Pesquisa traça perfil da nova geração de tutores de pets

33% dos entrevistados citaram a palavra "amor" para sintetizar a relação entre tutores e pets

Pesquisa traça perfil da nova geração de tutores de pets
Wagner e Batatta: amor à primeira vista e tudo de melhor que o pai/tutor pode proporcionar
Arquivo Pessoal

O Wagner precisava de um colchão novo. Então, aproveitou as promoções da Black Friday e comprou uma linda capa nova para a caminha do Batatta, assim mesmo, grafado com duplo “t”. Oi?

Exatamente isso. É que o humano em questão prioriza sempre, em qualquer situação, o bem-estar do Tattá, um vira-lata caramelo, ou melhor, da cor de uma batatinha, que adotou ainda filhote em uma espécie de amor à primeira vista.

Hoje com 5 anos, o Batatta não tem só a caminha mais cara e confortável da loja, mas a capinha mais linda para ela, além de um brinquedo novo por mês, festas de aniversário temáticas e tudo de melhor que o pai/tutor pode proporcionar para trazer à vida do doguinho a mais completa felicidade.

Filho de pais que nunca quiseram ter um pet em casa, o tutor Wagner Marinho, que tem 28 anos e é ator, não ficou nem duas semanas morando sozinho e já adotou o cãozinho. Muitas vezes motivo de zoação entre os amigos (aqueles que não têm pets, ele deixa claro), não tem vergonha em dizer que faz tudo e um pouco mais pelo Batattinha, a quem considera não só como melhor amigo, mas principalmente como “filhão”.

“Não tenho nem memória de quando ainda não tinha ele. É muito difícil que ele não esteja no primeiro tópico de todas as minhas escolhas. Estou procurando um apartamento novo, por exemplo, e não me importo se tem piscina, vaga de garagem ou academia. Quero saber se tem uma boa área pet para ele. Ele é sempre a primeira pessoa que eu considero”, diz Wagner.

Com aquela vozinha fininha que os tutores às vezes conversam com seus pets/filhos, episódios de corridas em dupla com Batatta no corredor do prédio quando ele está cheio de energia (graças a Deus os vizinhos amam pets!) e até a cogitação de tirar a habilitação para finalmente começar a dirigir e poder levar o doguinho a todos os lugares e viagens, Wagner quase gabarita o perfil do “novo tutor”.

As principais características dessa geração de humanos que jamais imaginaram nem uma remota possibilidade de deixar o pet dormindo no quintal e alimentá-lo com os restos do jantar da família (misericórdia, não!) foram elencadas em uma pesquisa realizada pelo grupo Petz e traçou o perfil do que eles chamaram de Geração P (baita sacada!).

A pesquisa listou perfil e preferências de uma nova geração de tutores com características pra lá de especiais no que diz respeito ao relacionamento com seus pets e, claro, os hábitos de consumo dessas pessoas.

Bem ao estilo Wagner/Batatta, 33% dos entrevistados citaram a palavra “amor” para sintetizar a relação entre tutores e pets. Os conceitos dos animais como amigos e companheiros vêm logo em seguida com 18% e 10%, respectivamente.

Brincar, conversar, abraçar, fazer uma voz diferente (vozinha) e ganhar lambeijos estão entre os itens mais citados quanto a pergunta foi: “Como você troca carinho com o pet?” 

Entre os jeitos de demonstrar amor aparecem homenagens em forma de arte, gravura ou retrato (35%), perfis em redes sociais (31%), festa de aniversário (25%) e tatuagem (15%). Check também para o Wagner, que tem uma tatuagem do Batatta, faz festa temática de aniversário todo ano (a primeira teve o senhor Cabeça de Batata como tema, seguida de Monstros S.A., Homem Aranha e cores, quando ele já estava mais adolescente) e mantém o perfil dele no Instagram: @batattadog.

Não foi surpresa para ninguém uma maioria avassaladora (88%) dos entrevistados ter declarado o pet como membro da família e 63% se auto-intitularem pai ou mãe de pet.

A analista de marketing Natália Costa, de 27 anos, se considera tanto a mãe do gatinho Bruce Wayne que costuma associar seus cabelos pretos com os pelos pretinhos do bichano fofo de olhos amarelos como fator inquestionável de que ela é mesmo a mãe “bichológica” de seu pet. Pura graça de quem brinca querendo falar bem sério da situação.

Assim como a moça que tem uma casa toda adaptada para o bem-estar do felininho, em sua grande maioria, 60%, os tutores entrevistados citaram a companhia como fator predominante para o motivo de adotar um animalzinho de estimação, seguido pelo “animar a casa”, com 49% e “poder dar uma vida melhor a ele”, com 46%.

A ideia de morar sozinha, aliás, foi colocada em prática de forma mais acelerada porque o Bruce já existia na vida da Natalia antes mesmo de ela ter o próprio cantinho. Uma amiga deu lar para o gatinho enquanto ela se organizava com a nova moradia, mas já garantia a alimentação e cuidados especiais com o (futuro) pet.

Com uma vidinha comparável a do bilionário homônimo dos quadrinhos e do cinema, o Bruce Wayne gato tem quatro caminhas espalhadas pela casa, tipos variados de sachês, ratinhos e brinquedos de todos os jeitos e categorias, isso tudo sem contar que a tutora resiste em adotar um novo pet exatamente por temer não conseguir dar a mesma vida aos dois bichinhos.

O estudo mostra que a nova geração de tutores, independente de sua faixa etária, está ganhando cara e essa transformação das relações com os pets é encabeçada pela classe média-alta urbana das capitais.

Mais propensos a terem rotinas mais intensas, menos tempo para lazer e criação de vínculos, os jovens adultos principalmente entre 25 e 34 anos adaptam sua ótica em relação aos pets de maneira a trazê-los para um lugar de protagonismo em suas vidas, garantindo vínculos de afeto e carinho.

A pesquisa foi realizada pela consultoria IMO Insights e entrevistou, entre os dias 22 e 25 de setembro deste ano, 753 tutores de um ou mais animais de estimação e que se declaram total ou parcialmente responsáveis por eles. A margem de erro foi de 4% e o intervalo de confiança, 95%.

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