Mau comportamento pode ser sinal de dor em cães e gatos; saiba como identificar

Profissionais atentos à saúde integral dos bichinhos estarão em simpósio que discutirá o assunto em outubro

Quem é tutor de pet, ligado à área animal de alguma forma ou simplesmente acompanha o assunto nas redes sociais, já percebeu o boom que alavancou a linha comportamental nos últimos anos. Produtos, veterinários, pet influencers e um sem fim de inovações miram no comportamento dos bichinhos para ganhar o coração e a confiança dos tutores.

Tiro certeiro é mesmo o do olhar atento dos comportamentalistas que começaram a enxergar além e foram atrás das verdadeiras causas das mudanças de comportamento dos pets. Em meio a um mercado de alguns que se dizem experts, mas não passam de blá blá blá para vender cursos, produtos e fórmulas de sucesso, tem um pessoal sério realmente comprometido com a saúde e o bem-estar dos bichinhos e que acredita na importância do conhecimento sobre os comportamentos para identificar os primeiros sinais de problemas de saúde e dor.

“Hoje quando eu vejo um animal com problema comportamental não vou simplesmente tratar esse problema de forma avulsa, mas vou tentar entender as bases e as possíveis causas dessa mudança de comportamento para entender se, de fato, é somente comportamento ou se pode ter algo físico que possa estar colaborando”, explica a veterinária comportamental e clínica da dor, Ana Luisa Lopes.

Ela é uma das profissionais que estarão em São Paulo, nos dias 19 e 20 de outubro, para a segunda edição do Simpósio Dor e Comportamento. Serão dez palestrantes nacionais e internacionais, abordando temas com embasamento científico em prol do melhor atendimento e acolhimento de famílias multiespécies.

De que adianta um adestrador treinar um dado comportamento sem que haja a parceria com um médico-veterinário para avaliação clínica do animal? E se a alteração comportamental for decorrente de dor, desconforto ou algum problema de saúde? Por isso, profissionais pet não-veterinários devem saber identificar possíveis sinais de dor e encaminhar ao médico-veterinário. Afinal, quem está semanalmente em contato com aquele animal são os adestradores, passeadores, tosadores, etc.

“Infelizmente, muitos adestradores ainda rotulam cães como burros ou teimosos, quando na verdade aquele animal pode apresentar dificuldade em executar um dado comportamento por dor”, diz a idealizadora do simpósio, Luiza Cervenka, que é doutora pela Faculdade de Medicina Veterinária da USP, mentora em ansiedade por separação e colunista do Estadão.

Da mesma forma, os médicos-veterinários devem ser capazes de compreender a possibilidade de o paciente sentir dor ao avaliar os relatos comportamentais do tutor, além das avaliações específicas feitas em consultório, observando cada sinal expresso pelo animal que possa denotar desconforto.

Como forma de fazer um levantamento para começar a avaliar o panorama da relação entre dor e comportamento no Brasil, o simpósio receberá relatos de casos dos participantes do evento, que serão avaliados em duas categorias: médicos-veterinários e profissionais pet não-veterinários. Os melhores trabalhos serão premiados e apresentados ao vivo no simpósio.

A médica-veterinária paliativista Bruna Bianchini Real falará sobre dor e comportamento em pets idosos. Afinal, cães e gatos passam a maior parte das suas vidas sendo velhinhos, pois alcançam esta faixa etária por volta dos 9 anos. Já a médica-veterinária comportamentalista Joice Peruzzi falará sobre a relação entre agressividade e dor, que é muito maior do que imaginamos! Para os amantes de gatinhos, a médica-veterinária comportamentalista Rita Ericson falará sobre hiperestesia felina, um tema ainda muito controverso. Pensando na saúde mental dos profissionais, a psicóloga Bianca Gresele falará sobre bem-estar humano no cuidado de pacientes com dor e como abordar assuntos delicados com as famílias dos animais.

O evento será 100% presencial. Para se inscrever, basta acessar o endereço www.dorecomportamento.com.br.

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