Tem um pet gorducho em casa? Fique atento aos quilos extras e à saúde do bichinho

Excesso de peso pode levar ao desenvolvimento de problemas como doenças cardiovasculares, diabetes, complicações ortopédicas e respiratórias

Por Juliana Finardi

Tutor deve resistir aos pedidos de petiscos 'proibidos' (Foto: Freepik)

Assim como entre os humanos, a obesidade também pode afetar (e muito) a saúde dos pets. Se você tem um cão ou gato gorduchinho em casa deve considerar que atrás de tanta fofura podem estar sérios problemas de saúde que afetam, inclusive, a longevidade dos bichinhos.

Irresistível ceder aos pedidos e olhares carentes do cãozinho que pede um pedaço da sua pizza, uma lasquinha do seu frango ou “só um pedacinho” do seu pão do café da manhã? Resista! A maioria dos problemas de obesidade está ligada ao manejo alimentar inadequado como a oferta de porções exageradas ou alimentos não apropriados.

“Quando os animais não têm estímulos, não mantêm uma rotina de atividades e o manejo alimentar não é adequado pode haver ganho de peso”, explica a médica-veterinária e coordenadora de Comunicação Científica da Royal Canin Brasil, Priscila Rizelo.

Com mais de 59% dos cães e 52% dos gatos apresentando sobrepeso ou obesidade, a condição é considerada uma epidemia moderna em pets. O problema está diretamente ligado à redução da qualidade de vida e uma série de alterações fisiológicas. O excesso de peso pode levar ao desenvolvimento de problemas de saúde graves, como doenças cardiovasculares, diabetes, complicações ortopédicas e respiratórias.

No caso dos gatinhos, a situação fica ainda mais complicada, já que são animais que vivem de forma mais ‘indoor’ do que os amigos caninos e têm uma rotina de natureza mais sedentária. “A manutenção do peso de gatos que vivem 100% indoor deve ser focada no manejo alimentar adequado, com controle rigoroso da quantidade oferecida diariamente, bem como a escolha de alimentos com menor teor calórico, formulados especialmente para gatos indoor ou com tendência ao ganho de peso”, disse a veterinária.

Além disso, também é possível aumentar o gasto de energia dos gatos. Os felinos têm um instinto natural de caça e isso pode ser explorado a favor da saúde do animal.

“Promover sessões diárias de brincadeiras com brinquedos que simulem a caça é essencial. O envolvimento do tutor é crucial nesse processo; reservar ao menos 15 minutos diariamente para estimular os gatos a se movimentarem pode fazer uma grande diferença. Além disso, a verticalização do espaço, como a instalação de prateleiras, também é muito benéfica, pois estimula a movimentação e a atividade física dos felinos. Outro recurso útil são os comedouros interativos. Eles diminuem a velocidade de ingestão, contribuem para a saciedade e favorecem o gasto de energia para a obtenção do alimento", recomenda Priscila.

Para cães e gatos, a combinação de alimentos de diferentes texturas e, principalmente, o cálculo correto das quantidades a serem oferecidas são fundamentais para o sucesso do manejo alimentar. "A combinação ideal de alimentos para cães e gatos deve ser cuidadosamente planejada e adaptada às necessidades individuais de cada animal. Os alimentos secos são uma boa base alimentar, pois é formulada para fornecer todos os nutrientes essenciais de forma balanceada. Os alimentos úmidos, que contêm uma grande quantidade de água na formulação, tendem a ter menos calorias por porção e a água contribui para a saciedade, portanto, devem sim fazer parte da rotina de alimentação.”

Quando os alimentos úmidos são incluídos, ainda de acordo com a veterinária da Royal, a quantidade de alimento seco deve ser recalculada para evitar a ingestão excessiva de calorias. “A alimentação natural pode ser integrada, desde que seja bem balanceada e supervisionada por um médico-veterinário especializado em nutrição de cães e gatos, garantindo que o animal receba todos os nutrientes necessários. É importante lembrar que os petiscos devem ser evitados ou a escolha deve ser por opções com baixa caloria, conforme orientação profissional. Independentemente da combinação escolhida, o controle das porções e a adequação ao estilo de vida do animal são essenciais para evitar a obesidade”, diz.

Livro

O livro ‘Obesidade em Animais de Companhia’, lançado recentemente durante um evento na USP (Universidade de São Paulo) que contou com o apoio da Royal, é a primeira literatura sobre o tema no Brasil desenvolvida por veterinários que acompanham de perto a obesidade em gatos e cães.

Editado pelo dr. Fábio Alves Teixeira e coeditado pelas dras. Mariana Porsani e Vivian Pedrinelli, a obra oferece uma visão detalhada sobre a prevenção e o manejo do sobrepeso, abordando causas, diagnóstico e estratégias para o tratamento. Como um guia essencial para estudantes e profissionais da saúde animal, a publicação se destaca por sua abordagem científica e acessível, contribuindo significativamente para o enfrentamento da crescente prevalência dessa condição entre os pets.

"A obesidade é uma doença que traz diversos prejuízos à saúde e resulta na diminuição da expectativa de vida. Entre os seres humanos, o número de pessoas com excesso de peso tem aumentado significativamente em todo o mundo, e a obesidade é hoje considerada uma epidemia global. Da mesma forma, no caso dos animais de companhia, nas últimas décadas também se verificou um crescimento alarmante da obesidade. Por isso, esta obra é de grande relevância, abordando desde a fisiopatologia até os fatores de risco, diagnóstico, tratamento e prevenção, tornando-se um recurso essencial para médicos veterinários e estudantes de Medicina Veterinária”, destaca Fábio.

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