Em 2024, Vinícius de Oliveira decidiu deixar o emprego na área de tecnologia e apostar na gastronomia ao participar da 11ª temporada do MasterChef Brasil. Ele, que começou tímido no jogo, passou a ganhar o reconhecimento do público ao vencer provas e acumular pins no avental.
Ao se despedir do talent show, Vinícius se emocionou ao falar sobre as amizades que construiu no programa, o acolhimento que sentiu e como foi vivenciar essa jornada sendo um homem negro.
"É muito duro ver oportunidades aqui no Brasil para pessoas negras. O racismo é muito grande. Meus pais falavam: 'Vai, corre atrás, tem que fazer o dobro para conseguir'. Acho que aqui eu consegui mostrar isso e me libertar um pouco também", disse Vinícius em seu discurso final no MasterChef.
O impacto do seu discurso ecoou para fora do programa. "As pessoas param ao me ver na rua. 'Ah, você é o Vini, do MasterChef. Você me representou muito", conta o ex-participante em entrevista ao Band.com.br. "Muitas dessas pessoas que me param são pessoas negras."
A reação do público com sua eliminação foi algo que ele não esperava. "Eu recebi literalmente milhares de mensagens de pessoas falando que choraram junto comigo. Foi um carinho muito grande que eu tive", recorda Vinícius.
Foco na gastronomia
Com o fim do MasterChef, Vinícius passou a investir em suas redes sociais, sobretudo no Instagram e no TikTok. Por lá, ele ensina o passo a passo de receitas, dá dicas de gastronomia e também recomenda restaurantes. Tudo isso para dar a outras pessoas o que ele teve com o programa: oportunidade.
"Eu falava bastante que eu queria dar oportunidade para as pessoas fazerem coisas, mesmo se elas não têm tanto dinheiro", explica. "Uma das coisas que estou fazendo é indicar restaurantes, então se a pessoa só pode sair uma vez por mês, uma vez a cada 6 meses, ela tem uma boa experiência e não cai em furadas."
Fora das redes sociais, Vinícius tem aproveitado seu tempo para explorar mais a gastronomia, fazer jantares exclusivos e eventos próprios e, claro, viajar. "Eu estou mais tranquilo para fazer as coisas que eu gosto e ficar perto da minha família, e não ficar tão focado em carreira", descreve.
E um restaurante? Vinícius, por ora, descarta a ideia. "Acho que eu poderia assinar menus de restaurantes. Eu gosto dessa coisa de criação, de treinar as pessoas. Mas a parte do negócio em si precisa ter uma resiliência que não é para mim", afirma.
“Faça o processo”
Vinícius espera que sua trajetória inspire outras pessoas negras a se arriscarem no programa. "Se você quer, mas não se acha bom o suficiente, faz o processo. Não quer dizer que você vai entrar, mas, se você entrar, vai ser uma ótima experiência", incentiva o ex-participante.
Ainda que a pessoa não sinta que tem repertório para cozinhar, Vinícius diz que isso não deve ser um empecilho. "Com certeza é mais fácil ter um desempenho melhor no MasterChef se você tem um repertório maior, se já foi em mais restaurantes, se você já foi para outros países, mas eu acho que ela não te elimina", avalia. "Passou das primeiras semanas, todo mundo começa a ficar em pé de igualdade."
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