Godard teve filme proibido no Brasil e é citado em músicas do Paralamas e Legião

Diretor de 'Je Vous Salue, Marie', censurado em 1986, morreu aos 91 anos. Ele é citado em 'Selvagem' e 'Eduardo e Mônica'

Paulo Guilherme

O cineasta francês Jean-Luc Godard, que morreu nesta terça-feira (13) aos 91 anos, teve a fama expandida no Brasil depois que o filme “Je Vous Salue Marie” (Ave, Maria), de 1985, foi censurado no país pelo presidente na época, José Sarney. O governante atendia a um pedido da Igreja Católica que considerava o filme sobre uma versão moderna da história da Virgem Maria uma ofensa à fé cristão.

O filme trazia cenas de sexo e colocava Maria no papel de uma frentista e José como um taxista. A obra foi liberada dois três anos depois e, quando chegou às salas de cinema do país, foi um fracasso de público.

A censura já tinha acabado no Brasil, mas a decisão de Sarney repercutiu muito como uma afronta à liberdade de expressão. O compositor Herbert Vianna, da banda de rock Paralamas do Sucesso usou a proibição da exibição de “Je Vous Salue, Marie” como inspiração de um verso da música “Selvagem”, do álbum de mesmo nome, lançado em 1987.

Jean-Luc Godard (ao centro) teve filme censurado e foi citado por Paralamas e Legião (Foto: Divulgação)
"O governo apresenta suas armas
Discurso reticente, novidade inconsistente
E a liberdade cai por terra
Aos pés de um filme de Godard"

Jean-Luc Godard foi um ícone do cinema e um dos principais idealizadores do movimento artístico Nouvelle Vague, entre o final da década de 1950 e início dos anos de 1960. O movimento tinha como algumas das características o plano sequência e diálogos improvisados, o que influenciou na estética do cinema mundial. 

Seu talento como cineasta inspirou o compositor Renato Russo a fazer uma citação de Godard na música “Eduardo e Mônica”.

Eduardo e Mônica trocaram telefone
Depois telefonaram e decidiram se encontrar
O Eduardo sugeriu uma lanchonete
Mas a Mônica queria ver um filme do Godard

O presidente francês, Emmanuel Macron, se pronunciou sobre a morte do cineasta. “Estamos perdendo um tesouro nacional, um olhar de gênio”, comentou ele em uma rede social. 

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