Por que mulheres demoram mais para se tornarem CEOs?

Mulheres CEOs relatam que, ao longo de suas carreiras, enfrentaram obstáculos que exigiram que trabalhassem mais e por mais tempo para serem vistas como qualificadas para a liderança

O recente estudo da Korn Ferry sobre mulheres CEOs revelou uma estatística importante: as mulheres que chegam ao cargo de CEO têm, em média, quatro anos a mais que seus colegas homens. Esse dado levanta questões sobre o que está atrasando o progresso das mulheres até o topo e destaca as barreiras estruturais e culturais que ainda precisam ser superadas no ambiente corporativo.

Por que as mulheres demoram mais?

De acordo com o estudo, essa diferença de idade está relacionada ao fato de que as mulheres passam mais tempo em várias funções e indústrias antes de chegarem ao cargo de CEO. Enquanto os homens muitas vezes seguem uma trajetória mais linear e rápida, as mulheres precisam acumular uma gama mais ampla de experiências para provar seu valor e alcançar visibilidade, ou seja, elas tem mais obstáculos para superar.

Além disso, as mulheres CEOs relatam que, ao longo de suas carreiras, enfrentaram obstáculos que exigiram que trabalhassem mais e por mais tempo para serem vistas como qualificadas para a liderança. Muitas relataram que não tinham o objetivo inicial de se tornarem CEOs até que mentores ou patrocinadores as encorajassem a considerar essa possibilidade​.

Eu sempre comento com minhas mentoradas que ter exemplos e pessoas que enxergam nosso potencial é um impulsionador de nossa autoconfiança, fundamental para batalharmos pelo avanço na carreira. 

Porém, apesar dos desafios, as mulheres que chegam ao topo demonstram algumas características que as diferenciam. Entre os principais traços estão a coragem, a resiliência e a agilidade para lidar com incertezas e ambiguidades no mercado de trabalho, especialmente em um ambiente em constante mudança. Esses atributos, que surgiram repetidamente no estudo, indicam que as mulheres desenvolvem habilidades essenciais para navegar em cenários complexos.

Além disso, as mulheres CEOs pontuam significativamente mais alto em humildade, o que reflete uma abordagem menos focada na autopromoção e mais na valorização do trabalho em equipe. Isso não apenas fortalece suas equipes, mas também contribui para uma cultura corporativa mais colaborativa, essencial para levar as empresas ao sucesso. 

A Importância do patrocínio e da mentoria

Outro ponto crucial destacado no estudo é o papel dos mentores e patrocinadores no avanço das mulheres para cargos de CEO. Duas em cada três mulheres entrevistadas afirmaram que nunca imaginaram que poderiam ser CEOs até que alguém as incentivasse diretamente. Esses mentores não apenas proporcionam orientação, mas também ajudam a abrir portas, garantindo que as mulheres tenham acesso a oportunidades de liderança. 

Eu posso afirmar, pela minha experiência com o Circle, minha mentoria para mulheres executivas, que isso é a mais pura verdade. Minhas mentoradas chegam até mim preparadas para novos desafios, mas precisam de ajuda com uma estratégia clara e posicionamento para fazer isso acontecer dentro das empresas em que trabalham. 

O fato de que as mulheres demoram mais para chegar ao topo não reflete uma falta de competência ou ambição, mas sim as barreiras adicionais que elas enfrentam no caminho para o sucesso. Entretanto, as mulheres que chegam lá têm mostrado características essenciais para a liderança moderna, como a capacidade de lidar com complexidade e ambiguidade, além de um forte senso de propósito e empatia. Para mudar esse cenário e reduzir o tempo que as mulheres levam para alcançar cargos de liderança, é essencial que as empresas ofereçam mais oportunidades de desenvolvimento, incentivem a diversidade e promovam patrocínio ativo para talentos femininos emergentes.

Ao promover um ambiente mais inclusivo e focado no crescimento sustentável, as organizações podem acelerar o processo para que mais mulheres alcancem os mais altos níveis de liderança, beneficiando não apenas as próprias mulheres, mas também o desempenho geral das empresas.

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