“Ainda Estou Aqui”: veja onde assistir e quando o filme estreia

Fernanda Torres, Selton Mello e Fernanda Montenegro fazem parte do elenco da produção aplaudida pela crítica

Da Redação

Ainda estou aqui
Divulgação

O filme "Ainda Estou Aqui", primeiro longa de Walter Salles em 12 anos, que traz Fernanda Torres, Selton Mello e Fernanda Montenegro no elenco, ganhou o primeiro trailer na segunda-feira, 2 de setembro.

"Ainda Estou Aqui" é inspirado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva que conta a história de sua mãe, Eunice Paiva. Fernanda Torres e Fernanda Montenegro interpretam o papel de Eunice em diferentes idades.

Quando estreia “Ainda Estou Aqui”?

Em 2015, um dos filhos de Eunice e Rubens, Marcelo Rubens Paiva, contou a história do desaparecimento de seu pai e da luta de sua mãe no livro Ainda Estou Aqui. Na obra biográfica, ele divide o protagonismo com a sua mãe, relatando não apenas o esforços de Eunice pela verdade, mas sua batalha contra o Alzheimer. 

O filme "Ainda Estou Aqui", dirigido por Walter Salles e estrelado por Fernanda Torres e Selton Mello, foi exibido em uma sessão de gala no Festival de Veneza. Nos cinemas brasileiros, no entanto, o longa ainda não tem previsão de estreia. 

A produção também concorre ao Leão de Ouro, um dos maiores prêmios do cinema internacional.  É possível que o filme estreie apenas após a temporada de festivais de filmes, inclusive podendo ser lançado nos cinemas apenas em 2025.

Onde assistir “Ainda Estou Aqui”?

O longa é uma produção original do serviço de streaming da Globo, portanto é provável que chegue ao catálogo do Globoplay simultaneamente ou logo após a exibição nos cinemas nacionais.

Quando o filme foi gravado?
 


As filmagens do longa-metragem começaram em junho de 2023, no Rio de Janeiro. Para participar do Festival de Cinema de Veneza, as gravações tiveram que ser finalizadas após o dia 9 de setembro do ano passado.

Quem foi Eunice Paiva, tema do filme?

Mãe de Marcelo Rubens Paiva, Eunice Paiva foi uma importante advogada e ativista dos direitos humanos no Brasil, especialmente conhecida por sua atuação durante a ditadura militar (1964-1985). 

Maria Lucrécia Eunice Facciolla Paiva nasceu em São Paulo, em 1929, e ficou conhecida nacionalmente após o desaparecimento de seu marido, Rubens Paiva, que foi um dos casos mais emblemáticos de violação dos direitos humanos durante o regime militar. 

Ele se casaram em 1952 e tiveram cinco filhos. Ele era um ex-deputado federal e militante político, que foi preso e desapareceu nas mãos das autoridades militares.

Em 20 de janeiro de 1971, Rubens Paiva foi levado pela polícia da casa em que vivia com a família no Leblon. No dia seguinte, Eunice também foi presa e permaneceu 12 dias nas dependências do Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) sendo interrogada. 

Após sua libertação, Eunice passou a questionar o que havia ocorrido com seu marido - mas não obtinha nenhuma resposta 

Eunice Paiva, diante desse trágico evento, tornou-se uma figura central na luta por justiça e pelos direitos das vítimas da ditadura ao lado de outras mulheres, a estilista Zuleika Angel Jones, a Zuzu Angel, de Crimeia de Almeida, Inês Etienne Romeu, Cecília Coimbra, entre outras.

Ela enfrentou a repressão do governo, buscando incessantemente informações sobre o paradeiro do marido, mesmo sob ameaças e perseguições. A advogada também teve um papel importante na redemocratização do Brasil, trabalhando para garantir que as violações dos direitos humanos fossem expostas.

Foi apenas em 1996, após 25 anos de luta, que Eunice conseguiu que o Estado Brasileiro emitisse oficialmente o atestado de óbito de Rubens Paiva. A primeira prova objetiva de seu assassinato só foi encontrada 41 anos depois, em novembro de 2012, com uma ficha que confirmava sua entrada em uma unidade do DOI-Codi.

Eunice Paiva conviveu com Alzheimer por 14 anos e faleceu em 2018, aos 86 anos. Apesar disso, seu legado como defensora dos direitos humanos e sua coragem ao enfrentar o regime militar brasileiro permanecem como exemplo de luta pela justiça e pela verdade no país.

Crítica internacional

A produção foi exibida no Festival de Veneza no último domingo (1º) e foi um sucesso entre a crítica internacional.

Segundo o "Deadline", a plateia do festival aplaudiu de pé por 10 minutos após a exibição do filme. O longa recebeu avaliações majoritariamente positivas, com destaques para a atuação de Fernanda Torres - para o "Deadline", "Ainda Estou Aqui" pode colocar a atriz na disputa por prêmios.

O The Guardian deu três estrelas de cinco ao filme, elogiando a performance "incrível" de Torres no "drama sombrio e sincero". Para o jornal britânico, o longa "imperfeito e manco" de Salles "nos diz que a esperança é eterna, que a alegria é algo dado e que a maioria das famílias felizes encontrará uma maneira de sobreviver".

O "Deadline" descreve o filme como uma "celebração ao Brasil", e exalta Fernanda Torres, dizendo que a atriz "tem uma delicadeza emocional" em seu papel.

"É uma atuação que deve catapultá-la para a corrida pelos prêmios, 25 anos depois de sua mãe Fernanda Montenegro ter sido indicada ao Oscar pelo filme de sucesso de Salles, 'Central do Brasil'", acrescenta o site.

O "Hollywood Reporter" relembrou a indicação ao Oscar de Fernanda Montenegro para exaltar a atuação da filha e a relação entre as duas. "O que torna a conexão ainda mais pungente é que [Montenegro] aparece como a versão idosa e enferma da protagonista — uma mulher de força silenciosa e resistência interpretada pela filha de Montenegro, Fernanda Torres, com extraordinária graça e dignidade diante do sofrimento emocional", diz o texto.

A "Variety" afirma que o longa é "profundamente pungente", com uma atuação "soberba" de Fernanda Torres. Já o "IndieWire" diz que a performance da atriz "é tão espetacular quanto sua filmografia sugere".

Para o portal cinematográfico "ScreenDaily", Salles "nunca exagera nas batidas emocionais do filme", confiando na atuação "magnífica e complexa" de Torres.

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