Marcela Nunes relembra todos os dias da noite de 28 de dezembro de 1992. Ela, foi a fã que tirou a última foto ao lado de Daniella Perez em vida, momentos antes da atriz ser assassinada por Guilherme de Pádua. Na época, Marcela tinha 12 anos e pediu junto com a então enteada do pai para sair na foto com Daniella. Quase 30 anos se passaram e ela nunca esqueceu daquele encontro com quem tanto admirava. Ao saber da morte de Guilherme de Pádua, que ocorreu neste domingo (6), Marcela, hoje com 42 anos, comentou: “Tinha medo dele”.
Hoje assessora de atores mirins, Marcela falou do momento em que soube da morte do assassino e como o caso voltou à memória mais uma vez. “Eu cheguei de uma peça de teatro de atores que agencio e logo meu celular pipocou com amigos, familiares, falando que ele tinha morrido. Minha primeira impressão foi dúvida, mas quando vi que era real, não tive como lamentar, confesso que me senti um pouco aliviada, com menos medo”, diz.
Ela afirma que desde os fatos, tinha receio de represálias ou agressões por parte de Guilherme e da ex-mulher, Paula Thomaz, que também participou do assassinato da atriz, filha da autora Glória Perez. “Querendo ou não, ajudei a condená-los", diz Marcela. "Eu tinha medo de eles irem atrás de mim. Sempre fiquei com essa impressão e também não sei o que seria capaz de fazer se visse os dois”, pontua.
A assessora diz que a notícia da morte de Guilherme de Pádua, fez tudo voltar à própria mente. “Veio tudo na cabeça, como se fosse ontem, ainda mais que eu moro em frente aos estúdios Tycoon, passo por lá todos os dias”, comenta, citando os estúdios em que Daniella gravava antes de ser morta.
Por isso e pelo caso ainda ser forte na mídia, ela diz que não conseguia seguir com a vida tranquilamente. “Eu tentava esquecer, continuar a vida. Quando foram soltos, me deu um medo maior ainda", diz. “Trabalho pela zona sul, a Paula Thomaz também, eu posso estar trabalhando e esbarrar com ela”, comenta. Segundo Marcela, Paula trabalha com agenciamento de atores no Rio de Janeiro e vive pela zona sul da cidade. Além disso, a ex de Guilherme de Pádua também se formou em direito.
'Não tinha como ele viver em paz'
Marcela sente que a morte de Guilherme de Pádua não dará um fim para a história do caso que chocou o país em 1992, mas pode dar um alívio para os principais afetados pela situação, como ela, Glória Perez e o viúvo de Daniella, o ator Raul Gazolla.
“Talvez coloque uma pedra na história por ele [Guilherme] ser um protagonista na situação toda, porque ele causou tudo isso, colocar um ponto final”, analisa. Apesar disso, Marcela sente que Guilherme não conseguiria ter uma vida normal após o caso ser relembrado em um documentário lançado neste ano, que remonta detalhes do caso.
“Nunca mais iria viver normal após a série, foi muita coisa, o povo relembrou dele, ele não conseguiria viver tranquilamente por mais tempo, sabe? Agora o mundo inteiro sabia disso, ficou revoltado com ele. Não tinha como viver em paz, pensava nisso direto. Agora que aconteceu isso, sinto que até para ele foi um alívio”, avalia.
Guilherme de Pádua e Paula Thomaz foram presos pelo assassinato de Daniella Perez. Os dois foram condenados a 19 anos e seis meses de cadeia, mas foram soltos seis anos depois, em 1999, para a liberdade condicional. Nos últimos anos, Guilherme atuava como pastor na Igreja Batista da Lagoinha desde 2017 e liderava o ‘Ministério do Recomeço’, onde lidava com presidiários na região de Belo Horizonte, Minas Gerais.