"Paulo Gustavo ensinou que comédia é ritmo", diz Flavia Reis no Mochila do Riso

Atriz e comediante participou como jurada especial do Mochila do Riso, competição de humor do Faustão na Band

Por Bruno Costa

Flávia Reis foi jurada especial do Mochila do Riso desta terça (19) Reprodução/Band
Flávia Reis foi jurada especial do Mochila do Riso desta terça (19)
Reprodução/Band

Jurada especial do Mochila do Riso desta terça-feira (19), Flávia Reis falou em entrevista exclusiva sobre os desafios de se estabelecer como comediante criando seu próprio estilo. A atriz assistiu às apresentações da competição de humor do Faustão na Band e refletiu sobre as referências que usou como bagagem em sua carreira.

Atriz, comediante, roteirista e diretora, Flávia Reis ficou conhecida por seus personagens cômicos no teatro e na TV. Ao lado de Paulo Gustavo, que morreu em 2021 vítima da covid-19, ela afirma que se encontrou como uma atriz de humor.

"Eu comecei teatro com 14 anos, sempre fui a engraçadinha da família, mas fiz muito curso de teatro, de palhaça, estudei muito. Eu não sou só humorista, sou atriz. Paulo Gustavo que me colocou nesse lugar de comediante", disse.

Ao lado do amigo comediante Flávia fez sucesso com sua personagem Vanda da Van, com que fazia a abertura de "Minha Mãe É Uma Peça" nos teatros pelo Brasil. Com Paulo Gustavo, a humorista disse que aprendeu que o tempo na comédia é fundamental para garantir as risadas.

"Ele se apresentava todo dia com a mesma métrica, as piadas no mesmo tempo, com ritmo. Paulo Gustavo ensinou que comédia é ritmo. Quando eu abria a peça dele, e por um acaso as pessoaa não riam, ele falava que era tempo, que eu esticava demais o texto. Porque comédia é métrica, uma vez que você achou e a plateia riu, segura e vai. Tem que pegar o que funciona e ensaiar", afirmou a atriz.

Competição de humor

Em 2021, Flávia Reis foi a vencedora do reality show "LOL: Se Rir, Já Era!". A competição colocava humoristas de sucesso no Brasil numa mesma sala durante horas com a missão de fazer os colegas rirem. Quem resistisse até o fim, vencia.

A estratégia que a comediante usou para vencer os colegas foi focar nos textos das apresentações no programa, e disse que esse deve ser o foco dos participantes do Mochila do Riso. "O comediante tem que focar no que é melhor, que vai ser curto e funcionar. O humor é ritmo. Numa competição, você tem que estudar a piada, quanto tempo vai falar, e ensaiar muito".

Segundo a atriz, só com muito ensaio e repetição é que o humorista conquista uma bagagem e encontra o estilo para fazer rir. "Tem que se apresentar, tem que repetir, fazer até descobrir o estilo. Você descobre seu estilo de humor fazendo", concluiu.

Mulheres no humor

Uma discussão que surgiu no palco do Faustão na Band após a apresentação da participante Ariana Nucci sobre a crise dos 40 anos foi sobre a autodepreciação de mulheres na comédia. Segundo Flávia Reis, existem várias vertentes de humor feminino, e esbarra numa questão social.

"É desafiador para mulher fazer humor, porque a gente foi muito escada dos homens, depois fomos para o lugar de palhaça, algo mais infantil, ou mais escatológio. E nosso desafio é pensar qual o feminino no humor? O que eu quero falar como mulher no humor?", questionou a atriz.

Flávia se autoproclama como uma pesquisadora de tipos femininos de fazer rir, e que percebe um padrão no mundo todo de como as mulheres usam de vivências pessoais para desenvolver textos humorísticos.

"É interessante como é uma coisa social, não é só brasileira, é no mundo. O humor depreciativo, quando vem de outra pessoa, que diminui o outro para ser engraçado não é o que eu gosto. Não gosto do humor que detone a mulher. Eu prefiro ser ridícula, o quanto eu sou ridícula, mas como nós somos ridículos", disse a atriz.