O ex-policial militar Élcio de Queiroz confessou, em delação premiada, participação no assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018. A informação foi confirmada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino.
Segundo o ministro, Élcio confirmou a participação dele e de mais duas pessoas no crime, o policial reformado Ronnie Lessa e o ex-bombeiro Maxwell Simões Correa, conhecido como Suel, que foi preso na manhã desta segunda-feira (24) durante a Operação Élpis, da Polícia Federal e do Ministério Público do Rio.
A delação aconteceu há duas semanas. Suel foi encontrado na casa dele no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio, onde cumpria prisão domiciliar. Ele é acusado de ter escondido as armas usadas no crime e também teria participado da preparação do crime e do acompanhamento da rotina da vereadora.
O ex-militar já havia sido condenado em 2021 a quatro anos de prisão por atrapalhar as investigações do caso, ao participar do sumiço das armas de Lessa. A investigação apontou que o armamento foi retirado de um apartamento de Lessa e jogado no mar da Barra da Tijuca.
Suel também chegou a ser preso na Operação Calígula, acusado de envolvimento com a contravenção chefiada pelo bicheiro Rogério de Andrade.
Em entrevista coletiva, Flávio Dino disse que a investigação agora alcança um novo patamar.
Sete mandados de busca e apreensão também foram cumpridos na capital e na Região Metropolitana. O irmão de Ronnie Lessa, Denis Lessa, foi um dos alvos de mandado de busca e apreensão
Pelas redes sociais, a ministra da Igualdade Racial e irmã de Marielle, Anielle Franco, afirmou que confia na condução da investigação pela PF e repetiu a pergunta: quem mandou matar Marielle e por quê?
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, comemorou e disse que a semana está começando bem, na luta pela Justiça e contra a impunidade. O ministro também deve conceder entrevista coletiva sobre o caso nesta manhã.
Desde fevereiro o caso passou a ser investigado pela PF. No inicio do ano, Dino disse que a Polícia Federal colaborava com as investigações do Rio para tentar elucidar os mandantes e as motivações do assassinato.
Em março, o atentado completou cinco anos. Até então, somente um ex-policial militar e um policial reformado estavam presos, de forma preventiva. As investigações apontam que Élcio Queiroz dirigiu o veículo que perseguiu o carro da parlamentar para que Ronnie Lessa pudesse efetuar os disparos. A arma do crime nunca foi encontrada. Ainda não foi revelado quem mandou matar Marielle e qual foi a motivação da execução.
No ano passado, o Supremo Tribunal Federal determinou que Élcio Queiroz e Ronnie Lessa fossem a júri popular. No entanto, a data do julgamento sequer foi definida.
Marielle e Anderson morreram na noite do dia 14 de março de 2018, após saírem de um evento promovido pelo PSOL, partido da vereadora. O carro em que eles estavam foi alvejado por, pelo menos, treze disparos: Marielle foi assassinada com cinco tiros na cabeça e Anderson com três tiros nas costas. Somente a assessora da parlamentar, Fernanda Chaves, que também estava no carro, sobreviveu.