Fernanda Torres em alta e Montenegro em foco: entenda as buscas pelo elenco de Ainda Estou Aqui

O filme foi escolhido pela Academia Brasileira de Cinema como representante do país na disputa pelo Oscar 2025

Da Redação

Walter Salles, Fernanda Torres e Selton Mello, no Festival de Veneza
Louisa Gouliamaki/Reuters

“Ainda Estou Aqui”, escolhido pela Academia Brasileira de Cinema como representante do país na disputa pelo Oscar 2025, segue firme em sua jornada de sucesso nas telonas. Em cartaz nos cinemas, a trama é uma adaptação do livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva que traz Fernanda Montenegro, Fernanda Torres e Selton Melo no elenco. 

O filme acaba de ultrapassar a marca de 1,8 milhão de espectadores no Brasil e, dessa forma, supera “Central do Brasil” (1998), com 1,6 milhão, como o maior público de um filme dirigido por Walter Salles. Em comunicado à imprensa, o cineasta celebrou os resultados:

“Mais do que os números, é a volta da experiência coletiva no cinema, o fato do público se reencontrar com sua história, que merecem ser comemorados nesse momento. 'Ainda Estou Aqui' revive a memória de uma família ao longo de 40 anos e oferece um reflexo do país durante aquele período traumático", disse. 

"É um filme sobre aquilo que poderíamos ter sido, sobre aquilo que perdemos, mas também um filme sobre a vida, sobre o presente e o futuro que queremos. Obrigado a cada um dos espectadores que viu o filme nas salas”, compartilhou ele.

Contudo, não é só o filme que está fazendo sucesso entre os brasileiros, os protagonistas também ganharam muita visibilidade — sendo que Fernanda Torres, que interpreta a protagonista Eunice Paiva, importante advogada e ativista dos direitos humanos no Brasil, especialmente conhecida por sua atuação durante a ditadura militar (1964-1985), ganhou um destaque positivo da crítica internacional. 

Aos 59 anos, a atriz foi destacada pela revista "Vanity Fair" como um "ícone global", em uma edição que celebra seu impacto na indústria cinematográfica. A atriz concluiu recentemente uma turnê intensa de 25 dias por Hollywood, participando de eventos estratégicos para promover o filme e garantir espaço na corrida pelo Oscar.

Ela explica que participar de todos esses eventos é parte fundamental da campanha pelo reconhecimento da premiação. "É um trabalho de embaixada. Tapete vermelho é o lugar onde você se apresenta fora da tela, onde se cria uma imagem personificada daqueles que realizaram o filme", ela afirma.

"No caso de uma mulher, ainda tem o tal do glamour, a maquiagem, o cabelo e a roupa, que não é simples de acertar", diz. "Não pode ser muito nem pouco, não pode ser deslumbrada nem pé-rapada”, disse à Folha de São Paulo. 

Além disso, o público brasileiro está de fato engajado nas redes sociais para que Fernanda Torres seja indicada ao Oscar na categoria melhor atriz pelo filme Ainda Estou Aqui. 

No dia 18 de novembro, o perfil da Academia de Hollywood, responsável pelo Oscar, publicou uma foto de Fernanda Torres. Em dez dias, o post soma quase 3 milhões de curtidas – fazendo da brasileira a mais popular entre os demais artistas que também tiveram seus retratos divulgados pelo perfil. 

Vale lembrar que Walter Salles já levou uma artista brasileira ao Oscar, Fernanda Montenegro, mãe de Fernanda Torres e única mulher do país a ter concorrido à estatueta de melhor atriz por Central do Brasil. 

Quem é o ator mais buscado do filme Ainda Estou Aqui?

Tamanho interesse por Fernanda Torres é refletido nas buscas na internet. Conforme dados do Google Trends, desde a estreia do longa, que aconteceu em 7 de novembro, Torres é a atriz mais buscada do filme, com cerca de 59% do interesse dos brasileiros em comparação com os outros nomes. 

Contudo, curiosamente, a segunda atriz mais buscada é sua mãe, Fernanda Montenegro. Ambas interpretam o papel de Eunice em diferentes idades no filme. No entanto, a atriz aparece na produção por poucos minutos, na cena final, em uma passagem de tempo que leva a história dos anos 1970 para a década de 2010, mostrando a personagem já profundamente afetada pelo Alzheimer.

Eunice, que faleceu em 2018 aos 86 anos, viveu com a doença por cerca de 14 anos. Com essa aparição, cerca de 29% dos brasileiros passaram a buscar pelo nome da atriz — tanto para entender o papel dela no filme, quanto para descobrir a interação dela com a filha no longa. 

Fernanda Montenegro - Foto: Divulgação/ Itaú

Vale reforçar que, em 14 de novembro, isto é, depois do lançamento do filme, Fernanda Montenegro entrou para o Guiness Book, o Livro dos Recordes, aos 95 anos, após ter tido o maior público em uma leitura filosófica no mundo. 

O certificado foi concedido pela leitura de “A Cerimônia do Adeus”, de Simone de Beauvoir, para uma plateia de mais de 15 mil pessoas no Parque Ibirapuera em agosto desse ano. A conquista também pode ter refletido o aumento de buscas pelo nome da atriz. 

Selton Mello, que interpreta Rubens Paiva, é o terceiro mais buscado do filme - mas o interesse pelo nome do ator é de duas a quatro vezes menor, se comparado com mãe e filha que interpretam Eunice Paiva. 

Busca dos brasileiros pelo elenco do filme Ainda Estou Aqui - Reprodução/ Google Trends | Gráfico: Sala Digital Band e Google

Quem foi Eunice Paiva, tema do filme?

Mãe de Marcelo Rubens Paiva, Eunice Paiva foi uma importante advogada e ativista dos direitos humanos no Brasil, especialmente conhecida por sua atuação durante a ditadura militar (1964-1985). 

Maria Lucrécia Eunice Facciolla Paiva nasceu em São Paulo, em 1929, e ficou conhecida nacionalmente após o desaparecimento de seu marido, Rubens Paiva, que foi um dos casos mais emblemáticos de violação dos direitos humanos durante o regime militar. 

Ele se casaram em 1952 e tiveram cinco filhos. Ele era um ex-deputado federal e militante político, que foi preso e desapareceu nas mãos das autoridades militares.

Em 20 de janeiro de 1971, Rubens Paiva foi levado pela polícia da casa em que vivia com a família no Leblon. No dia seguinte, Eunice também foi presa e permaneceu 12 dias nas dependências do Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) sendo interrogada. 

Após sua libertação, Eunice passou a questionar o que havia ocorrido com seu marido - mas não obtinha nenhuma resposta 

Eunice Paiva, diante desse trágico evento, tornou-se uma figura central na luta por justiça e pelos direitos das vítimas da ditadura ao lado de outras mulheres, a estilista Zuleika Angel Jones, a Zuzu Angel, de Crimeia de Almeida, Inês Etienne Romeu, Cecília Coimbra, entre outras.

Ela enfrentou a repressão do governo, buscando incessantemente informações sobre o paradeiro do marido, mesmo sob ameaças e perseguições. A advogada também teve um papel importante na redemocratização do Brasil, trabalhando para garantir que as violações dos direitos humanos fossem expostas.

Foi apenas em 1996, após 25 anos de luta, que Eunice conseguiu que o Estado Brasileiro emitisse oficialmente o atestado de óbito de Rubens Paiva. A primeira prova objetiva de seu assassinato só foi encontrada 41 anos depois, em novembro de 2012, com uma ficha que confirmava sua entrada em uma unidade do DOI-Codi.

Eunice Paiva conviveu com Alzheimer por 14 anos e faleceu em 2018, aos 86 anos. Apesar disso, seu legado como defensora dos direitos humanos e sua coragem ao enfrentar o regime militar brasileiro permanecem como exemplo de luta pela justiça e pela verdade no país.

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