“Meu sonho é escrever um livro: os bastidores do estúdio. A história da Band é também a minha história”. Memórias é o que não faltam para serem contadas no livro de Joaquim de Oliveira, que há 34 anos bate ponto na TV Bandeirantes. Conhecido nos corredores da emissora no Morumbi apenas como Kim, o contrarregra do interior de Minas Gerais realizou o sonho de trabalhar na televisão e testemunhou grandes momentos da Band que se confundem com a sua trajetória pessoal.
Usando o já surrado boné com o logo da Rádio Bandeirantes, Kim mostrou o baú onde são guardados itens do acervo da TV e que para ele possuem valor inestimável. Em um bate-papo com a reportagem do Band.com.br na sede da emissora, o funcionário de 64 fez uma viagem ao passado e relembrou o primeiro dia em que chegou ao canal.
“Ouço O Pulo do Gato, na Rádio Bandeirantes, todos os dias. Vim para São Paulo em 1983 e uma vez o Zé Paulo anunciou que a Band estava contratando com ou sem experiência. Fiz a minha ficha e fui aprovado. Senti no primeiro dia que era como se eu estivesse no paraíso! Era um sonho mesmo”, afirmou.
Ao longo de mais de três décadas, o contrarregra trabalhou de perto com grandes nomes da nossa televisão. O primeiro programa que ele fez foi um infantil comandado por Ticiane Pinheiro, que marcou a estreia da apresentadora na TV. De lá para cá, foram atrações de perder a conta, incluindo jornais, esportivos e debates eleitorais.
Entre tantas estrelas, ele destaca algumas com quem teve o prazer de estar no dia a dia nos estúdios. “Trabalhei com Bolinha, Zé do Caixão, Otaviano Costa, Silvia Poppovic, Márcia Goldschmidt, Leão Lobo, Ofélia. Trabalhei três anos com Luciano Huck no H, conheci Tiazinha e Feiticeira. O primeiro filho do Huck tem o meu nome”, diz orgulhoso
A caminhada de Kim pela Band não é feita apenas de momentos felizes. Seja como fã ou colega de trabalho, ele sofreu com as partidas de talentos que foram figuras importantes da história da TV.
“Conheci pessoalmente o João Jorge Saad [fundador da Bandeirantes]. Ele faleceu aos 80 anos em 10 de outubro de 1999. Fiquei triste. Fui ao enterro dele. Ele cumprimentava os funcionários e estava sempre presente. Tinham as festas dele no mês de junho. Também teve a queda do helicóptero do Boechat. Ficamos muito tristes. Ele conversava com todos os funcionários antes do jornal entrar no ar. Era muito inteligente e tinha uma memória muito boa”, lembra.
Nos bastidores, Kim gosta de estar perto de estrelas da casa como Renata Fan e José Luiz Datena. Com uma risada, ele define a relação com o apresentador do Brasil Urgente como de amizade.
“Datena é meu amigo e gosta de mim. Ele me zoa, ele perguntou uma vez quantos anos eu tenho. Falei 64. Ele disse que isso é o tanto que ele me conhece, que já devo ter 100 anos”, diverte-se. É também na emissora onde ele conheceu o jogador Neymar e onde pode conversar sobre futebol com Denilson e Renata Fan.
“O meu maior tesouro”
Kim não é apenas funcionário da Band. A paixão pela emissora só cresceu com o tempo e as paredes de seu quarto revelam o apego dele com a história, com as fichas de vários programas servindo de decoração.
“Meu quarto é decorado com todas as fichas dos programas. Toda estreia de programa, a primeira ficha era minha. São recordações que levei para casa. É meu maior tesouro”, conta.
A casa de Kim, aliás, foi pintada inteira de azul após um encontro que também aconteceu na Band. “Tudo o que eu tenho foi através do meu trabalho na Band. Uma vez, Aparecida Liberato fez a minha numerologia aqui na Band e mandou eu pintar minha casa de azul. Eu fiz isso e deu tudo certo!”, disse.