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Gardênia Cavalcanti, da Band Rio, após mortes de mãe e irmão: "Como tive força?"

Apresentadora do "Vem Com a Gente", da Band Rio, Gardênia Cavalcanti fala sobre novo momento da carreira e relembra momentos difíceis

Guilherme Machado

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Reprodução/Instagram

Não é fácil estrear um programa em plena pandemia, mas Gardênia Cavalcanti encarou o desafio ao comandar o “Vem Com a Gente”, na Band Rio. Quando surgiu, o projeto era gravado e tinha o objetivo de trazer mais leveza às tardes brasileiras. Essa missão permanece hoje, mas agora em formato ao vivo, o que deu mais dinamismo à atração. Para a apresentadora, essa é uma mudança que trouxe desafios, mas também muita alegria.

“Eu amo o que eu faço, acho que isso contribui demais para o meu crescimento. Eu já tinha apresentado um programa ao vivo em uma afiliada da Band. Quando comecei no Rio era gravado e adoro o ao vivo. Eu sinto a energia, sei que naquele exato momento e as pessoas estão ouvindo. Naquele momento a troca de energia realmente acontece”, diz ela em entrevista ao Band.com.br

Gardênia hoje está em um espaço de muita descontração, mas isso também foi construído ao longo de uma trajetória com momentos difíceis. Quando ainda era adolescente, ela precisou lidar com a morte dos pais e do irmão caçula, que aconteceram em um curto intervalo de tempo.

“Eu perdi meus pais na fase mais importante da vida. Eu perdi meu pai quando estava saindo da infância para adolescência, minha mãe perdi dois anos e pouco depois. Perdi meu irmão antes da minha mãe. Foi uma tragédia familiar", descreve.

A mãe de Gardênia morreu quando estava prestes a fazer 31 anos, sendo que teve os quatro filhos quando ainda era jovem. O filho mais novo dela morreu poucos meses antes e toda a situação fez com que a apresentadora tivesse que amadurecer muito rápido.

“Quando ele faleceu, a minha mãe já estava muito doente. Lembro muito daquele dia, me preocupei com a forma que daria a notícia para a minha mãe. Ela estava com um problema cardíaco muito sério. Eu resolvi tudo, minha avó estava muito abalada, minhas irmãs eram mais novas. Resolvi, aos 16 anos, funeral, qual caixão comprar. Não deixei ninguém arrumá-lo, fui eu que arrumei meu irmão. Fui eu que coloquei ele o caixão”, relata ela, emocionada.

Eu prometi para a minha mãe, quando ela estava se despedindo, que eu ia iria cuidar das meninas. E eu fiz isso. Desde muito cedo me cobro muito. Comecei a me cobrar a ter condições de recuperar aquilo que perdi quando eles foram embora e a cuidar delas.

A comunicadora contou com a ajuda da avó para criar suas duas irmãs. Por mais dolorosos que tenham sido esses tempos, hoje ela reconhece que eles lhe deram uma couraça e ajudaram a moldar a pessoa na qual se tornou.

“Meu irmão faleceu em agosto e minha mãe faleceu em dezembro. Eu falo: ‘Como tive forças para retomar tudo?’. Hoje, analisando tudo, eu penso que só pode ter sido Deus, a fé que sempre tive. Minha mãe era uma mulher de muita fé", frisa.

Mudança radical

A apresentadora então foi à luta em busca de seu espaço e acabou atingindo destaque, mas em um meio completamente diferente daquele no qual atua hoje. Ela iniciou uma carreira na indústria de cosméticos, trabalhando em grandes multinacionais em cargos que foram desde vendedora até gestora. Foi neste universo que ela teve seu primeiro contato com a comunicação.

“Eu tinha na minha mão não só a gestão comercial, mas também algumas ações de marketing. Comecei a patrocinar alguns programas locais. Até que um dia uma demonstradora minha não foi muito bem em uma ação que ela fazia e o apresentador, que já me conhecia, falou: ‘Por que você não entra hoje no ar? Faz você’. Eu fui e falei, mas não era a minha área. Foi muito legal a ação", relembra.

Mais tarde, isso renderia frutos que ela não podia imaginar.

“O tempo foi passando, montei uma loja para a minha irmã do meio. Nessa história, comecei a comprar umas peças de um estilista amigo meu para ela vender e ele estava sócio de um cara que era dono de uma rádio muito conhecida no Nordeste. Ficamos amigos. Um belo dia, eu já começando a me desligar dessa área de executiva e recebo uma ligação dele [o dono da rádio]. ‘Montei uma emissora de televisão local e queremos estrear um programa para mulher e pensei em você para apresentar o programa’. Topei o desafio e me apaixonei”, enfatizou.

O programa não durou muito, mas a paixão não a abandonou mais. Nascida em Alagoas, a apresentadora morava na Bahia e recebeu uma nova oportunidade, de comandar uma tração na afiliada da Band em Pernambuco. Lá ela ficou até 2011, quando se mudou para o Rio de Janeiro.

Novos ares

Quando foi morar no Rio ao lado do marido, Marcos Rezende, e do filho, Miguel, ela até ficou um tempo na ponte-aérea entre a capital fluminense e Pernambuco para seguir à frente de seu programa, mas resolveu focar mais na família e deu uma pausa na carreira.

“No primeiro ano foi difícil. Sempre fui uma mulher muito ativa, trabalho desde muito nova. Quando tomei a decisão de mudar par ao Rio eu sabia que eu ia ter que escolher. Fiquei alguns meses ainda na ponte-aérea. Meu programa era diário e quando me mudei para o Rio ele virou semanal. Depois cheguei e falei: ‘Estou cansada’. Foi quando eu parei”, explica.

Mas a comunicação, ao que tudo indica, não quis largá-la tão fácil, e mais tarde ela acabou indo para a Band Rio, onde apresentou os programas “Espelho Meu”, “Band Mulher” e atualmente o “Vem Com a Gente”.

O programa que comanda hoje foca muito em debater temas como saúde mental e abre sempre espaço para artistas, o que para Gardênia é essencial, tendo em vista a importância de levar cultura para as casas dos brasileiros.

“A gente sabe que hoje a TV tem que ser mais despojada. Hoje a gente tem esse espaço. Mas querendo ou não é uma cobrança diária que tenho para fazer cada vez melhor para o meu público. Com isso, óbvio que aprendo cada vez mais. Se a cada dia que eu estiver ali ao vivo eu tocar o coração de uma pessoa com alguma fala minha, acho que já estou fazendo uma grande diferença na vida dessas pessoas", ressalta ela.

Agora, Gardênia conta que pretende experimentar um pouco com novos quadros para o programa, além de ter planos de lançar um podcast e uma linha de cosméticos. Ela, que também retornou à Sapucaí neste ano como musa da Grande Rio, percebe em si uma força que lhe dá cada vez mais vontade de procurar novos sonhos.

Quebrei a cara várias vezes. Mas fui lá, lutei, arrisquei, para conseguir meu espaço. A gente só consegue mudar nossa vida com luta mesmo. O sucesso é consequência do que você faz na sua vida. Tive que saber dizer não, tive que saber me colocar. Até porque assumi uma área em que só havia homens trabalhando. A gente já nasceu poderosa demais. Se eu tivesse consciência de quanto a Gardênia era poderosa lá atrás, eu teria evitado muitas coisas na minha vida. Eu já nasci poderosa, mas a gente aprende com essa sociedade.

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