Nesta segunda-feira, 4 de novembro, comemora-se o Dia do Sex Toy, ou seja, dia dos brinquedos sexuais. A data foi criada nos Estados Unidos, mas é comemorada em todo o mundo a fim de promover o empoderamento sexual. Para além de satisfazer desejos e fantasias, o acessório está muito ligado ao bem-estar sexual, saúde e autoconhecimento.
O Band.com.br conversou com especialistas para entender essa quebra de tabus e porque o Brasil se tornou o quinto, em um ranking mundial, nas buscas sobre sex toys no Google.
Qual a importância do sex toy?
O brinquedo sexual é um aliado do prazer. Cada vez mais mulheres e homens aproveitam os sex toys para apimentar a relação, fugir da rotina e também para a autossatisfação e autoconhecimento.
O crescimento de influenciadores especializados e o aumento de conteúdo educativo sobre sexualidade nas redes sociais têm sido fundamentais para desmistificar o uso de produtos eróticos e normalizar o diálogo sobre o tema, que antes, era pouco discutido.
Conforme uma pesquisa realizada pelo Portal Mercado Erótico entre os meses de setembro a outubro de 2024, o mercado erótico no Brasil mantém uma taxa de crescimento anual em torno de 8% desde 2020, registrando um faturamento superior a R$ 2 bilhões.
Esses números refletem uma busca por experiências que promovam o bem-estar emocional e relacional. Entre as principais motivações, conforme o estudo, 55,6% dos consumidores afirmam adquirir produtos eróticos para melhorar o relacionamento. Outros 24,4% mencionam a saúde sexual como motivo para compra.
“Essa mudança reflete uma tendência global de normalização do uso de brinquedos sexuais, que hoje são valorizadas tanto pelo prazer que proporcionam quanto pelos benefícios à saúde íntima”, reflete Paula Aguiar, especialista em sexualidade e ex-presidente da ABEME – Associação Brasileira de Empresas do Mercado Erótico.
Para Vitor Mello, biomédico especializado em harmonização íntima masculina e sexólogo, os sex toys são importantes porque permitem explorar outras sensações. “Tem vários brinquedos com texturas diferentes, os mais diversos itens que agradam qualquer público e melhoram a saúde sexual do casal ou da pessoa”, explica.
Expansão e quebra de tabus
Embora ainda existam tabus, especialmente em relação aos brinquedos sexuais, o Brasil experimenta uma mudança cultural significativa, com um público mais aberto ao consumo de produtos eróticos.
O levantamento indica que o setor se prepara para dobrar até 2028, com um portfólio diversificado que inclui desde produtos de luxo e alta tecnologia até itens acessíveis para todos os perfis de consumidores.
O estudo aponta ainda para uma nova fase do setor, que vem se distanciando dos estigmas do passado e se posicionando como parte da rotina de autocuidado de milhares de brasileiros.
“O Brasil é um país com uma relação complexa com a sexualidade: embora a acessibilidade aos brinquedos eróticos esteja em crescimento, o tabu ainda persiste. Esse paradoxo reflete a mistura cultural brasileira, onde influências conservadoras convivem com uma valorização do prazer e do corpo na mídia”, reflete Paula, que também é coordenadora da pesquisa.
Para a especialista, desmistificar o uso de brinquedos eróticos é, antes de tudo, uma questão de saúde e empoderamento: “Ao falar sobre esses produtos sem preconceitos, promovemos a liberdade sexual e fortalecemos o autoconhecimento, validando a experiência de homens e mulheres que buscam uma sexualidade mais consciente e plena”.
“Especialmente para as mulheres, esse fortalecimento passa naturalmente pelo amor-próprio e pela consciência de seu corpo e de seu prazer, elementos fundamentais para sua autonomia e segurança”, considera.
Segundo a pesquisa, cerca de 55,6% dos consumidores são mulheres, com faixa etária predominante entre 26 e 45 anos.
Vibrador na menopausa
Tendo em vista que as maiores consumidoras dos brinquedos sexuais são mulheres, é importante reforçar que o vibrador é um aliado da menopausa.
“Nessa fase, as mulheres têm alterações hormonais que podem provocar a falta de desejo e de lubrificação. Com isso, costuma acontecer a falta de relações sexuais, o que colabora para a atrofia vaginal — um afinamento de parede que deixa a vagina mais estreita e ressacada”, explica Mello.
Dessa maneira, o vibrador, serve como estímulo e aumenta o desejo, a sensibilidade na região, a elasticidade dos tecidos vaginais e a circulação sanguínea e como um instrumento erótico aumenta o autoconhecimento.
A especialista em sexualidade explica que produtos como os lubrificantes têm ganho protagonismo, sendo vistos não apenas como auxiliares, mas como ferramentas de conforto e bem-estar sexual.
Compra de produtos eróticos online
Quando o Brasil se torna o quinto, em um ranking mundial, nas buscas sobre sex toys, isso reflete um alto nível de curiosidade e aceitação digital. “Esse dado é significativo, porque aponta para a normalização dos produtos eróticos e para o crescente interesse em bem-estar sexual”, diz Paula.
Esse interesse também foi corroborado pelo levantamento, que mostra que 57,6% dos consumidores chegam aos produtos eróticos de forma espontânea por meio de buscas online.
O e-commerce se consolidou como o principal canal de vendas, respondendo por mais de 60% do mercado, seguido pelas lojas especializadas e pelos marketplaces, como Mercado Livre, Shopee e Amazon. A venda direta também permanece relevante.
Cuidado com os excessos
Não há evidências que indiquem dependência física de brinquedos sexuais, mas como qualquer experiência intensa, é sempre importante haver equilíbrio.
Os especialistas afirmam que o prazer deve ser explorado de forma saudável e consciente, e os brinquedos são ferramentas para enriquecer a sexualidade, não substituindo outros tipos de conexão.
Dessa maneira, é preciso estar atento. Recentemente, Sabrina Sato, que já contou ser adapta dos brinquedos sexuais, contou que ficou condicionada ao uso dos acessórios e deixou de praticar sexo com pessoas.
“Passei por um processo que fui viciada por um tempo. Eu não tinha mais vontade de ter o de verdade”, confessou. “Filmes pornôs viciam também, masturbação vicia e as pessoas não percebem. Vibrador também vicia, porque você atinge de uma forma muito rápida e industrial,” explicou Sabrina, durante o programa “Sobre Nós Dois” do GNT.
Contudo, segundo a fisioterapeuta pélvica Nazete Araujo, que é professora da Universidade Federal do Pará, o vibrador não vicia, mas condiciona a pessoa que o usa com frequência a determinados estímulos. “É bom sempre testar novos padrões de intensidade e velocidade, mesmo que seja do mesmo sex toy”, afirmou durante participação no podcast Guia de Sex Shop.
O sexólogo explica que o uso do sex toy é importante e traz diversos benefícios, e só pode fazer mal nesse sentido: “O brinquedo causa uma hiperestimulação. Então, é preciso tomar cuidado para não substituir as relações interpessoais por apenas uma estimulação por objeto. O brinquedo tem que ser um aliado”, avalia.
Nesses casos, é recomendado buscar a ajuda de um profissional, como um psicólogo ou psiquiatra, especialmente quando o quadro vem acompanhado de angústia, desconforto ou ansiedade em relação à prática.
Quando não usar um sex toy
- Não usar um brinquedo se você tem alguma ferida, fissura ou infecção na região íntima que não está curada;
- Tomar cuidado com possíveis alergias aos materiais do sex toys;
- Durante a recuperação de cirurgias, especialmente as íntimas;
- Se o sex toy estiver danificado. Isso porque, qualquer fissura ou rasgo no material pode comprometer a segurança, podendo causar lesões ou infecções;
- Usar sex toys sem uma boa higienização entre usos ou entre parceiros pode aumentar o risco de infecções;
- Sem lubrificação adequada, especialmente para brinquedos maiores, porque pode causar desconforto e até lesões;
- Objetos improvisados ou não projetados para esse fim podem quebrar, causar lesões ou introduzir materiais inseguros no corpo. Então sempre escolha um brinquedo certificado.