Quem assiste ao espetáculo “Clô, Pra Sempre”, em cartaz no Teatro União Cultural, em São Paulo, fica impressionado com a caracterização de Eduardo Martini, que interpreta Clodovil Hernandes. Não apenas a maquiagem deixa o ator praticamente idêntico ao estilista, como a interpretação dele faz com que sua voz quase se transforme no palco. Conforme o artista relatou ao programa Antenados, comandado por Danilo Gobatto na Rádio Bandeirantes, ele fez um mergulho profundo para dar vida ao apresentador, que morreu em 2009.
“O Clodovil não é um personagem, é uma persona. Isso que me deixa com muita atenção. Não dá para inventar uma pessoa que existiu. O Clodovil existiu, é forte, tem uma relevância enorme, ele nasceu com esse leque de possibilidades como ser humano. Dou vida a isso. Nem defendo, nem critico”, destacou Martini.
A peça é a segunda em que ele interpreta Clodovil. A primeira, “Simplesmente Clô” já havia cativado o público e dado ao intérprete uma compreensão maior de quem foi o verdadeiro Clodovil, para além daquilo que sempre foi visto diante das câmera e que por diversas vezes foi cercado de controvérsias.
“Acho que o grande problema do Clodovil era falta de amor. Ele não reconhecia nas pessoas o amor que elas tinham por ele. Ele sempre precisava de mais porque ele foi rejeito pelo pai biológico e pelos pais adotivos. A mãe adotiva não gostou dele, disse que não queria cuidar ‘desse macaco cheio de feridas’. Eu acho que ele pedia amor”, opinou.
Aliás, retratar o amor na vida de Clodovil se tornou um ponto central do espetáculo. “Eu quis focar muito no amor. Tanto que a gente termina o espetáculo com uma fosse de amor. Ele amou uma pessoa e ela preferiu ficar com a família porque o cara era casado”, explicou Eduardo Martini.
Além de “Clô, Pra Sempre”, o ator também participa de outras duas peças: “Ladrão Que Rouba Ladrão" e “ara Você Lembrar de Mim”., o que define como uma maratona. "Mas quando surge oportunidade sou daqueles que agarra pelo cabelo. Acho que a vida é isso, temos que fazer. Quem tem projeto é arquiteto, nós temos que fazer”, brinca ele.
Acho que ele [Clodovil] gostaria [da peça]. Até hoje não vi uma pessoa que falasse mal do espetáculo. Tem uma emoção das pessoas, o Clodovil tem uma memória afetiva na vida dos brasileiros. Agora, ele com certeza gostaria e com certeza iria mudar: ‘Isso aqui não quero, isso aqui vamos fazer assim’.