Uma das atrizes mais ativas do Brasil, Ana Beatriz Nogueira está de volta aos palcos após emendar inúmeros trabalhos na televisão. Ela está em cartaz com o monólogo ‘Um Dia a Menos’, no Teatro Renaissance, em São Paulo. Em entrevista ao programa Antenados, comandado por Danilo Gobatto na Rádio Bandeirantes, ela falou sobre o espetáculo e brincou com a forma discreta com a qual leva sua vida e sua carreira, evitando os holofotes.
“O sucesso é tão relativo. Eu nunca fiz uma carreira de celebridade, eu seria péssima nessa carreira. Acho que paparazzo fica deprimido comigo, eu saio pouco. Eu só saio em revista em foto no aeroporto”, frisou ela.
Apesar disso, a atriz é uma das mais conhecidas do país, muito graças ao fato de ter começado muito cedo sua carreira. Em 1987, quando ainda tinha 19 anos, ela protagonizou o filme “Vera”, que contava a história de uma jovem que se descobria transgênero. O longa foi um sucesso internacional e valeu a atriz um Urso de Prata, prêmio de atuação do Festival de Berlim, na Alemanha.
Ela destaca que na época ficou muito surpresa, até porque o longa era bastante “radical” e avançado para o período em que foi lançado.
“No Brasil, na época em que o filme foi feito, não existi a possibilidade de fazer a cirurgia”, destacou.
Eu não esperava ganhar esses prêmios todos a gente torcia para que gostassem do filme. Era um filme radical, avançado para a época, um tema delicado. Foi um sucesso. Em seguida veio o Collor, com o Plano Collor. Eu tinha vários convites para filmes, pouquíssimos saíram. O dinheiro foi confiscado. Eu fiquei muito concentrada em terminar meus estudos.
Agora, ela está totalmente dedicada à peça. “Um Dia a Menos” é baseada em um dos últimos contos de Clarice Lispector e conta a história de Margarida, uma mulher que é bastante solitária e que divide seu apartamento apenas com Augusta, a moça que realiza a arrumação do local. No primeiro dia de férias de Augusta, a protagonista do monólogo precisa encarar a solidão de frente, o que leva a uma série de reflexões.
“Eu acho que a gente vai para tantos lugares com esse espetáculo. Clarice [Lispector] é danada! Ela é boa demais! Tanto que é de 1977 esse texto e você pode fazer para sempre. Primeiro porque solidão não termina na face da terra, ela é um estado que existirá sempre. A questão é a solidão que você escolhe e a solidão que é obrigatória, como foi na pandemia. Mas o se sentir só não tem a ver com pessoas, tem a ver com o estado de espírito em que você se sente só, que você não encontra eco no outro, sentido nas coisas”, explicou Ana.