O Instituto de Criminalística da Polícia Cientifica de São Paulo concluiu, neste sábado (5), que o laudo divulgado por Pablo Marçal (PRTB) que associava Guilherme Boulos (Psol) ao uso de cocaína é falso.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do estado (SSP-SP), o relatório da perícia foi encaminhado à autoridade policial, que instaurou inquérito para apurar todas as circunstâncias relativas aos fatos.
“É falsa a imagem da assinatura em nome do médico ‘JOSÉ ROBERTO DE SOUZA’, lançada no receituário objeto de exame (...), posto que tal assinatura não apresenta as mesmas características gráficas dos exemplares observados”, atestou a perícia oficial do Instituto de Criminalística.
Segundo a análise, a principal diferença está na velocidade de execução da assinatura forjada, que tem o desenvolvimento mais lento do que a assinatura verdadeira.
Também foi constatado que o médico nunca trabalhou na clínica citada no laudo falso. Outra informação divulgada pela perícia foi que o RG atribuído a Boulos no documento está com dígitos a mais, fora do padrão da Carteira de Identidade expedida pelo governo de São Paulo.
A campanha do candidato do Psol registrou um boletim de ocorrência neste sábado (5), e um inquérito foi aberto pela polícia para investigar o crime de uso de documento falso e outras ilegalidades.
PF abre inquérito
A Polícia Federal também abriu um inquérito para apurar a divulgação do suposto laudo. A Justiça Eleitoral autorizou o cumprimento de diligências após reconhecer indícios de falsidade no material. A publicação foi feita na última sexta-feira (4), mas retirada do ar pelo Instagram.
A defesa de Boulos ainda pediu a prisão preventiva de Marçal em uma notícia-crime enviada à PF.
Em um vídeo publicado neste sábado, a filha do médico José Roberto de Souza, que teria assinado o suposto laudo, afirmou que o pai nunca trabalhou na clínica onde o prontuário foi emitido. Ele morreu em 2022.
"Aconteceu uma coisa um tanto quanto absurda no meio dessas campanhas políticas. Não sei o por que e em qual contexto foi usado o nome e o CRM [registro profissional] do meu pai pelo Pablo Marçal. A questão é muito grave, não sei até que ponto e por que usar a identidade de uma pessoa que nem está aqui", disse Aline Souza.
"As coisas estão começando a ser apuradas. Mas quero esclarecer aqui que o meu pai jamais trabalhou nesta clínica que foi divulgada", completou.
Entenda
Na noite de sexta-feira (04), Marçal divulgou um documento que seria uma prova de que Boulos teria buscado ajuda médica e testado positivo para uso de cocaína após dar entrada em uma clínica na Zona Sul de São Paulo, em janeiro de 2021.
Em transmissão nas redes sociais, Boulos repudiou a atitude de Marçal e afirmou que o documento é mentiroso e que ele responderá em todas as instâncias da Justiça pela manipulação.
Mônica Bergamo adiantou, na ocasião, que o médico que assina o laudo havia morrido, que o dono da clínica já tinha sido preso por falsificação de diploma médico, e que Boulos tinha provas de que estava em uma ação de distribuição de cestas básicas no dia de sua falsa internação.
"Tudo indica que seja uma farsa, que coloca a eleição em um nível de baixeza que poucas vezes foi vista", afirmou a colunista da BandNews FM.