Se você já esteve atrasado para um voo, sabe bem como tempo passa voando até chegar na sala de embarque. Por outro lado, se já pediu uma pizza sexta à noite, quando estava com muita fome, lembra como o relógio ficou arrastado até finalmente a comida chegar na sua casa. Dependendo das nossas emoções, o tempo retrai ou expande. E os participantes do MasterChef sentem bem o gostinho dessa sensação. Por mais que o relógio esteja ali na cozinha durante toda a prova e Ana Paula Padrão faça sua tradicional contagem desde 2014, quando o primeiro episódio do programa foi ao ar, alguns cozinheiros simplesmente não conseguem administrar o tempo.
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Prova disso é que o talent show coleciona alguns episódios em que os competidores foram eliminados por não cumprirem a tarefa. “É como se, de alguma forma, dos 10 minutos aos 10 segundos finais só tivesse passado 1 minuto”, explica Tatiana, que não conseguiu servir sua sobremesa no MasterChef Profissionais, na temporada 3. “Não é soberba, mas acho que o que me eliminou foi o tempo”, explica Keff, que também não finalizou os três pratos em sua participação na temporada 2020.
E isso não acontece só em situações pontuais, mas durante toda a vida. Você já deve ter ouvido por aí que os anos parecem passar mais rápido a medida que envelhecemos, certo? Um artigo publicado pelos pesquisadores Sylvie Droit-Volet e John Wearden no jornal científico The Quarterly Journal of Experimental Psychology aponta que, diferentemente do que se imagina, a experiência de passagem do tempo não tem a ver com idade, mas com nosso estado emocional.
O psicanalista Ronaldo Coelho, mestre em Psicologia Institucional pela Universidade de São Paulo (USP), explica que o tempo não é o que vemos ali nos ponteiros, mas sim uma construção da nossa mente. “Essa noção de tempo depende de uma faculdade mental que nos posiciona frente a uma sequência de acontecimentos e sua velocidade. Ou seja, o tempo será sempre mais curto se tivermos muitas coisas a serem feitas naquele período ou se estamos felizes. Do mesmo modo, quando não vemos a hora que ele acabe, em momentos de tédio, por exemplo, é quando ele mais demora a passar”, aponta.
Quando precisamos executar uma atividade muito aguardada sob pressão, seja uma aula, uma apresentação ou uma prova no MasterChef, é natural que o tempo “voe”. A ciência explica que, nesse momento, ocorre a ansiedade ativa, quando o organismo entra em estado de alerta e libera adrenalina e cortisol. Além disso, a pressão sanguínea, o nível de açúcar no sangue e a dopamina, neurotransmissor estimulante, aumentam, o que causa essa sensação de corrida contra o relógio. “A concentração dispendida na tarefa também contribui para que o tempo passe mais rápido, por desligamos outros marcadores temporais para focar nossa atenção na melhor execução possível”, explica o especialista.
Essa sensação é maior quando se trata de uma experiência nova. Isso porque, para quem é chef profissional e serve diariamente clientes em um restaurante lotado, por exemplo, a prática e a execução da tarefa se tornam o marcador temporal. “A pessoa interioriza o quanto de ações cabem naquele período de tempo, na velocidade que ela consegue fazer, e passa a se organizar em melhor sintonia com o relógio”.
Então, quando participantes dizem que o relógio do MasterChef e a contagem de Ana Paula Padrão parecem passar mais rápido que o normal, acredite, eles falam sério.