Liderança Feminina, por Thais Cassano

Quem disse que não queremos mais?

Será que ser mulher nos define como menos desejantes, no quesito liderar? Será que ser mãe nos faz colecionar menos objetivos, menos metas, menos vontade de liderar e conduzir uma equipe?

Thais Cassano

Liderança Feminina, por Thais Cassano

Vamos conversar sobre os desafios e as oportunidades para mulheres que querem crescer profissionalmente

Quem disse que não queremos mais?
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Se você é uma mulher-líder, se você ocupa um cargo estratégico em alguma organização ou se apenas está inserida no cenário corporativo, certamente você já deve ter presenciado situações em que algum homem levantou dúvidas sobre o desejo das mulheres por ocupar altas posições de liderança. E se essas mulheres são mães, então, aí é que esses mesmos homens acreditam que elas desaceleram - e já não fazem mais questão de crescer nas organizações em que atuam. Eu mesma, durante a minha licença maternidade, fui questionada se voltaria para a empresa onde trabalhava, já que tive filhas gêmeas, algo difícil de conciliar – segundo eles, os homens.

Será que ser mulher nos define como menos desejantes, no quesito liderar? Será que ser mãe nos faz colecionar menos objetivos, menos metas, menos vontade de liderar e conduzir uma equipe? Será que a maternidade nos paralisa? Claro que não.

A verdade é que nós, mulheres, queremos mais. Muito mais. Queremos ocupar os espaços de liderança, sim. Queremos posições mais altas nas empresas, independentemente de termos filhos ou não. Aliás, vocês já viram algum homem ser questionado sobre filhos, quando cotados para uma possível promoção? O que acontece no universo (machista!) corporativo, é que nossas aspirações de crescimento profissional enfrentam desafios e micro agressões diversas e sutis - capazes, inclusive, de minar nossa confiança e ambição. Que mulher nunca foi interrompida durante uma reunião? Que mulher nunca teve suas habilidades de comando questionadas? Que mulher-líder nunca ouviu comentários maldosos de corredor: por que será que ela foi escolhida para esse cargo, se nem é tão preparada assim?

O primeiro passo para a mudança, gosto sempre de dizer, é termos consciência dos desafios. Conhecê-los antes - para superá-los depois. Por isso, para promovermos uma igualdade de oportunidades no mundo corporativo, precisamos, de antemão, reconhecer que sim, existe um problema de desigualdade de gênero, somos alvo de micro agressões sabotadoras - e tudo isso se agrava quando levamos em conta a interseccionalidade. Mulheres negras, mulheres homossexuais e mulheres com deficiência encontram muito mais resistência nos seus ambientes de trabalho. O ano é 2023, mas a realidade é esta.

O relatório Women in the Workplace 2022, fruto de uma pesquisa realizada pela McKinsey, em parceria com o LeanIn.Org, reforça que o mito de que as mulheres não desejam posições de liderança mais altas é absolutamente infundado. Para além, o estudo aponta alguns possíveis caminhos para a solução desse atual contexto. Para avançar na equidade de gênero no local de trabalho, portanto, é essencial que as empresas adotem práticas efetivas para atingir metas de diversidade, criem processos de recrutamento e promoção inclusivos, bem como forneçam treinamento contra os preconceitos existentes naquele ambiente (e fora dele, claro). Também se faz necessário, conforme o relatório, o investimento e criatividade para criar um ambiente profissional - no qual todas as mulheres se sintam valorizadas, pertencentes e autoconfiantes.

Se um pouco disso for feito, creio que poderemos avançar na direção que sonhamos: um futuro em que as mulheres sejam demandadas, capacitadas e valorizadas - como mulheres e líderes corporativas.

Um futuro feminino. Um futuro em que queremos (e conseguimos!) muito mais.

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