O candidato ao governo do Estado de São Paulo pelo PT, Fernando Haddad, aproveitou o primeiro debate do segundo turno das Eleições de 2022 para questionar Tarcísio de Freitas (Republicanos) sobre o orçamento secreto.
“O orçamento chama orçamento publico. Ele não é secreto. Esse negocio de sigilo de 100 anos não existe em uma República. As coisas têm que ser preto no branco, tem que estar tudo claro ali, à luz do dia. Agora, não. Bota R$ 30 bilhões na mão do relator, sabe Deus o que vai ser feito com esse dinheiro que é seu. Não é meu, do Bolsonaro, do Tarcísio. É do contribuinte."
“Você pretende trazer o Orçamento Secreto para SP?", questionou Haddad. "O papel do chefe do Executivo é lutar contra isso. É não deixar isso acontecer. É defender o orçamento público. Se a gente ficar refém do Centrão, estamos fritos,” completou o candidato.
Biscoito x bolacha
Fernando Haddad também aproveitou o momento para ironizar a origem carioca do oponente Tarcísio de Freitas (Republicanos). “É suco e bolacha. Ou biscoito como vocês falam lá no Rio de Janeiro", disse Haddad, citando a merenda oferecidas para as crianças das escolas públicas do Estado.
Ambos candidatos optaram por nacionalizar a discussão e o primeiro bloco foi marcado por menções ao ex-presidente Lula (PT) e o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), que disputam o Palácio do Planalto. Haddad falou sobre fake news, citou a atuação de Bolsonaro na pandemia e questionou Tarcísio sobre temas como saúde, cultura e segurança pública.
Em um dos primeiros embates da noite, eles trocaram opiniões sobre o uso de câmeras nas fardas da Polícia Militar. “Como é que você, que se diz técnico, vai desafiar os dados da própria polícia?", questionou Haddad, citando que há registro da queda da letalidade policial com o mecanismo adotado.
Fernando Haddad também se defendeu de acusações feitas pelo opositor sobre obras na saúde em bairros como Parelheiros e Brasilândia. “Ao contrário do governo federal, eu planejo obra, eu começo a obra e eu deixo para o sucessor dinheiro em caixa para terminar."
Criação do ProUni
Respondendo a jornalistas do Grupo Bandeirantes de Comunicação, os candidatos falaram sobre a volta dos sequestros-relâmpago, agronegócio, transporte sobre trilhos, revitalização do Centro da capital paulista e educação.
“Eu não tenho nenhum preconceito contra parceiras publico privadas. Inclusive, sou autor da lei que regulamentou as PPPs no Brasil. Eu e a minha companheira, Ana Estela, criamos o ProUni que é a maior parceria público privada já feita no Brasil, que atende o estudante de baixa renda que não pode pagar faculdade e faz uma parceira com as instituições privadas”, lembrou o petista sobre um dos feitos realizado em seu período no Ministério da Educação, na gestão de Lula.
“Agora, você tem que saber fazer parceria. Se você não souber fazer parceria, acontece o que está acontecendo em São Paulo. Existe uma coisa que acontece quando você faz a concessão que chama caderno de encargos. Nesse caderno de encargos tem que estar estabelecido quais são os compromissos que vão ser assumidos por cada concessionaria. E isso tem que ser regulado e cobrado periodicamente”, completou Fernando Haddad.
“Eles estão privatizando o filet mignon, ficando com o osso e não estão investindo dinheiro público naquilo que fica com o Estado – e o sistema esta se desorganizando em vez de se organizar”, explicou Haddad. Ele garantiu diálogo com o ex-presidente Lula a respeito do tema.
“Vamos ter que contar com mais investimentos em trilhos, inclusive entre cidades. Tenho certeza que o presidente Lula fará um grande investimento em trilhos em São Paulo. Sentei com ele, pactuamos um plano de metas para São Paulo para levar o Metrô para a região metropolitana. Sair da capital e também fazer o trem intercidades”, complementou.
Considerações finais
Haddad agradeceu a oportunidade de apresentar as ideias e “visões de mundo”. “No fundo, o que a gente quer é que as pessoas nos conheçam um pouco mais, conheçam a soluções que a gente tem a apresentar para vocês, uma vez que estamos vivendo um momento que tem muita gente sofrendo, que precisam de atendimento prioritário.”
“Não falamos de vários temas muito importantes, teremos oportunidade no segundo turno de desenvolver e detalhar melhor. Não falamos da explosão do número de pessoas em situação de rua no Estado de São Paulo, era um problema de um tamanho e que ficou em uma escala que o governador precisa assumir a responsabilidade. Parar de ficar jogando a responsabilidade no colo do prefeito."
"Chamar no Palácio dos Bandeirantes, conversar, ter parceira com prefeito e o presidente da República. Ter as portas do Planalto abertas para a gente levar as nossas reinvindicações justas, sempre com transparência, sempre com objetividade, sempre com a população acompanhando os nossos passos. Sem decreto secreto, sem nada disso. A gente pode viver em um mundo mais transparente. O dinheiro, ele sai daí. Sai de uma politica econômica correta, na atenção aos mais pobres, nas famílias que mais precisam e dá bom uso da coisa pública com muita transparência” finalizou o petista.
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