Candidato do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao governo de São Paulo, o ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse nesta quarta-feira (13) que para decolar em sua campanha aposta em transferência de votos causada pela polarização da eleição presidencial.
Em entrevista ao BandNews TV, o bolsonarista disse apostar que as campanhas mais bem-sucedidas nos estados serão as alinhas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder em todas as pesquisas registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) neste ano, ou Jair Bolsonaro, que aparece em segundo lugar até agora.
“Isso já é percebido em algumas pesquisas, uma que saiu nesta segunda-feira, por exemplo, da XP, mostra, quando é feita aquela pergunta ‘você vota no (Fernando) Haddad (PT) com apoio do Lula’, ‘você vota no Tarcísio com apoio de Bolsonaro’, a gente já dá um salto. Isso mostra transferência de votos daqueles candidatos fortes à Presidência para seus respectivos candidatos nos Estados”, disse o ex-ministro.
Tarcísio completou dizendo que a polarização política deve ser positiva para sua campanha. “Acredito que vai ter uma polarização e as campanhas mais bem-sucedidas deverão ser aquelas que estão alinhadas com campanhas presidenciais fortes”, aponta.
Polêmica
Sem apresentar provas, o pré-candidato voltou a defender que “São Paulo tem um pacto com o crime organizado”.
Tarcísio diz que o fato de o Estado ter o menor número proporcional de homicídios do País, por exemplo, tem relação com um acordo entre governos e a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). “Isso está registrado na literatura especializada, nos livros que tratam na ascensão do PCC ao longo da história, em uma série de matérias jornalísticas”, defendeu.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública paulista, da gestão do governador Rodrigo Garcia (PSDB), rebate publicamente as afirmações do candidato bolsonarista.
"As ilações do ex-ministro, além de descabidas e irresponsáveis, revelam o absoluto desconhecimento do tema segurança pública, em especial no que se refere ao estado de São Paulo. Só nos últimos dois anos, mais de R$ 1,2 bilhão em ativos ligados às facções foram recuperados pelas forças de segurança estaduais", diz trecho da nota, que elenca uma série de ações.
Câmeras nos PMs
Uma das principais discussões levantadas pela pré-campanha de Tarcísio até agora é a defesa do fim da instalação de câmeras nos uniformes dos policiais militares do Estado.
Os batalhões da Polícia Militar (PM) de São Paulo que adotaram o sistema de câmeras pessoais tiveram uma redução de 87% nas ocorrências de confronto, segundo levantamento da corporação.
Os equipamentos instalados nas fardas dos policiais registram áudio e vídeo em tempo real, e começaram a ser usados em 2020. Segundo a PM, a queda registrada é 10 vezes maior do que nos batalhões que não utilizam equipamentos.
Para o pré-candidato, as câmeras dificultam o trabalho da polícia. Ele disse que ouviu “agentes de segurança pública” que teriam relatado “uma série de dificuldades”.
“A câmera, no final das contas teria que ser um instrumento para proteger o policial e não é isso que de fato está acontecendo. Eles nos relataram, por exemplo, que é comum uma criança aparecer com um papelote de droga na frente da câmera dizendo ‘perdi, perdi, perdi’, aí aquela guarnição que está superequipada é obrigada a fazer um flagrante e levar aquele menor para uma delegacia, perde horas, tirou uma unidade de circulação, enquanto isso abriu espaço para que crimes de maior potencial, delitos de maior natureza possam prosseguir”, apontou
Obras
Questionado sobre o entrave imposto pela sua gestão no Ministério da Infraestrutura para o andamento da construção de uma ponte entre Santos e Guarujá, no litoral paulista, Tarcísio defendeu a elaboração de um projeto mais ousado, da construção de um túnel que cruze o canal.
Disse que a demanda do atual governo de São Paulo prejudicaria o fluxo nos terminais de contêineres da região.
“Não temos dúvida de que o melhor é o túnel. Porque nós não podemos fazer uma ponte que comprometesse as manobras dos terminais de contêineres. O financiamento da ponte ia ser feito por meio da prorrogação do contrato da época. É um contrato que já tem uma tarifa muito cara”, afirma.