Número de candidatos indígenas aumenta 32% nestas eleições

São 172 candidatos registrados, o que representa 0,62% do universo de candidaturas, segundo estudo do Inesc

Por Karina Crisanto

Candidaturas indígenas tiveram crescimento nestas eleições Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Candidaturas indígenas tiveram crescimento nestas eleições
Marcello Casal Jr./Agência Brasil

As eleições de 2022 terão mais candidatos autodeclarados indígenas do que em 2018, aponta pesquisa do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc). São 172 candidatos indígenas distribuídos por todos os estados, incluindo o Distrito Federal, 42 candidaturas a mais em relação às últimas eleições gerais, o que representa um aumento de 32%. 

Segundo o Censo de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem cerca de 897 mil indígenas - sendo 305 povos e 274 línguas - o que representa 0,5% da população brasileira. 

“Se considerarmos a proporção de indígenas no total, saiu de 0,47% para 0,62% no universo geral de candidaturas”, indica o estudo do Inesc. “Vale ressaltar que o Censo de 20102 revelou que 896.917 indígenas vivem no Brasil, o que equivale a 0,5% da população brasileira. Portanto, no que se refere às candidaturas, os indígenas estão representados nessas eleições. Os números permitem imaginar uma aposta dos povos indígenas na disputa pela institucionalidade que, neste país, sempre foi reduto de brancos.” 

Em relação aos cargos, 103 candidatos disputam para deputado estadual, 55 para deputado federal, dois para governador, dois para senador, quatro para vice-governador, dois para deputado distrital, dois primeiro suplentes e um segundo suplente. 

Dos 172 candidatos, um concorre à vice-presidência: Raquel Tremembé, ou Kunã Yporã, do PSTU, disputa na chapa de Vera Lúcia, do mesmo partido. Raquel é indígena, líder da etnia Tremembé, integrante na Associação de Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade e professora. É a segunda vez que uma indígena concorre à vice-presidência. Em 2018, Sônia Guajajara (PSOL) compôs a chapa do candidato Guilherme Boulos.

Ainda segundo a pesquisa divulgada pelo Inesc, 20 candidatos indígenas se declaram como professores, 11 são servidores públicos, 11 agricultores, 8 empresários - que juntos somam um patrimônio de mais de R$ 2,3 milhões - e tem os políticos: seis concorrem a deputado estadual e um a deputado federal. 

Ao comparar com a quantidade total dos candidatos para as eleições gerais deste ano, 9.353 de 28.274 candidaturas registradas são de mulheres, a equidade de gênero entre os candidatos indígenas chama a atenção. 90 são homens e 82 mulheres. 

Candidaturas indígenas por região e UF: 

Os estados com mais candidatos indígenas estão concentrados na região Norte do país, com destaque para Roraima, com 27 candidatos, e Amazonas, com 18. Já o Mato Grosso, no Centro-Oeste, tem um número abaixo do esperado, apenas quatro. Goiás e Alagoas são os estados com menos candidatos indígenas, apenas uma em cada. 

Norte: 69
Roraima: 27
Amazonas: 18
Acre: 9
Amapá: 4
Rondônia: 4
Tocantins: 4
Pará: 3

Nordeste: 35
Pernambuco: 8
Ceará: 6
Bahia: 5
Maranhão: 4
Rio Grande do Norte: 3
Paraíba: 3
Piauí: 3
Sergipe: 2
Alagoas: 1 

Centro-Oeste 19
Mato Grosso do Sul: 11
Mato Grosso: 4
Distrito Federal: 3
Goiás: 1

Sudeste: 33
São Paulo: 13
Rio de Janeiro: 11
Minas Gerais: 6         
Espírito Santo:  3

  • Sul: 15
  • Rio Grande do Sul 6
  • Paraná: 5
  • Santa Catarina: 4
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  • Em abril deste ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) publicou a portaria Nº 367/2022 que institui a Comissão de Promoção de Participação Indígena no Processo Eleitoral elaborar estudos e projetos para promover e ampliar a participação de pessoas indígenas no processo eleitoral. "Planejamento de ações com a finalidade de enfrentar a sub-representatividade indígena, de forma a auxiliar a Justiça Eleitoral no compromisso de ampliar o exercício da cidadania desse grupo", reitera o artigo 2º da resolução.