Pocah defende funk: "É muito difícil as pessoas aceitarem como uma arte séria"

Cantora ressalta os preconceitos que sofrem ainda hoje por cantar o gênero

Por Da redação

Pocah se apresenta no palco do Faustão Reprodução Band
Pocah se apresenta no palco do Faustão
Reprodução Band

Entre as artistas que apareceram no Na Pista do Sucesso, Pocah relembra o início de sua trajetória como cantora de funk e como até hoje sofre preconceito no meio. “Em todos esses anos de carreira é algo que eu enfrento de cara”, diz.

“A minha mãe trabalhou durante anos na casa da Vera FIscher, foi babá da Rafaela, e a Vera é muito importante na minha vida. Ela olhava pra mim com 6 anos de idade e dizia que eu tinha que ser modelo, atriz, e parecia muito distante", conta. A cantora lembra que desde muito jovem tinha a atriz como artista inspiração. 

Desde que viu que tinha vontade de entrar no universo musical, Pocah se deparou com muitos obstáculos, como a falta de dinheiro e de oportunidades. "Eu não tinha recursos, não tinha dinheiro, sou de Duque de Caxias no Rio, achava que não poderia realizar esse sonho. Mas, anos depois, o funk e a música me abraçaram e sinto que sou parte.”

Hoje Pocah é respeitada como artista, mas já sofreu na pele o preconceito de ser uma menina de apenas 16 anos cantando um gênero dominado por homens. “Quando eu era apresentada nos shows, os homens esperavam um a mulher bombada, e eu era uma menina, então eles ficavam frustrados quando me viam ali, falavam que não ia durar”. 

Ainda nova num meio muito machista, o público feminino foi quem fez a carreira da artista carioca decolar. Pocah conta que a identificação das mulheres com suas músicas foi o que  deu força para continuar no meio. “Por isso que eu canto sobre o empoderamento feminino, gosto de cantar pras mulheres”, canta a voz de “Não Sou Obrigada”, apresentada no palco do Faustão.

Além do obstáculo de ser mulher no funk, o próprio genêro ainda sofre preconceito no meio artístico. "Era difícil ser mulher no funk, que embora seja um ritmo de muito sucesso no Brasil e no mundo, ainda é muito difícil as pessoas aceitarem o funk como uma arte séria”, critica.

A cantora compara rap, funk e pagode,  genêros musicias que falam sobre a realidade das comunidades, mas de formas diferentes. As letras, em especial de raps e funks, falam sobre o que esses compositores estão vivendo e vendo dentro de suas realidades marginalizadas. 

“Muitos artistas usam sua voz e espaço para mostrar que aquilo que estamos fazendo é porque alguém tem que falar. Se não a gente, quem vai contar essa história?"

E ela ainda deixa um recado para os haters de plantão: "Se não gosta, tudo bem, é só respeitar. A pessoa tá ralando por aquilo, e o mínimo que a gente merece é respeito”.