Nathalia Hino, rainha de bateria da Estácio de Sá, quinta escola a desfilar na primeira noite de desfiles na Sapucaí, surgiu ao representar a “Fé Velada, Praticada”, um grito de resistência da fé afro-brasileira.
“Minha fantasia tem um significado muito forte e importante, eu represento a força e a resistência da fé afro-brasileira, que mesmo proibida na época da escravização era estrategicamente cultuada veladamente, por trás dos santos católicos. Isso gerou o sincretismo religioso, onde cada santo, em dias atuais, é associado aos orixás e/ou entidades da Umbanda e do Candomblé”, explicou a rainha.
A fantasia é comportada e rica em detalhes, tendo como base um body de veludo bordô. Contém pluma flex, buas de fio de pluma, pedrarias, cristais em caixa de metal, ouro, veludo vermelho, folga de ouro, búzios, flores em metal banhadas a ouro, pérolas, búzios, filigrana, cristais de bico. Um total de 150 mil cristais e 150 mil mini cristais:
“Optei por um figurino mais comportado tendo em vista que represento a fé. Tenho muito respeito por todas as religiões”, explicou Nathalia.
O enredo “Chão de Devoção: Orgulho Ancestral” apresentou a história do povo negro por meio das figuras de Vovó Cambinda e Maria Conga, africanas escravizadas no Brasil, que são símbolo da resistência:
“Fui criada na religião de matriz africana. Eu me afastei com a morte da minha mãe de santo, até hoje não consegui superar tamanha perda. Mas ela me ensinou muitas coisas, por isso, eu sei o quanto este enredo é necessário. A gente precisa retratar e sempre enaltecer a influência do povo negro na religião, na música, na dança e na culinária brasileira”, revelou a beldade.