Leite reafirma críticas à reeleição, mas não descarta tentar segundo mandato

Governador do Rio Grande do Sul foi entrevistado nesta segunda-feira (14) na Rádio Bandeirantes

da Redação com Rádio Bandeirantes

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), reafirmou nesta segunda-feira (14) que possui críticas à prática da reeleição no Brasil, mas não descartou a possibilidade de tentar a recondução ao cargo em 2022. 

“Eu estou na política desde cedo. Concorri a vereador aos 19 anos em Pelotas, depois fui prefeito e não concorri à reeleição. Tenho uma crítica ao instituto da reeleição no nosso sistema política brasileiro. Acho que, quando você tem a fragmentação de partidos, como no Brasil, torna-se complexo governar. Não concorri, ajudei a eleger minha sucessora. Fiquei dois anos fora da vida pública e voltei como governador. Não tenho dúvida de que só consegui fazer transformações profundas no estado com apoio da assembleia legislativa porque falei que não seria candidato à reeleição. Isso nos ajudou na articulação política. As pessoas sabem: sou um crítico da reeleição”, disse ao Jornal Gente, da Rádio Bandeirantes.

"Agora, há um apelo de um grupo de pessoas do meu próprio partido demandando que eu reconsidere essa posição. Fico até envaidecido com o pedido, mas mantenho minha crítica à reeleição. Estamos conversando, me sensibilizo aos apelos, mas eu sempre digo que não deve ser sobre a pessoa, deve ser sobre o projeto. Se nós tivermos a condição de tocar o projeto no Rio Grande do Sul passando o bastão, acho que é o curso natural das coisas, prefiro que aconteça. Mas, assim como tenho convicção sobre a reeleição, tenho convicção de que não podemos perder a continuidade desse trabalho”, completou. 

Ao mesmo tempo, o governador não descartou a possibilidade de participar do pleito a nível nacional, seja como candidato à Presidência como alternativa a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), seja como liderança apoiando outra candidatura – tanto do PSDB como de outra sigla. 

“Conversei com o presidente do PSD, Gilberto Kassab. Tivemos boas conversas e temos novas conversas programadas. Tem que ser tarefa de todos ajudar a construir nacionalmente uma alternativa à polarização entre Lula e Bolsonaro. Não podemos ficar entre o inaceitável e o indesejável.”

Atritos com Doria no PSDB 

O governador de São Paulo, João Doria, venceu as prévias do PSDB no último mês de novembro para ser lançado como pré-candidato à Presidência pela sigla nas eleições deste ano. Ele superou os votos de Tasso Jereissati e do próprio Leite, cujo nome era apoiado pelo senador Aécio Neves. Desde então, os grupos têm se envolvido em atritos internos.

Questionado sobre o assunto, Leite negou que participe de qualquer “conspiração” para derrubar a pré-candidatura de Doria, mas cobrou que o paulista explique como pretende reverter a rejeição que tem apresentado nas mais recentes pesquisas e se apresentar como um projeto viável. 

“Não vejo conspiração em uma discussão interna do partido. Ex-presidentes do partido, gente que participou da fundação do PSDB, têm o direito de questionar internamente. Não tem conspiração para puxar o tapete de ninguém. Uma candidatura com 2% de intenção de voto, mesmo tendo 90% de conhecimento da população, e mais de 60% de rejeição não é um problema do candidato apenas, é um problema do partido e do país."

"Estamos falando sobre viabilizar uma alternativa a uma polarização que é muito negativa. A legitimidade da candidatura de João Doria está posta, todos respeitam as prévias, mas nem por isso deixarão de fazer os questionamentos. Ninguém está desrespeitando, mas isso não dá direito a ele de ignorar o partido. Ele precisa explicar como vai reverter essa rejeição gigantesca, inclusive no próprio estado.”