American Fiction, dirigido por Cord Jefferson, conta a história de Thelonious Ellison (Jeffrey Wright), também conhecido como Monk, um escritor e professor de literatura afro-americano que não consegue emplacar seus livros há anos. De acordo com seu editor, não é que Monk escreva mal, mas sim que suas obras "não tem um estilo popular e representação negra o suficiente” para o mercado.
Quando o editor de Monk diz que suas histórias não têm representação negra o suficiente, ele quer dizer que, apesar do escritor ter textos profundos e bem escritos, seus personagens não estão ligados a um enredo de escravidão, tragédia ou assassinato - o que o torna menos interessante para o comércio literário.
Apesar de ter a total consciência de que a realidade de muitos negros se desenvolve dessa forma violenta, Monk não quer que todas as histórias sejam reduzidas exclusivamente a isso, ou, como ele mesmo diz, está cansado de “histórias para editores brancos que tem fetiches em traumas de negros”.
Segundo Flávia Guerra, colunista de cinema da BandNews FM, o roteiro do filme é tão inteligente que faz o telespectador rir do quão o sistema é patético. Flávia ressalta que reduzir a realidade dos negros apenas ao que é violente chega a ser forçado e, de certa forma, se torna algo falso.
“Ele [Monk] só quer contar a história de um homem com dramas. Pode ser intimista, não pode. Mas toda vez tem que trazer para violência, para o social, para onde, infelizmente, a grande população negra está. Acho que esse roteiro está muito merecido. A direção nem é tão mercante, é de uma linguagem normal, tranquila, clássica. O que me surpreendeu são os diálogos desse filme”.
American Fiction foi indicado ao Oscar 2024, que acontece neste domingo (10), em Los Angeles, nos Estados Unidos, nas categorias de Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Ator (Jeffrey Wright), Melhor Ator Coadjuvante (Sterling K. Brown) e Melhor Trilha Sonora.