Em 1996, Daniela Mercury abriu um novo circuito no carnaval de Salvador. Como o trajeto do Campo Grande estava "congestionado", ela decidiu criar o espaço como uma alternativa para que mais blocos e artistas pudessem desfilar. Corajosa e desbravadora, foi pioneira no que hoje é um dos principais da festa: o Circuito Barra-Ondina.
Em entrevista ao Band Folia, a cantora explicou como a ideia surgiu: “Lá em cima era muito apertado. Eu estava divulgando a música da Bahia com toda força por causa do “Canto da cidade” e já tinha muitos anos cantando em blocos e trios sem corda na luta para me estabelecer como artista”.
Após perder o espaço para se apresentar em um dos maiores circuitos da época, Daniela teve a ideia de inaugurar outro circuito de folia: “Eu pensei, se não tem espaço, vou abrir outro espaço. E hoje, a gente está comemorando 38 anos do crocodilo [o trio elétrico da cantora]”
Daniela Mercury é conhecida como Rainha do Axé, título dado pelo público e por outros artistas que reconhecem a coragem e desejo de mudança, intervenção e renovação da vertente da música brasileira feita na Bahia.
Daniela Mercury homenageia Ilê Aiyê em discurso contra racismo em Salvador
Ao passar pelo Camarote Planeta Band, a cantora Daniela Mercury fez uma homenagem ao Ilê Yiê, um dos blocos mais tradicionais de Salvador, que completa 50 anos. No discurso, a rainha do axé condenou práticas racistas.
“Antes da escravidão, não se distinguia cor da pele. Não se tratava as pessoas de forma diferente. Então, que a gente aprenda a não discriminar, que a gente não aceite o racismo em hipótese alguma, que a gente celebre o Ilê muito mais”, disse a artista.
A homenagem ressaltou as letras das músicas que celebra a beleza e exuberância do povo negro.
“Eu venho acompanhando essa beleza que é o Ilê Aiyê. Vocês têm visto o Ilê passar. Quem viu o Ilê passar nunca mais esquece da poesia. Nunca mais esquece de todas as canções que falam de nós, contra a opressão que celebram a beleza e a exuberância de um povo que é espetacular e que precisa se amar mais e mais na luta contra o racismo, que jamais deveria ter existido”, pontuou a cantora.
Ela foi umas das cantoras que divulgou as músicas do bloco e gravou o clássico O Mais Belo Dos Belos (A verdade do Ilê). Em entrevista ao Band Folia, a cantora falou sobre a importância do bloco: “O Ilê é importante para a música da Bahia, a cultura, luta política contra o racismo. O Ilê também determina uma estética que hoje a gente segue”.