Participantes do MasterChef estão confinados em hotel: saiba como estão lidando com a saudade, abstinência e rotina

Isolados em um hotel em São Paulo para as gravações do programa, cozinheiros amadores estão há meses sem contato frequente com a família; leia relatos exclusivos:

Stefani Sousa

Participantes do MasterChef estão confinados em hotel: saiba como estão lidando com a saudade, abstinência e rotina
Carlos Reinis/Band

Foi com a mala recheada de sonhos e expectativas que 23 cozinheiros amadores deixaram suas casas, há alguns meses, e se mudaram temporariamente para São Paulo, onde o MasterChef Brasil é gravado. Em meio à pandemia, para preservar a saúde e a segurança de todos, o confinamento em um hotel se tornou necessário para o andamento das gravações. Isolados e com a rotina intensa de trabalho, os bastidores da produção são marcados pela saudade da família e por amizades que vão surgindo como apoio e força. Ao Band.com.br, parte do elenco da 8ª temporada entrega detalhes exclusivos da rotina longe de casa.

Lidar com a saudade tem sido o ponto fraco da mineira Helena (43). Pouco mais de dois meses atrás ela deixou Barcelona, na Espanha, onde vive há 20 anos, para participar da seletiva do talent show. Desde então precisa lidar com a falta das filhas, Inés e Olivia, e do marido, Rodrigo (foto abaixo). Tamanha distância, se viu pela primeira vez na vida “sozinha”. Enquanto mira o bom desempenho no jogo, aprende a lidar com a rotina e se adequa as atribuições de ser mãe à distância.


Barcelona está 5 horas à frente do Brasil e, por causa do fuso horário, até a comunicação foi comprometida. “Quando chega no quarto, à noite [depois de um dia de gravações], não consigo falar com as minhas filhas. Deixo mensagens que são respondidas no dia seguinte. Não foi fácil no início e continua não sendo”, explica. Por uma questão de autoproteção, resta confiar que tudo está bem e que o sacrifício será recompensado. Se vencer a competição, ela sonha em voltar com todos para o Brasil. “Confio no Rodrigo, ele é um paizão. Se eu ficar com a cabeça na Espanha não vou conseguir avançar no jogo. Preciso acreditar que está tudo certo.”

A preocupação com os que ficaram em casa também é constante na vida de Juliana Arraes (37). Na primeira semana de confinamento, sua cachorrinha, Lola, foi diagnosticada com câncer. O que a princípio seria um tratamento tranquilo, acabou deixando a família assustada. “Ela começou a ficar ‘amoadinha’ e eu fiquei muito triste, chorei bastante. A partir daí meu marido parou de me falar o que de ruim estava acontecendo com ela”, lamenta. Mesmo recebendo todo o cuidado necessário, Lola, que era como uma filha para o casal, faleceu algum tempo depois de iniciar a quimioterapia. Juliana fez o que pode para estar presente nos meses em que a cachorra ficou doente. “Nós fazíamos muitas chamadas de vídeo, eu sempre mandava áudios pra ela e falava que ia voltar.”


Transformando saudade em combustível 

Cursando o terceiro semestre de nutrição, a mato-grossense Kelyn (28) conta que às vezes esquece que é uma estudante em período letivo. Imersa no sonho de vencer o MasterChef, ela conta com a ajuda do namorado, Guilherme, para organizar as pendências e seguir focada em seu objetivo. “Quando chega o fim de semana, estou abarrotada de atividades pra fazer e ele que faz a planilha de tudo o que eu preciso entregar”, revela. Mesmo cansada, poder contar com a força do companheiro a faz ter melhor desempenho na competição. 


A caminho das gravações, Kelyn sempre passa com a van que leva os participantes para a Band por uma rua próxima a sua casa. É um dos momentos em que diz ficar com o coração na mão. “Estou tão perto, mas ao mesmo tempo tão longe”, conta. À noite, no horário em que costumava preparar o jantar e passar algum tempo com o namorado, é que a falta se faz mais presente. “É complicado ficar sozinha e ter a obrigação de conviver com outras pessoas que você acabou de conhecer, que são muito diferentes e que tem um jogo envolvido.”  

Se as noites são complicadas para alguns, o fim de semana é ainda mais intenso para outros. O arquiteto Pedro (29), por exemplo, gostaria que o tempo livre não existisse para não ter que lidar com a saudade da noiva, Amanda. “Durante a semana, a gente está a mil e vai. Chega o fim de semana e ficamos no quarto do hotel. É quando mais penso nela e no quanto ela está se virando em muitas para dar conta de tudo”, analisa. O casal acabou de se mudar e tem três cachorros, por isso pensar na família garante muita reflexão. "Tá tranquilo, não é nada que vá me prejudicar, mas é um sentimento inesperado.”

Afeto, empatia e companheirismo 

Apesar de em alguns momentos precisarem lidar com a solidão, os ‘masterchefs’ da 8ª temporada contam uns com os outros para viver o sonho que é compartilhado por todos. Vencer a competição envolve superação, recomeço, força, vulnerabilidade e confiança. Um mix de sentimentos que os conectam e faz amizades surgirem de lugares inesperados. Nos bastidores, é comum vê-los se apoiando e trocando energia. O ambiente fez Ana Paula (30) se sentir em paz. 

“Já deu saudade, mas ao mesmo tempo me sinto em casa. Aqui é o meu lar, tenho uma família e não quero me separar deles. 
Com o tempo as coisas ficaram melhores do que no início”, celebra. 

Já Helena aproveita o exercício de viver o coletivo. “Sou muito controladora, em casa tudo passa por mim, eu que decido, sei o que vou comer e vestir com antecedência. Aqui não sei o que esperar nem do dia seguinte. Isso tem me ensinado muito. E também pensar em todos, não atrasar, não dar trabalho à produção.” 

No fim, o que todos têm em comum, além da paixão pela gastronomia, é a confiança de independente do resultado no jogo, ter para quem voltar. Disso Marcio (52), sabe bem: “O amor da minha vida [seu marido, Lourenço] está em casa me esperando. Quero muito ganhar, mas isso não me determina. Não tenho medo da eliminação porque pensar em sair do MasterChef vem com o acalanto dos braços dele.” Alguma dúvida de que a competição está recheada de amor?

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