O que podemos aprender com o envenenamento dos cães de Cauã Reymond

Adestrador e comportamentalista fala sobre formas de evitar que os cães sejam intoxicados por meio de 'alimentos'

Mais de 40 animais residentes na região da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, deram entrada em clínicas veterinárias com sintomas de intoxicação. Alguns, como foi o caso do rottweiler Romeu, do ator global Cauã Reymond, faleceram após a ingestão de carne com chumbinho. O alimento teria sido jogado no quintal da casa de Cauã.

A cachorrinha Shakira conseguiu se recuperar e aparece, na última postagem do ator, brincando com um macaquinho de pelúcia ainda na clínica onde está sendo tratada.

O caso, além de um absurdo total, causa comoção e traz à tona algumas discussões sobre formas de se proteger os animais domésticos de tragédias como esta. A coluna Meu Amigo é o Bicho! entrevistou o adestrador, comportamentalista e professor Rapha Aleixo, que recomenda aos tutores/alunos que garantam uma proteção extra aos doguinhos, principalmente aos que moram em casas.

“O ideal é que os cães não tenham acesso a muros e portões abertos. Uma outra recomendação que eu dou para meus alunos é a instalação de câmeras no portão, além de fazer uma mudança de ambiente: ao invés desse cachorro ficar em um local mais exposto, que permaneça mais para dentro da casa”, disse Rapha.

Questionado sobre formas de se adestrar os cãezinhos para que eles não comam alimentos envenenados, o comportamentalista afirma que existe um treinamento, mas que as restrições podem trazer mais problemas aos tutores.

“Com relação a adestramento e comportamento, existe uma linha muito tênue. O que a gente pode fazer é treinar o cão a somente se alimentar caso a comida seja fornecida por uma pessoa específica em um ambiente específico. Isso é o chamado anti envenenamento. Porém, esse treinamento vai consistir em gerar uma aversão ao cão em um local de alimentação e só gerar reforço em um outro local específico e em condições específicas”.

Ele afirma que esse tipo de treino pode trazer complicações, como o cãozinho não se alimentar, por exemplo, por ocasião de uma viagem do tutor, quando ele ficar hospedado em um hotelzinho.

Além de Cauã Reymond, outros tutores que também tiveram pets contaminados levantam a hipótese de que exista no bairro algum produto tóxico para eliminar ratos e que possam ter provocado o envenenamento dos animais. Alguns humanos acreditam tratar-se de uma atitude proposital.

“Muitos cães podem ser agredidos pelo veneno durante seus passeios, que foi o que aconteceu ali na região do Rio de Janeiro e entra em uma linha de muita discussão sobre como temos de passear com nossos cães”, afirma Rapha.

Ele explica que o tutor deve sempre manter o cãozinho próximo para que eles não assumam aquela clássica posição de ‘puxar’ o tutor e ficar longe do humano. “Além disso, o cachorro não precisa estar necessariamente com o nariz farejando, forrageando, com o nariz no meio de um arbusto para sentir os cheiros. A capacidade olfativa dos cães é inúmeras vezes maior e melhor do que a nossa. Por isso é que nos passeios é importante deixar o cachorro sempre próximo a você e se certificar de que ele olhe para cima, e ande com a cabeça para frente, não para baixo”. O olhar para cima evitar que o cãozinho coma alimentos impróprios no chão.

Outra recomendação de Rapha é que o tutor permaneça sempre em alerta com relação ao local onde acontecem os passeios. “Pode não ser algo envenenado, mas a casca de alguma coisa, um pedaço de frango, um lixo que foi revirado. O cachorro pode ir lá colocar o nariz, a boca e ingerir aquilo. Pode não ser envenenado, mas ter uma perfuração de estômago, entre outras coisas”.

Que possamos aprender para proteger nossos animais e que os responsáveis sofram as devidas punições legais.

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