Será mesmo que basta apresentar excelentes resultados para conquistar aquela tão sonhada promoção? Bom desempenho, dedicação, performance invejável e metas cumpridas são mesmo garantias de visibilidade - e de consequente ascensão profissional? Trabalhar incansavelmente, se empenhar ao limite máximo, passar mais tempo na empresa do que em casa - tudo isso te fará subir mais um degrau na sua carreira?
Será?
Se você é mulher (em cargo de liderança), sinto muito em te dizer: não, nem sempre. Bons resultados não são suficientes. Se ótimos números e desempenho bastassem, nós, mulheres, não seríamos minoria em posições de liderança. Sim, é (sobretudo) uma questão de desigualdade de gênero. Sim, é porque somos mulheres.
Você já tinha se dado conta?
A verdade é que existe uma barreira de gênero (e raça!) muito forte e absolutamente clara, no universo corporativo (e fora dele também, né?). Não existe outra justificativa plausível para que apenas 23% dos cargos executivos sejam ocupados por mulheres - conforme dados apresentados pela BR Rating, primeira agência de rating de governança corporativa do país, em recente pesquisa. Pasmem.
Dentre outros dados estarrecedores, o estudo da BR Rating, realizado com 486 empresas brasileiras (que empregam entre 200 e 10 mil funcionários!), nos revela a seguinte realidade: apenas 3,5% das companhias têm CEOs mulheres. E mais: somente 16% das empresas pesquisadas possuem mulheres em cargos de diretoria. Se pensarmos em cargos de gerência, esse número sobe (um pouco!) para 19% - o que continua baixo, evidentemente. E, por fim, apenas 23% das posições executivas são ocupadas por mulheres. Pior ainda quando analisamos o recorte racial: um levantamento feito pela Consultoria Gestão Kairós, especializada em diversidade, nos mostra que apenas 12% das mulheres que ocupam cargos executivos são negras.
O que fazer diante dessa triste realidade? Como mudar esse cenário machista, sexista e racista, pano de fundo do ambiente corporativo? O primeiro pensamento que me ocorre destacar é: esses números deixam claro que nós, mulheres, precisamos tomar as rédeas de nossas carreiras - e construirmos esse caminho de ascensão de forma estratégica, com planejamento. Infelizmente, a maré não está a nosso favor, já sabemos.
Mas nós podemos fazer a diferença. Antes de mais nada, precisamos ter consciência sobre equidade de gênero e raça. Em segundo lugar, precisamos nos posicionar em relação aos nossos objetivos: o que você espera de sua vida profissional? Qual seu próximo passo? Onde você quer chegar? Quais seus pontos fortes e seus valores? Você tem clareza sobre quem você é - e sobre sua importância nessa empresa? Se sim, não espere que te vejam. É preciso aprender a transmitir tudo isso e comunicar sobre seus resultados e objetivos, de forma proativa. Seja você (e apenas você!) a protagonista de sua própria carreira. Não adianta esperar a valorização externa. Ela não vem. Ou raramente vem.
Para ser reconhecida pelo outro, é preciso, antes, se reconhecer. Comunique quem você é e para onde você quer ir. Busque. Fale. Mostre. Guie seu caminho.
Estamos juntas.