Mesmo encarregadas de cozinhar nos lares na maioria das vezes, mulheres encontram obstáculos na hora de ingressar e permanecer na gastronomia — uma área majoritariamente masculina. De acordo com um levantamento do site Chef's Pencil, apenas 6% dos restaurantes com estrela Michelin no mundo são comandados por mulheres.  

É nesse cenário que Helena Rizzo, chef do Maní, ocupa o posto de ser a única mulher à frente de um restaurante com estrela Michelin no país. Apesar de o contexto parecer desanimador, a jurada do MasterChef Brasil descreve que a situação na cozinha profissional mudou nos últimos anos.  

"Quando eu comecei, o cenário era pior, mais machista e desigual", relembra em entrevista ao Band.com.br. "Havia mais assédio também. Acho que desde o movimento 'Me Too' as coisas começaram a mudar um pouco: as mulheres estão mais atentas e não têm mais vergonha porque entenderam que a culpa é de quem comete o assédio, e não da vítima." 

Mesmo com mais chefs mulheres em destaque na mídia, Helena analisa que o Brasil sempre teve muitas mulheres incríveis na gastronomia. Ela cita Mara Salles, de quem é muito fã. "Nem todas tiveram ou têm a projeção merecida", comenta a chef. 

"Acredito que isso está melhorando e cabe a cada um de nós fazer esse exercício de reparar, sabe? [...] Precisamos ficar atentos ao que as mulheres estão fazendo pela gastronomia nacional. E nunca podemos esquecer o tanto de mulher aguerrida que sustenta com seu trabalho muitas cozinhas profissionais Brasil afora." 

Após tantas conquistas, Helena é uma inspiração para muitas mulheres, tanto dentro quanto fora da gastronomia. E a chef encara essa responsabilidade de forma tranquila. "Sinto que tenho obrigação de fazer o melhor trabalho possível como profissional, além de reconhecer e ajudar a dar visibilidade a outras cozinheiras que, como eu, querem ser reconhecidas pela sua competência, capacidade e força de trabalho", conclui a jurada.