Bicho-de-pé também pode ser problema para cãezinhos da cidade

Doença é zoonose e deve estar no radar de tutores que se preocupam com o bem-estar de seus pets

A cachorrinha Pixote recebeu todos os cuidados necessários para o tratamento correto (Foto: Divulgação)

Foi depois de passar o aniversário do ‘avô’ humano em uma festa na chácara que a Pixote (uma cachorrinha Boston Terrier) começou a ter dificuldades para andar. Parecia que ela tinha alguma coisa incomodando nas patinhas, algo que a impedia de pisar com firmeza. O diagnóstico: bicho-de-pé. Uma doença que os tutores das grandes cidades nem imaginam que seus cãezinhos possam ter.

“Na festa, ela brincou o dia todo, entrou no rio, correu com os cachorros do caseiro, foi uma diversão. Na semana seguinte, vi que ela estava com dor e quando levantei a patinha, estava cheio de bicho-de-pé”, disse a administradora Aldenize Souza, 52 anos.

O tutor da doguinha Pixote é o filho de Aldenize, o Alexandre, de 22 anos. Ele e a mãe procuraram na internet informações sobre o que poderiam ser aquelas bolinhas embaixo das patinhas da cachorrinha e descobriram o problema que jamais imaginaram passar com um cãozinho ‘da cidade’, que vive dentro de casa na maior parte do dia.

Durante consulta, o veterinário confirmou o diagnóstico da busca na internet, anestesiou a bichinha e extraiu as tais bolinhas que incomodavam o caminhar da Pixote. “Sempre tivemos animais e nunca tínhamos visto isso. Pensei até que nem existia mais essa doença. Mas ela teve contato com aquela região rural da chácara da festa e foi esse o problema”, contou Aldenize.

O bicho-de-pé é considerado uma zoonose, ou seja, pode ser transmitida dos animais para os humanos. Trata-se de uma doença de pele causada pela pulga Tunga penetrans e ocorre em todo o país, especialmente em assentamentos urbanos precários, áreas rurais, e se desenvolve na epiderme como um ponto inflamado, alto, dolorido, inchado e bem delimitado, muitas vezes com um ponto escuro no centro.

Alexandre e a mãe pesquisaram informações sobre a doença (Foto: Divulgação)

Isso acontece porque a fêmea desse parasita, após fecundada, penetra na pele do hospedeiro - animais e seres humanos - e promove a infecção. É o que explica Kathia Almeida Soares, médica-veterinária e coordenadora de vendas técnicas da MSD Saúde Animal. “Nesse processo infeccioso, os ovos desenvolvidos são expulsos para o ambiente e se transformam em novas pulgas entre 2 e 4 semanas. É um parasita que vive em solos arenosos, quentes e secos e é adquirido quando os animais ou as pessoas entram em contato diretamente com o ambiente infestado”, disse a profissional.

Dois meses após o ocorrido, depois de um tratamento com anti-inflamatórios, limpezas constantes e um remédio anti-parasitário, a Pixote está 100% e voltou a brincar feliz, desta vez apenas pelo condomínio onde mora na cidade.

Diagnóstico nos pets

É sempre importante observar o comportamento do animal e, ao perceber sinais como dores, dificuldade de andar, lesões nas patas ou entre os dedos, entrar em contato o mais breve possível com um médico-veterinário. Para diagnóstico nos cães, o profissional normalmente realiza uma avaliação clínica, considera o histórico do paciente e analisa a própria lesão.

Segundo a veterinária, o tratamento requer a remoção da pulga com o auxílio de uma agulha estéril e a utilização de ectoparasiticidas para tratar a infestação. “Em alguns casos, é necessário fazer a associação de antibióticos. Afinal, as lesões geradas por essa pulga podem, além de causar dor, incômodo e coceira, levar a lesões mais graves, com deformidades e até mesmo complicações por infecções secundárias.”

Prevenção

Para prevenir essa zoonose, Kathia recomenda evitar levar o cão a locais sabidamente infestados; examinar as patinhas do pet após os passeios; e evitar que o animal tenha acesso a solos arenosos e de procedência desconhecida, já que esse parasita vive em locais quentes e secos.

O uso de ectoparasiticidas de forma contínua também é extremamente importante. “É a melhor alternativa para quebra do ciclo do parasita e controle da infestação. Ainda temos o costume de utilizar esses produtos somente no tratamento de doenças, mas o uso profilático nos pets é fundamental”, afirma a médica-veterinária.

Pixote já está 100% e voltou a brincar feliz (Foto: Divulgação)

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