“Ainda é difícil respeitar e aplaudir uma mulher livre”, diz Ana Paula Padrão

A apresentadora e jornalista reflete sobre o significado do Dia Internacional da Mulher, e fala sobre lutas e conquistas; leia a entrevista

Amanda Caroline

A apresentadora do MasterChef Brasil reflete sobre o Dia da Mulher
Carlos Reinis/Band

Ana Paula Padrão, do MasterChef Brasil, tem voz e presença ativa no movimento feminista – ela tem muito a dizer sobre a luta das mulheres por direitos políticos, econômicos e sociais todos os dias. Mas, hoje, 8 de março, a jornalista e apresentadora faz questão de reforçar o quanto a sociedade (ainda!) precisa avançar em relação à desigualdade de gênero.

Em entrevista ao Band.com.br, Ana Paula reflete sobre o Dia Internacional da Mulher e chama atenção para questões fundamentais que precisamos combater no dia a dia. “Esta é uma data para jogar luz sobre tragédias históricas no âmbito das diferenças de gênero – e são muitas. Meninas fora da escola, mutilação feminina, inequidade salarial, violência doméstica, casamento infantil e preconceitos de gênero de maneira geral”, completa.

“Sempre temos mais a nos preocupar do que a comemorar”

A apresentadora, que acompanha de perto a realidade brasileira, faz um balanço sobre as conquistas das mulheres nos últimos anos e destaca a presença feminina em cargos de liderança. “Vejo mais mulheres em postos de comando nas empresas, por exemplo. Embora em números percentuais o aumento de mulheres presidentes e vice-presidentes de empresas ainda seja pequena, em números absolutos elas já formam um grupo grande”, afirma.

Foto: Carlos Reinis/Band

“Avançamos na discussão das diferenças salariais entre homens e mulheres nos mesmos cargos. No entanto, a violência doméstica no Brasil, os números de feminicídios e ataques à pessoas LGBTQIA+ aumentaram muito”, acrescenta.

As mulheres estão ainda mais vulneráveis na pandemia da covid-19 e Ana Paula traz o tema à tona – afinal, é preciso agir para mudar o cenário de desemprego, violência doméstica e evasão escolar. 

“Na pandemia, vê-se um contingente imenso de mulheres deixando seus empregos por não conseguir conciliar trabalho e vida doméstica. Milhões de crianças saíram da escola nesses últimos dois anos, notadamente meninas, e não voltaram. Sempre temos mais a nos preocupar do que a comemorar, mas falar abertamente desses problemas já é um começo”, diz a apresentadora.

“Ainda é difícil respeitar e aplaudir uma mulher livre”

Em 2021, Ana Paula Padrão saiu em defesa da cantora Gretchen. A artista, que participou da oitava temporada do MasterChef Brasil, é alvo de ataques por sua aparência e estilo de vida, e a apresentadora se posicionou contra o machismo que, infelizmente, existe na vida real e nas redes sociais. Ela relembra o episódio e garante: “ainda é difícil respeitar e aplaudir uma mulher livre”.

Foto: Carlos Reinis/Band

“Gretchen sempre sofreu um alto grau de preconceito pelas escolhas que fez ao longo da vida. Acho que ainda é difícil respeitar e aplaudir uma mulher livre, que decide o que quer e banca essas decisões. É sempre mais fácil ter empatia com a vítima – ou com aquela que se vitimiza. Gretchen nunca fez isso e mostra, desde sempre, que amor próprio é grande parte da equação que faz qualquer indivíduo encontrar felicidade. Espero que as próximas gerações sejam mais generosas com mulheres fortes, decididas e vencedoras como ela”, declara.

“São elas que vão mudar as relações de poder dentro das cozinhas”

Dos oito campeões do MasterChef Brasil, seis são mulheres, e Ana Paula Padrão celebra as vitórias de Elisa, Izabel, Michele, Maria Antonia, Ana Paula e Isabella. Para a apresentadora, elas fazem a diferença na gastronomia.

“A cozinha profissional, me dizem os chefs de cozinha, é um ambiente bastante machista, e o fato de mulheres conquistarem títulos importantes faz com que avance o respeito a elas na carreira de cozinheiro profissional. São elas que vão mudar as relações de poder dentro das cozinhas”, opina.

Ela, que está no comando do talent show desde o início, em 2014, também comemora a oportunidade de trabalhar com mulheres talentosas como Marisa Mestiço, diretora da atração, e a chef e jurada Helena Rizzo.

“Marisa é uma das profissionais mais competentes e sensíveis com quem já trabalhei. Ela consegue enxergar um candidato a fundo mesmo antes que o programa comece e isso é um dom precioso para quem conduz um talent show. A Helena foi uma linda surpresa na minha vida. Que mulher centrada e sem ego! Isso é raro de encontrar quando se chega a um lugar de tamanho destaque como o dela na gastronomia mundial. Tenho sorte de trabalhar com ambas”, finaliza.

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