Depois que Fernanda Torres ganhou prêmio de melhor atriz no Globo de Ouro, é natural imaginar quais são as chances delas vencer também no Oscar. Mas a atriz não seguiu essa linha. Nesta segunda-feira (6), em entrevista à Globonews, ela evitou falar sobre as chances de vencer a maior premiação americana de cinema.

"A pessoa escala um K2 (segunda montanha mais alta do mundo) para chegar nesse prêmio. O Walter Salles é um estrategista fino. A gente está indo sessão por sessão. Fomos para Europa, voltamos para cá (Estados Unidos). A gente sobe um pico desses e, quando chega, na hora de descer, falam 'agora tem o Everest'. Não. Hoje estou satisfeita com meu Globo de Ouro. Estou feliz com o que Deus me deu. Não me chateiem", iniciou Fernanda Torres.

Depois ela até comentou sobre as chances de uma indicação para "Ainda Estou Aqui" na categoria de melhor filme estrangeiro: "Acho que o filme vai estar como filme estrangeiro, grandes chances. E vou estar lá com o Walter Salles. Acho difícil eu estar entre as cinco. Já deu, estou feliz, obrigado".

Fernanda também comentou sobre as comemorações dos brasileiros após o prêmio dela: "O prêmio é meio Mega-Sena acumulada, porque teve a onda da minha mãe. As pessoas tinham um negócio da revanche e da injustiça. E aí, saiu agora. É o meu momento jogador de futebol, vou aproveitar."

A mãe de Fernanda Torres, Fernanda Montenegro, foi indicada ao Globo de Ouro de 1998, por "Central do Brasil", mas não ganhou. O filme, porém, foi vencedor como melhor obra em língua estrangeira.

Bastidores do Globo de Ouro

Fernanda Torres comentou que foi muito bem tratada por diversas atrizes que concorriam com ela, como Nicole Kidman, Kate Winslet e Tilda Swinton.

“Elas ficaram felizes. Elas ficaram agradecidas, porque é um tipo de filme que elas querem fazer, papéis que elas têm interesse em fazer”, explicou.

A atriz disse que já tem mais intimidade com Tilda, que vibrou muito com o prêmio dela, e tinha conhecido Nicole melhor na noite anterior: “Nicole foi um amor na noite anterior. Teve uma festa. Ela me catou e saiu pela festa comigo, super bonita e falou ‘um filme de história com a mãe, minha filha está fazendo cinema’. Ela quer dirigir. Aqui tem festas que a gente vai conhecendo”.

Fernanda também elogiou Demi Moore, que deve concorrer com ela no Oscar: “Ela foi maravilhosa comigo. Ela me escreveu uma mensagem de tarde que só vi à noite. E falei pra ela que foi dela o discurso mais bonito da noite”.

Filme e política

Além dos prêmios, Fernanda disse que o filme “Ainda Estou Aqui” tem algo mais valioso: “A coisa mais legal que esse filme fez foi levar as pessoas pro cinema e apresentar a ditadura para jovens que não tinham ideia. O filme fez isso com elegância, sem estridência, como a Eunice nos ensinou. E mais do que isso, a gente passou um período com artistas sendo tratado como corruptos e depravados, como se cultura fosse horrível. Com este filme eu posso ver o quanto ele fez o brasileiro recuperar orgulho com a própria cultura, com o cinema que se faz no Brasil. Tudo isso graças ao Walter Salles, um grande brasileiro”

A atriz também afirmou que Eunice Paiva, personagem que ela interpretou no filme, tem algo a ensinar para o campo progressista: “Na primeira vez que o Trump ganhou, eu acordei em estado de choque. Agora aceitei que é o Trump e que a gente tem que aprender que existe algo mudando no mundo e tem que aprender a lidar com isso. Esse filme é sobre uma pessoa que abandonou a utopia e se reinventou na adversidade. O campo progressista, porque hoje caiu isso de esquerda e direita. A gente tem o extremismo e outro campo com pessoas que acreditam em direitos humanos. E a gente tem que aprender a dialogar e se reinventar na adversidade. Eunice é um grande guia pra isso”.