O Carnaval é uma festa ligada a religiões cristãs no Ocidente, que começou a ser comemorada com esse nome na Idade Média. Apesar disso, as origens vêm de muito antes, das religiões pagãs. Sua história é marcada por uma combinação de tradições culturais e festividades religiosas. No Brasil, tornou-se uma das maiores festas do mundo, conhecida por sua energia, alegria e expressão cultural única.
Na Antiguidade, já existiam celebrações com músicas alegres, dança, disfarces e inversão das normas comuns de comportamento. Gregos, romanos, mesopotâmicos e egípcios são alguns dos povos que tinham festas do tipo.
Essas comemorações também tinham em comum o fato de serem um rito de passagem: era uma festa que marcava o fim do inverno e antecipava o início do verão.
Qual é a origem do Carnaval?
O Carnaval tem sua raiz mais direta na Idade Média, com a tentativa da Igreja Católica controlar as festas pagãs que tinham práticas consideradas pecaminosas. Foi criada então a quaresma, data do calendário litúrgico que compreendia as seis semanas que vinham antes da Páscoa.
O período deveria ser dedicado aos estudos e à penitência, sem celebrações e com práticas de jejum e restrições de alimentos. A carne era um dos alimentos restritos.
Etimólogos, que estudam a origem das palavras, apontam que possivelmente essa é a origem de "carnaval". O termo viria de "carnelevale" que, em formas antigas de italiano, significa "retirar a carne".
Então, ficou estabelecido que as comemorações vinham antes do jejum, para criar uma divisão clara entre os costumes pagãos e cristãos. No período de festa, era comum a fartura de alimentos e bebida, além de zombarias públicas com a classe dominante.
"Era o último dia que se podia comer carne, beber à vontade e ter relações sexuais. A Igreja proibia festa profana pelos excessos cometidos", aponta o historiador Moacyr Flores sobre os dias antes da quaresma, em seu artigo "Do entrudo ao Carnaval".
Quando o Carnaval chegou no Brasil?
Aqui no país, os costumes da festa vieram com os colonizadores portugueses, no século XVI. A comemoração era denominada entrudo, palavra que vem de introito, nome dado aos três dias antes do início da quaresma.
O entrudo era uma grande festa, com danças, brincadeiras e "algumas grosserias", como coloca Flores. As molhadelas estavam entre as diversões mais comuns da celebração.
Basicamente, o objetivo era molhar as outras pessoas, de diversas formas. Farinha, água, groselha, lama e até urina estavam na longa lista. Depois, vieram cápsulas de cera, cheias de água perfumada, que quebravam quando atingiam uma pessoa. Eram os chamados limões de cheiro.
Por ser visto como imoral, o entrudo foi proibido em 1604, mas continuou popular. Da elite aos escravos, todos comemoravam a festa, embora em espaços separados. "Liberava os instintos numa sociedade vigiada pela Inquisição, dominada por regras conservadoras e hipócritas", escreve Flores.
A celebração existiu do período do Brasil Colônia até a República, nas ruas, nos espaços rurais e mesmo dentro das casas. No século XIX, começou uma campanha das elites para a substituição da festa pelos bailes mascarados, comuns na Europa.
"Os bailes mascarados aclimaram-se entre nós graças a uma mulher; agora compete à autoridade sustentá-los, porque só com eles pode combater o entrudo", aponta o dramaturgo e diplomata carioca Martins Pena, em artigo de 1847.
As marchinhas de carnaval surgiram também no século XIX. Já o samba só surgiu na década de 1910. A música que inaugura o gênero é "Pelo Telefone", de Donga e Mauro de Almeida.
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