Do cancelamento à superação: Por onde anda Fernando, “vilão” do MasterChef?

Ex-participante do programa da Band lembra rejeição que sofreu e revela como reconstruiu imagem quatro anos depois. Hoje, ele vive em Campinas, no interior de São Paulo, e atua como consultor gastronômico.

Felipe Pinheiro

Fernando Kawasaki superou a fama de mau em MasterChef - A Revanche. Reprodução/Instagram
Fernando Kawasaki superou a fama de mau em MasterChef - A Revanche.
Reprodução/Instagram

Fernando Kawasaki ficou conhecido ao entrar no MasterChef pela primeira vez em 2015. A fama de vilão trouxe consequências dolorosas para o chef, que largou o emprego de publicitário a fim de mudar de carreira. Ele, que atuava como gerente de projetos digitais na Universal Music, entrou no programa de culinária para tentar a sorte e entrou de cabeça na competição, mas viu as portas se fecharem após ser cancelado nas redes sociais.

“Eu fui muito preparado tecnicamente e esqueci completamente de me preparar psicologicamente. Eu era o cara que queria ganhar a qualquer custo. A ideia não é focar só no ganhar, mas tentar ter um jogo que te faça ser querido ali dentro. Eu era tipo o japonês do mal dos filmes dos filmes do Van Damme. Eu estava com a faca na boca”, lembra ele em entrevista ao Band.com.br.  

Fernando era duro na queda e extremamente competitivo. Ele explica que, naquela ocasião, precisou ser assim, mas reconhece que errou ao pensar somente nele: “Joguei o meu salário, o meu cargo e a minha faculdade na balança para tentar essa chance. Era o meu nível de desespero. E eu me tornei um competidor com a faca na boca”.  

Não foi legal para a minha imagem, mas, da mesma forma, eu não poderia ter uma entrega diferente daquela. Era muita coisa em jogo. Precisei dar a vida naquele programa.  


 

 

“Entrei numa bad muito forte”


O que aconteceu com Fernando é que, por causa da personalidade difícil mostrada no jogo, ele teve a imagem arranhada e enfrentou dificuldades até mesmo para conseguir emprego. Nenhuma marca, por exemplo, queria se associar a ele.

“As marcas não queriam parceria comigo. Eu não fazia nada [de trabalho] nas redes sociais. Era um ódio falando da minha família… dei uma sumida. Ninguém queria um cara bravo como representante de marca ou um cara que nunca ganhou uma prova em equipe para trabalhar em um restaurante. Entrei em uma bad muito forte”, diz.  

O ódio nas redes sociais era tanto que Fernando sofria ao ver a família ter de lidar com aquilo. “Eu tinha dó da minha mãe porque ela ficava em choque ao ler os comentários do pessoal me xingando. A minha válvula de escape foi me afundar na cozinha”, se recorda.

A redenção de Fernando Kawasaki


Nessa época, apesar das dificuldades, o ex-participante do MasterChef conseguiu emprego como cozinheiro de restaurante. Mas tudo começou realmente a melhorar quando Fernando entrou no MasterChef - A Revanche, uma temporada especial do programa com quem passou pela cozinha mais famosa do país.

Kawasaki diz foi somente após a segunda participação no programa é que conseguiu reverter a imagem negativa. “Baixei a bola, ouvi mais os chefs e a galera da equipe. Acho que essa experiência me tornou um ser humano melhor. Talvez eu fosse esse cara competitivo na vida e não sabia”, afirma.  

Entrei mais maduro e com mais experiência na cozinha. MasterChef -  A Revanche foi a minha redenção. Quando saí do programa, as pessoas começaram a me querer em eventos e a me colocar em ações com marcas. Eu até me emociono porque foram quatro anos muito difíceis.  


Fernando terminou em terceiro lugar em seu retorno ao MasterChef. Com o carinho do público e o respeito na área da culinária, ele passou a se associar a marcas para ações de publicidade no Instagram e atualmente ganha a vida como consultor gastronômico. A imagem de Fernando foi reconstruída e se tornou o seu bem mais valioso.

“Antes, o que eu mais ouvia era, japonês filho da p****, mas cozinha para ca*****. Eu queria só o “cozinha para ca*****”, e não o japonês filho da…”, diverte-se. O consultor gastronômico se mudou para Campinas, onde vive com a noiva – a quem agradece por ter enfrentado os momentos mais delicados pelos quais passou.  

“Ela tinha que ter uma escada direto para o céu porque aguentou quatro anos de sufoco do pessoal me xingando. Ela me deu suporte e foi a pessoa que soube lidar com o meu estado mental naquela época. Foi muito bacana”, declara.  

A frase de Jacquin que abalou Fernando


No discurso de sua primeira eliminação, Eric Jacquin falou sobre deixar o ego de lado e a diferença entre ser chef e cozinheiro. Para Fernando, a mensagem teve um efeito construtivo em sua vida.  

“Não era nem questão de ego, mas de orgulho. Como treinei muito, eu achava que estava certo. Naquela hora, eu estava completamente desarmado e me pegou em um momento de grande emoção. Orgulho é algo que você não pode ter na cozinha – nem em outro lugar”.

Um momento inesquecível da primeira temporada que participou também foi com o chef francês: “Uma frase do Jacquin que me impactou de uma forma negativa foi durante uma prova e ele falou que eu parecia um ator e não um cozinheiro. Aquilo me abalou muito. Eu não queria parecer um cozinheiro, mas ser um cozinheiro”. 

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