Liminar manda PT remover vídeo em que Bolsonaro diz que "comeria um índio"

"Há alteração sensível do sentido original de sua mensagem", diz ministro do TSE

Da Redação

Bolsonaro diz a jornalista que comeria carne humana Reprodução / / Youtube
Bolsonaro diz a jornalista que comeria carne humana
Reprodução / / Youtube

Uma decisão liminar (temporária) do ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Paulo de Tarso Sanseverino determinou que a campanha do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, pare de veicular propagandas que associam imagem do candidato Jair Bolsonaro (PL) à prática de canibalismo.

A medida acata pedido da campanha de Bolsonaro. A decisão tem caráter imediato, mas precisará passar pelo plenário, onde será analisada pelos demais ministros da Corte, para ser mantida ou não.

Em sua decisão, Sanseverino determinou a suspensão imediata da veiculação dessa propaganda na TV, site e redes sociais por entender que o vídeo "apresenta recorte de determinado trecho de uma entrevista concedida pelo candidato representante, capaz de configurar grave descontextualização".

"Há alteração sensível do sentido original de sua mensagem, porquanto sugere-se, intencionalmente, a possibilidade de o candidato representante [Bolsonaro] admitir, em qualquer contexto, a possibilidade de consumir carne humana e não nas circunstâncias individuais narradas no mencionado colóquio, o que acarreta potencial prejuízo à sua imagem e à integridade do processo eleitoral que ainda se encontra em curso", apontou o ministro.

O vídeo divulgado pelo PT na TV e em outras mídias, nesse começo de campanha de segundo turno, resgatou uma entrevista concedida por Bolsonaro ao jornal norte-americano The New York Times, em 2016, em que ele disse que "comeria um índio sem problema nenhum", e que só não se alimentou de carne indígena porque seus colegas de viagem não quiseram acompanhá-lo.

Na ocasião, o atual chefe do Executivo brasileiro afirmou que "queria ver o índio sendo cozinhado" e que aceitaria a condição de ter que provar da carne humana. "Eu comeria um índio sem problema nenhum", declarou à época Bolsonaro, ressaltando se tratar de uma questão cultura do povo Yanomami.

Após a repercussão do vídeo nas redes, o presidente do Condisi (Conselho do Distrito Sanitário Indígena) Yanomami, Junior Hekurari, afirmou à Agência Pública que não faz parte da cultura Yanomami do Surucucu praticar o canibalismo.