhos na capital francesa, decidiu arriscar e se mudar para Lisboa. Lá, trabalhou um pouco mais de um ano no grupo 100 Maneiras, focada na confeitaria, até decidir que era hora de explorar novos horizontes.
Como imigrante, a gente sempre acaba pensando em como contribuir com a cultura local vindo de outra vivência, outra cultura. A gente vem morar num país que não é o nosso, mas como a gente faz para contribuir com tudo isso?
Viajando pela confeitaria
Diante dessa reflexão, Juliana decidiu fazer o que chamou de Rota Amarela: uma viagem para conhecer os clássicos da confeitaria portuguesa. "Percorri de Norte a Sul de Portugal", explica. "Fiquei 30 dias viajando, aluguei um carro e fui conversando com várias pessoas, ouvindo histórias, costumes."
Logo após essa experiência, ela entendeu que fazia sentido dar início ao seu próprio negócio. "Nada com releitura de doce português, porque quem sou eu para fazer algum trabalho nesse sentido, e sim explorar um pouco mais do meu universo", conta a confeiteira.
Juliana, então, decidiu trabalhar com os óleos essenciais em suas sobremesas. "Era uma coisa que a minha mãe utilizava comigo e com as minhas irmãs quando a gente era criança", recorda.
O empreendimento que leva seu nome começou no início da pandemia e cresceu de forma orgânica. "As pessoas estavam um pouco mais abertas a explorar o que era novo", analisa. Depois de um ano e meio de trabalho, Juliana abriu sua primeira loja e, hoje, possui dois lugares físicos em Lisboa.
Estreia no MasterChef Portugal
Apesar de ter sido convidada em um dos episódios da temporada anterior, Juliana revela que havia um receio com as câmeras, afinal este foi o seu primeiro trabalho na TV. Ainda assim, a vivência foi positiva. "Foi incrível, foi muito legal. Acho que foi uma das melhores experiências da minha vida", celebra a chef.
Seus colegas de palco também a ajudaram a ter uma boa estreia. "[Pedro Pena Bastos e Rui Paula] são pessoas brilhantes", elogia. "Além do elo profissional, a gente criou um elo de amizade muito legal, e acho que isso ajudou a fluir muito bem o desenvolver do programa."
Juliana ainda garante que não há uma persona ali: quem vemos no programa é ela mesma. "Eu não conseguiria puxar um lado que não fosse o meu. Entrei para esse projeto sabendo que seria um grande desafio e, aos poucos, eu ia aflorar tudo isso de forma natural. E foi o que aconteceu", descreve.
Ela também enxerga o tamanho da responsabilidade que carrega sendo jurada do MasterChef. "Quando a gente trabalha com o sonho do outro, é muito delicado", pondera. "A gente tem que ter muito tato na hora de fazer uma crítica. Eu acho que ela tem que ser sempre construtiva nesse sentido."
Pergunto se houve algum caso de xenofobia durante esse processo, e Juliana diz ter se sentido muito respeitada não só pela produção do programa, como também pela imprensa. O único lugar que segue sendo árido é, infelizmente, a internet. "Instagram você conhece, né? Tem aquelas pessoas que, enfim, começam com uma paulada de xenofobia, mas isso vai acontecer em qualquer lugar do mundo", lamenta.
Relação com o MasterChef Brasil
A participação como convidada do MasterChef Portugal não foi o primeiro contato de Juliana com o talent show. Ela revela que conheceu Ana Paula Padrão ainda na infância. Acontece que a apresentadora era madrasta de um dos melhores amigos da confeiteira. "Eu convivi com a Ana muito tempo da minha infância", relembra.
Quando Juliana voltou de Londres, depois de estudar na Le Cordon Bleu, Ana Paula Padrão já estava à frente do MasterChef. Por isso, a entrevistada entrou em contato com ela para falar sobre a atração, que era uma novidade no Brasil.
"Eu fui assistir um episódio e me apaixonei pelo programa. É uma produção incrível", conta. Ela lembra que ficou muito marcada pela primeira temporada do MasterChef Júnior. "Eu fiquei completamente abismada com o quanto aquelas crianças cozinhavam. Até me remeteu um pouco toda a minha história", afirma.