Fim de uma era: Garcia fica em terceiro e PSDB deixa de governar SP após 28 anos

Atual governador ficou atrás de Tarcísio e Haddad e está fora da disputa do governo estadual

Por Paulo Guilherme Guri

Rodrigo Garcia (PSDB) está fora da disputa pelo governo de São Paulo Divulgação
Rodrigo Garcia (PSDB) está fora da disputa pelo governo de São Paulo
Divulgação

Após sete vitórias consecutivas em eleições para governador de São Paulo, o PSDB vai deixar de governar o estado após 28 anos. O atual governador, Rodrigo Garcia, ficou atrás de Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT) e está fora da disputa do governo estadual. Ele ficou em terceiro lugar e não vai disputar o segundo turno.

A derrota no primeiro turno das eleições estaduais encerra uma série de domínio tucano no estado, iniciado com Mário Covas em 1994, e marca o desfecho amargo do partido que era sinônimo de poder político em São Paulo.

O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) foi fundado em 1988 e registrado definitivamente em 1989, surgiu a partir de uma cisão do PMDB que mesclava a social democracia, a democracia cristã e o liberalismo econômico e social. Entre os seus fundadores estavam Franco Montoro, ex-governador de São Paulo; Fernando Henrique Cardoso, que mais tarde se tornaria presidente; Mário Covas e José Serra, que seriam governadores pelo partido.

“Quero agradecer o carinho com que fui recebido durante nossa campanha e os votos recebidos neste domingo. Vou continuar trabalhando para o Estado que tanto amo. São Paulo, conte sempre comigo”, disse Garcia após saber da derrota.

Na primeira eleição que o PSDB participou, em 1990, Covas ficou em terceiro lugar e não foi para o segundo turno. Quem ganhou foi Luiz Antonio Fleury Filho (PMDB), derrotando Paulo Maluf (PDS).

Covas concorreu novamente em 1994 e foi eleito governador superando Francisco Rossi (PDT) e dando início à hegemonia do PSDB em São Paulo. Quatro anos depois, Covas derrotou Maluf no segundo turno e foi reeleito governador.

Com problemas de saúde, Covas não conseguiu completar o segundo mandato. Morreu em março de 2001 e seu vice, Geraldo Alckmin, assumiu o governo do estado.

Alckmin venceu as eleições de 2002 derrotando o petista José Genoíno no segundo turno. 

Em 2006, vitória do PSDB no primeiro turno, com a eleição de José Serra. Em 2010, Serra concorreu à Presidência e Alckmin disputou a corrida pelo governo do estado. Alckmin foi eleito no primeiro turno. 

Em 2014, Alckmin foi reeleito com mais uma vitória no primeiro turno. O PSDB era imbatível nas eleições paulistas. 

Quatro anos depois, em 2018, o PSDB venceu novamente, mas sem tanta diferença de anos anteriores. João Doria, ex-prefeito de São Paulo, derrotou no segundo turno Márcio França por 51,75% a 48,25% dos votos válidos.

Doria se destacou no combate à pandemia do novo coronavírus incentivando e promovendo a vacinação em São Paulo em contraposição ao governo federal de Jair Bolsonaro. O então governador acreditava ser capaz de derrotar Bolsonaro na disputa presidencial e renunciou ao cargo de executivo estadual após vencer as prévias do PSDB.

O vice-governador Rodrigo Garcia assumiu o governo de São Paulo e se tornou o candidato do PSDB para a reeleição. Doria perdeu força dentro do PSDB e acabou desistindo de concorrer à presidência. 

Garcia se apresentou na campanha eleitoral como uma alternativa contra a polarização política entre o bolsonarismo do ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o lulismo de Fernando Haddad (PT). Apesar de crescer nas pesquisas eleitorais, o atual governador não conseguiu votos suficientes para chegar ao segundo turno.

PSDB elogia Garcia

Apesar da derrota no primeiro turno na eleição para o governo de São Paulo, o PSDB elogiou Rodrigo Garcia e afirmou que o atual governador “mostrou capacidade de trabalho, seriedade e olhar humano para os problemas do estado.”

O partido também ressaltou os resultados obtidos no período em que governou o estado de São Paulo.

“Nesse período de quase três décadas de governos do PSDB, o estado se tornou um grande exemplo de gestão pública para o Brasil. Não há índice de administração pública que se examine em que São Paulo deixe de se destacar, seja por exemplo na redução histórica dos índices."