O ex-governador Márcio França (PSB) reafirmou o interesse em concorrer ao governo de São Paulo, apesar da aliança nacional entre PT e PSB com a chapa majoritária Lula-Alckmin. Em São Paulo, o pré-candidato se coloca como a “terceira via e diz” que não possui padrinhos presidenciáveis, a exemplo de Fernando Haddad (PT), principal rival nas pesquisas.
“Nós ainda conversamos, mas o provável é que tenhamos duas candidaturas [França e Haddad]. São ideias diferentes. Eu falo que cada um deles [Fernando Haddad, Márcio França, Tarcísio Freitas e Rodrigo Garcia] tem um padrinho, mas eu não tenho esse padrinho. O Brasil tentou encontrar uma terceira via, e não encontrou. São Paulo encontrou. São Paulo tem a terceira via. Eu me relaciono com pessoas tanto ligadas com o Bolsonaro como com o Lula”, disparou França.
O pré-candidato do PSB destacou a boa posição que tem nas pesquisas, atrás apenas do adversário petista. Ele diz que tem cerca de 20% e 25% de um eleitorado fiel, o que deixa os concorrentes temerosos para uma disputa num eventual segundo turno. Sobre apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), França seguirá a aliança nacional, até porque foi ele quem iniciou as conversas para o ex-governador Geral Alckmin se tornar vice do petista.
Geração de emprego
Sobre propostas, França destacou a geração de empregos como a principal prioridade de um eventual governo. O pré-candidato criticou o aumento de tributos, a exemplo dos preços nos postos de pedágio e IPVA, além disparar contra o ICMS. Para ele, no contexto de pandemia, tais taxações influenciaram o fechamento de empresas.
“Quando você tem pandemia, todo mundo sofreu um pouco. Fecharam 100 comércios em São Paulo só de lanchonetes, bares e cafés. Quantos empregos foram perdidos? Não daria para a gente tirar a questão do ICMS, da conta de luz e água nesse período dessas pessoas?”, analisou França.
Segundo o ex-governador, de forma imediata, o correto a fazer é fazer repasses para as prefeituras contratarem pessoas por um salário, que trabalharão por três dias nos órgãos públicos. Em outro período, passarão por treinamentos e, por fim, procurarão empregos. França ressalta, ainda, “bastante investimento em economia criativa”.
Câmeras no fardamento de PMs
França também disse que manterá as câmeras no fardamento dos policiais militares (PM), mas ressaltou que o equipamento não estará ligado durante as 12 horas de trabalho das autoridades.
Para o ex-governador, o atual modelo é “uma invasão absoluta da privacidade alheia”. Vale lembrar que o próprio Comando Geral da PM aprova a medida, vista como protetora dos policiais e de quem é abordado. Em sete meses de operações, a letalidade nas abordagens caiu 85% nos batalhões integrantes do projeto “Olho Vivo”.
“Os policiais vão continuar com as câmeras, mas não terão as câmeras monitorando as 12 horas de trabalho deles. Isso é uma invasão absoluta da privacidade alheia. É um erro, um equívoco gigante”, contou França.
O ex-governador criticou o contrato sobre o armazenamento do conteúdo em nuvens. Segundo ele, o estado pagará R$ 600 milhões para que as imagens fiquem guardadas por cinco anos. França sugere, então, que o equipamento só seja ligado quando o PM sacar a arma.
“Quando ele dispara a arma, dispara a câmara. Mas gravar a pessoa por 12 horas seguidas?”, questionou o pré-candidato. “Ninguém aceitaria isso, ser gravado por 12 horas, de manhã cedo, escovando os dentes, indo ao banheiro. A troco do quê?”, concluiu.