Nunes e Boulos fazem debate marcado por acusações sobre 'apagão', abraço e provocações

Grupo Bandeirantes promoveu o primeiro debate televisionado entre os candidatos mais votados no primeiro turno da corrida à prefeitura de São Paulo para discutir propostas do futuro da cidade

Por Da redação

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Guilherme Boulos e Ricardo Nunes no debate da Band
@renatopizzutto

Primeiro debate televisionado do segundo turno das eleições municipais de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB) se encontraram para discutir o futuro da capital paulista na noite desta segunda-feira (14). 

Marcado, inicialmente, pela discussão sobre a responsabilidade pelas ações ineficazes da Enel em relação à crise energética na cidade, Boulos e Nunes protagonizaram ataques brandos e um debate que destoou da animosidade presente nos encontros do primeiro turno.

No primeiro bloco, o primeiro a responder o questionamento proposto para ambos foi Boulos, que afirmou que a cidade é "refém" de duas incompetências: a Enel e o atual mandatário. 

Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB) durante participação no debate na Band

"A Enel presta um serviço horroroso, e eu, como prefeito de São Paulo a partir de janeiro do ano que vem, vou trabalhar para tirá-la daqui. E o prefeito que não fez a lição de casa: poda de árvores. Tivemos um apagão a menos de um ano. Foi avisado, e nada foi feito de lá para cá", analisou o candidato do PSOL.

Nunes, que teve a oportunidade de responder a mesma pergunta, se solidarizou com as vítimas e disse ser "inaceitável" a atuação da Enel na cidade. No entanto, disse que a responsabilidade passa pela esfera federal.

"O governo federal detém a concessão, regulação e fiscalização e não fez nada, desde novembro do ano passado. Entrei com três ações judiciais contra a Enel. Fui a Brasília pedir a rescisão do contrato. [...] Infelizmente, não houve nenhuma ação", justificou o atual prefeito.

Confronto entre os candidatos

Novidade no debate do segundo turno das eleições presidenciais de 2022, os candidatos puderam gerenciar 12 minutos de falas individuais para o confronto direto de ideias. O assunto seguiu sobre a ineficácia da Enel no gerenciamento da crise energética na cidade.

Atual prefeito e candidato a reeleição em São Paulo, Ricardo Nunes (MDB)

Nunes questionou as ações de Guilherme Boulos, como deputado federal, durante a falta de energia na capital paulista e pontuou que "os prefeitos não tem ação contra a Enel". "Assim como Diadema, que é governada pelo PT, está sofrendo sem energia", completou.

Deputado federal e candidato da oposição, Guilherme Boulos (PSOL)

Boulos questionou a falta de responsabilidade do atual prefeito, já que "sempre o problema é do outro". "Você não faz poda de árvores e a culpa é do Lula? Nunca o problema é seu, nunca a responsabilidade é sua? Você errou", criticou Boulos.

Objeto principal do debate neste primeiro bloco, Nunes leu o contrato do fornecimento de energia da Enel e citou o governo federal como um dos responsáveis sobre a fiscalização da atuação da empresa. "Lamento que você, como deputado, não teve o cuidado, sequer, de ler o contrato. [...] Você quer ser prefeito e sequer sabe das responsabilidades", disse.

"Você que ligou e pediu poda e remoção de árvores, você acha que ele [Nunes] fez o trabalho dele? Você está satisfeito? Demora mais de um ano para fazer uma poda na cidade de São Paulo, é muita ineficiência. [...] Seria mais digno você pedir desculpas. [...] Você botou um coletinho e fingiu que fez alguma coisa. Você viu as equipes [da prefeitura] de sexta para cá?", rebateu Boulos.

Em um dos poucos momentos que o assunto desviou do caos vivido pelos paulistanos no último final de semana, sem energia, Nunes acusou Boulos de "passar pano para rachadinha" do deputado federal André Janones (Avante-MG).  

O psolista se defendeu e trouxe para o debate a investigação da Polícia Federal sobre supostos desvios da "máfia das creches" em São Paulo. Boulos propôs a abertura do sigilo bancário entre ambos, Nunes não respondeu se aceitaria o desafio e se atropelou com papéis. Boulos, então, aproveitou: "Cuidado, fica calmo".

A polêmica que norteou o primeiro bloco do debate refere-se à resposta da Enel ante as fortes chuvas que atingiram São Paulo na noite da última sexta-feira (11). Ventos de quase 100 km/h, junto da tempestade, fizeram com que bairros da cidade ficassem sem o fornecimento de energia.  

Até o início desta segunda, mais de meio milhão de casas ainda não contavam com o retorno do acesso à luz, mesmo 60 horas depois do ocorrido. Faróis de trânsito e iluminação pública também foram afetados. Associação Comercial de São Paulo (ACSP) estimou que as perdas com a falta de energia causaram um prejuízo de quase R$ 100 milhões.

Segundo bloco e as propostas

O segundo bloco do debate foi marcado pela exposição de propostas dos candidatos e discussões sobre diferentes setores: habitação, combate ao crime organizado, mobilidade urbana, geração de empregos e segurança pública.

Boulos: "Tem coisas que independem de ser de esquerda ou de direita, são questões de humanidade. Se indignar com pessoas na rua é uma delas"

Nunes: "Quem defende a desmilitarização da polícia e liberação de drogas, não tem condições de falar segurança pública"

Boulos: "Vou liberar [motorista de] Uber do rodízio em São Paulo.

Nunes: "Estou com 72 quilômetros de corredores de ônibus, [...] e também investi no transporte hidroviário"

Nunes e Boulos se abraçam em meio a acusações entre candidatos

Nunes acusa Boulos de "não saber o que é trabalhar", que rebate: "Abre seu sigilo bancário"

Acusações e considerações finais

No último bloco, os candidatos debateram sobre a redução de impostos em São Paulo. Nunes ressaltou ter diminuído a tributação enquanto aumentou a arrecadação do município. "Mandei projeto para a Câmara para reduzir o ISS, e o PSOL votou contra. Por que vocês são contra diminuir impostos?", questionou o prefeito.

Boulos se comprometeu a não aumentar impostos durante sua gestão, caso seja eleito em 27 de outubro, e exaltou o poder de investimento que a capital paulista tem atualmente. "Até porque, não precisa. São Paulo tem dinheiro, o maior orçamento da história e o que falta é prefeito", disse.

No fim do segundo 'confronto' entre os candidatos, o candidato do PSOL buscou nacionalizar o debate e trouxe o apoio de Nunes às declarações do ex-presidente sobre os acontecimentos durante a pandemia de Covid-19.

"Você acha que Bolsonaro fez tudo certo na pandemia? Você não teve coragem de dizer que Bolsonaro fez tudo certo. Você declarou que se arrepende de ter sido a favor da obrigatoriedade da vacina", disse Boulos.

"O que falei é de obrigar o 'passaporte da vacina. [...] Imagina ter que ter um documento para ir à missa ou culto, para entrar num restaurante. Isso eu acho que não tem sentido", rebateu o atual mandatário.

Num dos últimos questionamentos, Boulos perguntou a Nunes sobre os posicionamentos de seu vice, coronel Mello Araújo, que é favorável a tratamentos diferentes aos moradores da periferia - que receberia 'chave de braço' e porrada - e das regiões mais ricas - que seriam recebidos com 'bom dia, doutor'.

"O problema dele [Boulos] não é com coronel Mello, é que ele não gosta da polícia. A vida inteira correu de polícia e depredou. [...] Nosso deputado é desinformado", concluiu o prefeito.

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