Desmaio é algo que pode ser incomum para algumas pessoas, mas para Thaís Meneghetti, de 23 anos, isso é frequente devido aos diagnósticos de Síndrome Vasovagal e Síndrome da Taquicardia Postural ortostática (POTS). A jovem passou a compartilhar os momentos de desmaios, quase que diários, no TIKTOK para dar visibilidade às doenças. Com exclusividade ao Band.com.br, ela contou a sua história.
Segundo ela, os primeiros sintomas começaram logo na infância, mas se intensificaram ao longo dos anos.
“A primeira vez que isso aconteceu, eu estava fazendo um exame médico de rotina na casa da minha amiga para entrar na piscina do condomínio. Eu tinha 11 anos na época, não sabia direito o que estava acontecendo, foi realmente a primeira vez que desmaiei na vida. Minha amiga estava comigo, mas ela também era outra criança, então sabíamos o que fazer”, lembra ela.
Paola Smanio, líder médica da Cardiologia do Grupo Fleury, detalha os sintomas da doença:
“As pessoas com Síndrome Vasovagal, têm sensação de desmaio ou de perda de consciência que pode ser acompanhada por enjoo, tontura, palpitação, náusea, sensação de que está vendo uma ‘bola preta’ e sudorese”, explica a Dra. Paola Smanio, líder médica da Cardiologia do Grupo Fleury.
“No Sistema Nervoso, tem o cérebro, o sistema nervoso autônomo, localizado mais aqui na região da base da coluna, o parassimpático e o simpático. O sistema nervoso parassimpático a gente popularmente também é chamado de vago e quando ele está exacerbado provoca essa reação”, explica a médica.
DESACREDITADA PELA POPULAÇÃO
Apesar do primeiro desmaio ter ocorrido com 11 anos, Thais só recebeu o diagnóstico de Síndrome Vasovagal em 2020, quando o quadro se intensificou. A influenciadora, então, passou por uma bateria de exames, mas foi o Tilt Test, conhecido como o exame da cadeira inclinada, que confirmou o resultado.
Atualmente, a jovem compartilha um pouco de sua vida e parte de sua rotina de desmaios no Tiktok e no Instagram, onde acumula mais de 700 mil seguidores. Entretanto, revela que às vezes sofre hate de pessoas que desacreditam de suas síndromes.“Eu resolvi me expor na internet e desde que comecei recebo muito julgamento, porque é uma doença invisível. Às vezes, as pessoas precisam ver algo para realmente acreditar”, disse.
“Não é algo que as pessoas estão acostumadas a ver todo dia. Eu não culpo ninguém, porque existe muita coisa fake na internet, eu recebo muito julgamento, mas sinceramente estou acostumada. O meu propósito de começar a gravar vídeo foi ajudar outras pessoas a conseguirem o diagnóstico delas mais cedo do que eu. Para que elas sejam levadas com seriedade”, continuou.
Mesmo com o laudo, Thais conta que já teve sua doença silenciada quando foi retirar o seu visto internacional. “Quando fui tirar meu visto no Consulado Americano, eu desmaiei oito vezes e ninguém me ajudou. Tive que entrar sozinha, eles não deixaram meu pai entrar comigo, eles não deixaram eu entrar com água e sal”, declarou.
“Expliquei que eu tinha uma condição e também não deixaram eu pegar fila preferencial. Então, eu tive que ficar no sol em pé, fiquei três minutos e já comecei a me sentir mal. Desmaiei a primeira vez, acordei, não tinha ninguém, então fiquei uns 25 minutos em crise, foi o dia que duvidaram que eu tinha uma doença, porque não é visível e eu acabei passando por esse preconceito”, relatou Thais.
TEM CURA?
A Cardiologista Paola Smanio ressaltou que não há cura, mas após o diagnóstico, é necessário realizar alguns tratamentos, como uma alimentação balanceada e até a realização de exercícios físicos, pois os episódios de desmaios podem ser decorrentes de situações como estresse, ansiedade, lugares cheios, entre outros.
“A gente recomenda que o paciente evite lugares aglomerados, porque é comum desencadear os desmaios. E os exercícios precisam ser feitos lentamente e que não pare de forma bruta, além da alimentação equilibrada, porque durante a digestão, o fluxo sanguíneo vai todo para o intestino para fazer a digestão. E aí é mais fácil o paciente ter perda do fluxo cerebral. Por isso, a alimentação tem que ser mais leve para não fazer aquela digestão tão pesada”, esclareceu.
“Já o estresse, é óbvio que a gente não consegue evitar por muitas vezes, mas existem técnicas de relaxamento, respiração e meditação podem ajudar. Manter-se sempre hidratado é muito importante, porque se manter hidratado faz com que o volume de sangue aumente e a volemia mesmo que a pressão caia ela impede um pouco que a pressão abaixe muito”, recomendou Paola.
Apesar da dificuldade que os pacientes podem apresentar ao realizar exercícios físicos, existem programas de Reabilitação Autonômica e fisioterapias voltadas para as síndromes.
A cardiologista também reforçou a importância de consultar um médico e realizar todos os exames possíveis para análise da doença. “É importante fazer o diagnóstico para afastar alguma enfermidade grave, porque o paciente pode ter uma doença congênita que ainda não sabe. Existem várias coisas que também podem ter um sintoma parecido, como, por exemplo, hipoglicemia. Então, é preciso afastar tudo que não é nenhuma dessas outras alterações que são mais graves”, contou.
APOIO ALÉM DAS REDES
Além das redes sociais, a influenciadora criou um grupo de apoio em um aplicativo de comunicação, onde há mais de 250 membros. “Eu criei uma comunidade no aplicativo Discord para que mais pessoas conseguissem se comunicar e partilhar experiências e também tem um apoio emocional”, disse.
“Toda segunda-feira às oito horas da noite a gente faz essa reunião onde contamos como estamos nos sentindo. Tem pessoas que desabafam, que perguntam coisas, dúvidas e dão dicas”, contou.