Fúlvio Stefanini já tem mais de 60 anos de carreira, mas ressalta que, com 83 anos de idade, é difícil encontrar bons papéis. Por isso, assim que o ator leu pela primeira vez o texto da peça “O Pai”, ele não teve dúvidas: precisava viver o personagem protagonista de qualquer maneira. Isso foi em 2016, muito antes do texto de Florian Zeller se tornar um filme que daria a seu ator principal, Anthony Hopkins, o Oscar de melhor ator. Hoje, o ator brasileiro volta com o espetáculo – que havia tido uma pausa durante a pandemia.
“O filme é diferente da peça. Acho que a peça tem um apelo maior porque foi escrita para teatro. O filme é bem feito, mas acho que o texto fica mais denso, intenso, no palco”, destacou o intérprete em entrevista ao programa Antenados, comandado por Danilo Gobatto na Rádio Bandeirantes.
Inclusive, a peça é dirigida por Léo Stefanini, filho do ator, que diz que o público muitas vezes diz que prefere a peça do que o longa. “Muita gente que vê a peça que vê a peça e já viu o filme fala que a peça é muito mais louca, contundente”, relata ele.
“O Pai” conta a história de um senhor de 80 anos que está lutando contra o Alzheimer e já tem dificuldades em discernir o que é real e o que é produto de sua cabeça. O conflito se agrava quando a filha dele, que cuida do pai, começa a ser pressionada pelo marido a se mudar para Londres com ele. Com isso, a relação entre pai e filha fica abalada e as fronteiras do passado e presente começam a se misturar. O cenário da peça ajuda a contar essa história e também vai se transformando conforme o personagem se perde em seus pensamentos.
“É um momento muito bom e curioso. hoje em dia com tantas redes sociais, internet, tecnologia, parece que as pessoas têm vontade de ver algo mais artesanal. É o que estamos fazendo. Aquela interação com o público é um momento único com o público, acho fantástico”, opina Fúlvio.
A peça já foi montada em diversos locais do mundo, incluindo a Broadway. Porém, os artistas dizem que cada montagem é único. Tanto, que eles assistiram à versão argentina da história e frisaram que a deles é totalmente diferente. “Você pega o mesmo texto e pode fazer de muitas formas diferentes”, explica Léo.
“Nós fizemos um espetáculo muito realista, que bate na plateia de forma muito violenta. Tem muito humor e comove ao mesmo tempo. O espetáculo é muito realista e é como as pessoas são. O humor no espetáculo é real, as pessoas se identificam e acabam rindo”, contou Fúlvio.
E por mais forte que seja a parceira entre pai e e filho, eles confessam que, no começo, chegaram a discutir.
“Na véspera da estreai quebramos um pau. Ali foi pai e filho brigando mesmo e o motivo era idiota, era o volume da última trilha sonora da peça. Ele queria mais alto e eu queria mais baixo”, relembrou Léo.