Nos últimos dias, o nome da banda 'Charlie Brown Jr.' voltou às manchetes devido a disputas judiciais entre Graziela Gonçalves, viúva de Alexandre Magno Abrão, conhecido como 'Chorão', e o filho do cantor, Alexandre Lima Abrão. Duas ações distintas estão em andamento nos tribunais, revelando uma batalha pelos direitos e legado do músico.

Disputa pelos direitos

Graziela detém 45% dos direitos relacionados à imagem e produtos ligados ao cantor e à banda, enquanto Alexandre possui os 55% restantes. A longa união de Graziela e Chorão, que durou quase duas décadas, fez dela uma musa inspiradora para muitas músicas da banda. Em 2018, ela compartilhou sua história de amor com Chorão no livro "Se não eu, quem vai fazer você feliz?".

Por outro lado, Alexandre Lima Abrão, fruto de outro relacionamento do cantor, também está envolvido na controvérsia. O filho único do cantor detém os outros 55% dos direitos relacionados a imagem do pai. 

Contudo, ele é conhecido por atritos com membros proeminentes da banda, como os guitarristas Marcão Britto e Thiago Castanho. 

Em 2021, os três  - Marcão, Thiago e Alexandre - uniram esforços para planejar o retorno do Charlie Brown Jr. aos palcos. No entanto, desentendimentos surgiram, resultando na não concretização do projeto. 

Em uma declaração, os músicos chegaram a criticar publicamente Alexandre, chamando-o de "escroto, imaturo e que não honra o legado do pai".

Ações judiciais em curso

As batalhas legais iniciaram-se em 2022 e no ano anterior, respectivamente. Na primeira ação, a defesa de Graziela acusa Alexandre de fechar cerca de 20 contratos com empresas sem prestar contas à ela. Segundo os advogados, a viúva ainda não recebeu as receitas desses contratos fechados por Alexandre.

Enquanto na segunda batalha judicial, ela alega que Alexandre registrou unilateralmente a marca da banda no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), ignorando seus direitos como herdeira.

Na defesa apresentada à Justiça, Alexandre, disse que a viúva distorce os fatos, agindo de má-fé. O filho do cantor confirmou ter feito o registro da marca em seu nome e que não tinha nenhuma obrigação em incluir o nome de Graziela no requerimento junto ao INPI.

Ainda em processo, o juiz Guilherme Nunes decretou uma limitar a favor de Graziela, ordenando que Alexandre faça uma regularização da marca junto ao INPI.

Apesar da intensa disputa entre os membros da família de Chorão, a banda optou pelo silêncio oficial sobre o assunto. Nenhuma comunicação foi emitida através de suas redes sociais oficiais.

Mesmo diante dos conflitos, em entrevista ao G1, Graziela explica que deseja viver em harmonia com Alexandre. “Espero que a outra parte passe a respeitar os meus direitos e, uma vez isso ocorrendo, teremos paz para, quem sabe, no futuro, consigamos ter uma relação cordial, porque além do elo emocional, muitas coisas que envolvem a imagem e produtos do Chorão e do Charlie Brown Jr. dependem dessa harmonia", disse. 

Legado de Chorão

Alexandre Magno Abrão, mais conhecido como Chorão, líder do Charlie Brown Jr., foi encontrado sem vida em março de 2013, aos 42 anos, deixando um legado musical - sendo um dos maiores nomes do rock nacional e da música jovem nas décadas de 1990 e 2000. 

Hoje em dia, é comum encontrar referências às músicas de Chorão ou à sua figura, e esse reconhecimento vai além dos círculos de rock e skate. No mundo do futebol, por exemplo, o Santos, clube que Chorão tanto amava, lançou uma camiseta em homenagem aos 30 anos da banda, celebrados em 2022.

As plataformas digitais e redes sociais desempenham um papel fundamental em manter viva a memória de Chorão entre o público. No Spotify, por exemplo, o Charlie Brown Jr. conta com aproximadamente 7 milhões de ouvintes mensais. 

Além disso, um perfil oficial no Instagram relembra as frases e momentos marcantes do cantor para quase meio milhão de seguidores.