Ex-presidente da Câmara e condenado na Lava Jato, Eduardo Cunha ensaia uma volta ao cenário político com prognósticos sobre a disputa presidencial polarizada entre Lula e Bolsonaro. Para o político, não há espaço para a terceira via e a eleição será decidida entre o ex e o atual presidente da República, com possibilidade de que não haja sequer segundo turno.
"Existe uma coisa chamada voto útil. O eleitor quando olhar se tem que decidir entre Lula e Bolsonaro hoje ou daqui duas semanas, vai querer decidir logo para acabar com essa aporrinhação", afirmou em entrevista exclusiva ao BandNews TV.
Eduardo Cunha disse acreditar que Bolsonaro irá reverter o cenário apontado pelas pesquisas e sair vitorioso e declarou voto, inclusive, no atual presidente da República. "Bolsonaro é conservador de costumes e liberal na economia. São dois pontos que defendo para quem vai exercer o poder, então pela lógica, tenho que apoiá-lo".
Os dois foram colegas de legislativo por pelo menos quatro mandatos e, segundo Cunha, não têm nenhuma relação atualmente. O ex-presidente da Câmara disse que prefere não expor se mantém contato ou não com o presidente da República, mas diz que não priva de uma relação a ponto de ser conselheiro de Bolsonaro.
A próxima eleição, na avaliação de Cunha, não será para "outsiders" porque quem se colocou como nova política quatro anos atrás já se tornou parte da política. Ele avisa: "estamos voltando sob a velha direção", mas pontua que para ele não há essa história de "velha" e "nova" política.
Eduardo Cunha tenta voltar à Câmara dos Deputados pelo PTB de São Paulo. Mudou de domicílio eleitoral, inclusive, e pode disputar uma vaga com Sergio Moro, ex-juiz e ex-ministro do governo Bolsonaro.
Na conversa com o BandNews TV, ele disparou contra o político do União Brasil: disse que Moro foi jantado pela política e, se referindo à operação Lava Jato, afirmou que "Moro morreu na cena do crime que cometeu".
Cunha terá que driblar ainda a justiça, já que está inelegível até 2027. "Meus advogados entendem que estou elegível, então vou me apresentar e vamos discutir esse registro no momento oportuno, na minha apresentação".
Eduardo Cunha foi presidente da Câmara de fevereiro de 2015 até julho de 2016 e foi um dos protagonistas do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Se voltar ao Congresso, ele promete apoiar a reeleição de Arthur Lira na função e diz que a partir dali é preciso ver o que vai acontecer. O político do PTB não descarta tentar voltar ao comando da casa.