Eleições

Lula e Bolsonaro fazem a eleição mais polarizada da história neste domingo (30)

Votação começa às 8h e termina às 17h, no horário de Brasília; Band trará a cobertura completa da votação e da apuração

Por Luiza Lemos

Lula e Bolsonaro disputam neste domingo (30) a eleição para presidente Carla Carniel e João Guilherme Arenazio/Reuters
Carla Carniel e João Guilherme Arenazio/Reuters

Mais de 156 milhões de eleitores estão aptos para neste domingo (30) decidir a eleição presidencial mais polarizada e acirrada da história. A votação começa às 8h e termina às 17h, no horário de Brasília. O presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disputam voto a voto a preferência do eleitor após uma campanha marcada por troca de acusações, busca por apoio político e debates acalorados. Na noite deste domingo, a apuração dos votos vai definir afinal quem irá governar o país nos próximos quatro anos.

O Grupo Bandeirantes de Comunicação trará toda a cobertura do segundo turno das eleições presidenciais e da disputa nos 12 estados que vão definir o governador na Band, BandNews, Rádio Bandeirantes e BandNews FM, no portal Band.com.br e nas plataformas digitais do Band Jornalismo. A partir das 17h o eleitor poderá acompanhar a apuração dos votos em tempo real e, às 21h30, o Canal Livre vai debater o resultado das eleições e o que muda no Brasil a partir de 2023.

No primeiro turno, o candidato do PT teve 48,4% dos votos, com 57.259.504 milhões de brasileiros optando por Lula como presidente. Jair Bolsonaro, por sua vez, teve 43,2% dos votos e 51.072.345 apoiando a reeleição do atual presidente. Desde a redemocratização do Brasil, em 1989, Bolsonaro foi o primeiro presidente a perder um primeiro turno na disputa pela reeleição e tinha o desafio de conquistar mais de seis milhões de votos para ganhar o segundo turno e ultrapassar Lula. 

Enquanto o primeiro turno teve o foco na crise da Covid-19, a economia, corrupção, o orçamento secreto e projetos sociais, como o Auxílio Brasil, o segundo turno mudou o alvo para conquistar os votos dos eleitores. Logo no começo do segundo turno, tanto Lula, quanto Bolsonaro, se voltaram para o eleitorado feminino, evangélico e nordestino para conquistar os eleitores. 

Bolsonaro precisou mudar o tom com a região Nordeste, região em que perdeu por aproximadamente 13 milhões de votos. O presidente fez mais visitas na região, fez inserções na mídia voltado ao público nordestino e chegou a denunciar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que a propaganda no rádio foi boicotada na região e que inserções de votos nas urnas foram menores para ele.

Lula, por sua vez, consolidou a liderança no Nordeste, onde venceu a disputa com quase 22 milhões de votos. A campanha do petista fez inserções publicitárias homenageando a região, relembrando atos políticos nos dois governos anteriores e expôs falas polêmicas de Bolsonaro sobre a região. Além disso, o candidato visitou a região com candidatos a governador no segundo turno, como Jerônimo Rodrigues (PT), na Bahia e Marília Arraes (Solidariedade), para incentivar votos aos candidatos ao governo estadual. 

Na religião, Lula e Bolsonaro investiram na polêmica e nas religiões de matriz cristã, como os evangélicos e católicos, que compõem cerca de 71% da população brasileira. Bolsonaro chegou a visitar templos católicos e evangélicos, como o Santuário Nacional de Aparecida em São Paulo e a inauguração de uma igreja neopentecostal em Belo Horizonte no mesmo dia. As visitas geraram polêmica entre os eleitores, já que parte do eleitorado bolsonarista foi ao santuário católico e tumultuou as celebrações do Dia de Nossa Senhora Aparecida, comemorado no último dia 12. 

Lula, por sua vez, acenou a cristãos de outra forma. Ele chegou a criticar o uso político da fé pela campanha política. “A minha fé em Deus é uma coisa minha, própria e eu não vou à igreja para falar que estou agradando um padre, um pastor. Não vou. Eu respeito muito a religião”, afirmou, em live com o deputado federal André Janones (Avante). Apesar disso, a campanha do petista fez encontro com apoiadores evangélicos, relembrou leis criadas para o eleitorado evangélico e afastou rumores e fake news que afirmaram que Lula iria fechar igrejas e perseguir cristãos se ganhasse as eleições. 

Voto feminino

O eleitorado feminino, que compõe 54% dos eleitores totais, foi alvo das duas campanhas também. Bolsonaro investiu em aparições da esposa, Michelle, e expôs leis e decisões que tomou nos quatro anos de governo voltados para o direito das mulheres e independência financeira feminina, como dar títulos de terra para produtoras rurais. O candidato também amenizou ataques contra jornalistas e mulheres na política. 

Lula teve o objetivo de consolidar a preferência feminina no voto. O candidato propôs criar o Ministério das Mulheres, compartilhou falas polêmicas de Bolsonaro sobre as mulheres e investiu em resgatar declarações do presidente da República para aumentar a rejeição do candidato à reeleição. Um exemplo foi o uso do vídeo em que Bolsonaro pontua que ‘pintou um clima’ com garotas venezuelanas em São Sebastião, a 30 quilômetros do Distrito Federal. 

Apoio político no segundo turno 

A campanha no segundo turno também foi uma corrida pelos apoios políticos. Lula teve o desafio de comprovar que apesar de ter um Congresso e Senado composto por maioria de direita, irá governar sem maiores dificuldades. Já Bolsonaro foi atrás de governadores, senadores e deputados eleitos para dizer que irá governar com aliados, o que facilitará a vida dos brasileiros. 

Para manter a distância de votos entre Lula e Bolsonaro, o candidato petista conquistou o apoio de Simone Tebet (MDB), que foi terceiro lugar na eleição, com quase cinco milhões de votos e Ciro Gomes (PDT), quarto lugar, com quase quatro milhões de votos. Tebet fez um apoio ativo para a campanha de Lula, segundo ela, pelo “compromisso com a democracia e constituição”. 

“Meu apoio é por um Brasil que sonho ser de todos, inclusivo, generoso, sem fome e sem miséria, com educação e saúde de qualidade, com desenvolvimento sustentável. Um Brasil com reformas estruturantes, que respeite a livre inciativa, o agronegócio e o meio ambiente, com comida mais barata, emprego e renda”, reforçou Tebet, dias após o primeiro turno. 

Nos destaques do apoio a Jair Bolsonaro, Romeu Zema, governador reeleito de Minas Gerais pelo Novo com quase 57% dos votos; e Cláudio Castro (PL), no Rio de Janeiro, com 58,67% dos votos. Para o mineiro, era preciso colocar divergências de lado para apoiar Bolsonaro. “É o momento em que o Brasil precisa caminhar para a frente e eu acredito muito mais na proposta do presidente Bolsonaro do que na proposta do adversário”, afirmou, à época. 

Fake news

As notícias falsas também tiveram papel importante no segundo turno. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, o órgão recebeu 500 denúncias por dia. De junho até outubro deste ano, foram mais de 22 mil denúncias feitas para a corte. O órgão também registrou mais de 1600% de aumento nos alertas de fake news. 

O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, apontou que as notícias falsas não só aumentaram, como também ficaram mais agressivas em relação ao primeiro turno. Tanto Lula, quanto Bolsonaro, foram condenados pelo uso de fake news na campanha do segundo turno. Desde alegações falsas sobre descontos nos salários mínimos e nas pensões de aposentados, até acusações de que candidatos fechariam igrejas e perseguiram cristãos, as fake news mudaram o debate público sobre as propostas do petista e do atual presidente. 

Bolsonaro, inclusive, entrou em embates com o TSE e até afirmou que o inquérito das fake news, conduzido por Alexandre de Moraes, não seguia a Constituição e não tem respaldo do Ministério Público. O inquérito investiga o uso de desinformação e discursos de ódio disparados em massa para influenciar o resultado das eleições. 

Além das típicas fake news sobre propostas dos candidatos, índole de ambos e de aliados, outra notícia falsa foi destaque no segundo turno: a dúvida sobre a segurança das urnas eletrônicas. A campanha de Jair Bolsonaro foi a que mais duvidou da lisura das eleições e do sistema de voto eletrônico. 

A pressão foi tamanha, que as Forças Armadas e o Ministério da Defesa foram autorizados pelo TSE a fazer perícias nas urnas e auditar as eleições. Apesar das fake news sobre o sistema eleitoral brasileiro, o TSE conseguiu evitar maiores danos ao estado democrático de direito.