Besouro Azul: Marquezine faz jus à escalação em filme que louva cultura latina

Novo filme da DC Comics, Besouro Azul une atores carismáticos a uma bonita mensagem de amor à família, apesar de pecar nos efeitos visuais

Guilherme Machado

Xolo Maridueña e Bruna Marquezine protagonizam Besouro Azul
Reprodução/Youtube

Em determinado momento de Besouro Azul, novo filme da DC Comics, há uma referência a uma famosa novela mexicana, que fez bastante sucesso no Brasil. Bastou seu título ser falado para que sala de cinema explodisse em sorrisos e risadas. Esta reverência à cultura latina permeia todo o longa, que estreia nesta quinta-feira (17) e que passou por um universo propositalmente cafona e melodramático para contar uma história sobre a importância da família das próprias raízes.

No longa, Jaime Reyes (Xolo Maridueña) é um jovem que volta a sua cidade após uma temporada estudando fora e descobre que a família está em situação financeira crítica. Na busca por um trabalho, o seu caminho se cruza com o de Jenny Kord (Bruna Marquezine), herdeira de um império da tecnologia que pede que ele proteja um item misterioso conhecido como “O Escaravelho”. O objeto acaba se mostrando um artefato alienígena que se funde à pele de Jaime e produz uma armadura sobre todo seu corpo, que permite que ele voe e faça armas aparecerem espontaneamente.

Com esses novos poderes, o rapaz vê sua vida se transformar completamente e se torna alvo da ambiciosa Victoria Kord (Susan Sarandon), tia de Jenny, que quer usar o poder Escaravelho para criar armas de destruição em massa. 

Tirando logo a primeira pergunta latente do caminho: sim, a atriz Bruna Marquezine, conhecida do público brasileiro desde que era criança, está bem no papel. É uma intepretação que por vezes cai em alguns vícios de telenovela, mas que navega bem por momentos cômicos e dramáticos sem nunca fazer o espectador cair em descrença. Aliás, ajuda muito que a química entre a atriz e Maridueña é a melhor possível.

Voltando ao ponto da telenovela, aliás, o filme todo tem um clima de dramalhão clássico. A personagem de Susan é uma verdadeira vilã de novela mexicana, que só falta soltar uma gargalhada maléfica tal qual Soraya Montenegro ("Maria do Bairro"). A cidade fictícia de Palmera City, onde a história se passa, tem uma estética exagerada, colorida e por vezes brega, mas que transmite bem o tipo de energia que a história busca.

Mas onde Besouro Azul brilha de verdade é em seu afago às famílias latinas – e por consequência às famílias em geral. O núcleo dos familiares de Jaime é composto por uma série de atores mexicanos veteranos – Adriana Barraza, Damián Alcázar e Elpidia Carrillo – além de Belissa Escobedo e George Lopez. A sintonia entre os intérpretes é palpável e os atores possuem um carisma que faz com que o público rapidamente se identifique e torça por eles. 

Ainda na comparação com as telenovelas, é como o núcleo da família popular, que enfrenta todas as dificuldades possíveis, mas que está sempre unida para o que der e vier. É um núcleo que entrega emoções e risadas genuínas em um recado de união. Há aqui também uma valorização da cultura latina, não só pelas referências midiáticas da família, mas por sua cultura, que vai da gastronomia à língua – a personagem da avó, vivida por Adriana Barraza, não fala uma única palavra em inglês, o que já é muito representativo em um filme feito nos Estados Unidos. 

Onde Besouro Azul tropeça é justamente no lado de filme de super-herói. O público pode sim esperar sequências de ações bombásticas, mas o longa exagera nos efeitos especiais, que por diversas vezes parecem mal acabados – um problema recorrente de filmes da DC nos últimos tempos. 

No melhor estilo “Batman Vs Superman” – não é um elogio — existe uma grande batalha na qual fica até difícil ver o que está acontecendo porque o cenário é escuro e os efeitos poluem a tela. Falta a efervescência e o arrepio de sequências como a de filmes como “Vingadores: Ultimato”.

Mas o que Besouro Azul não tem de espetáculo visual, tem de coração, o que, no fim, é o que importa. É um filme que valoriza a família, a cultura latina e consegue fazer o mais importante: entreter. Tendo em vista o desgaste cada vez maior na fórmula de filmes de super-heróis, isso, por si só, já é uma conquista imensa. 

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