O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa, que foi relator do caso do mensalão na Corte, pediu voto para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro turno das eleições presidenciais.
"É preciso votar já em Lula no primeiro turno para encerrar essa eleição no próximo domingo", diz Barbosa em um vídeo divulgado pela equipe de campanha do petista nas redes sociais nesta terça-feira (27).
No vídeo, Barbosa afirma que o presidente Jair Bolsonaro (PL) "não é um homem sério" e "não serve para governar um país como o nosso".
O ex-ministro afirma ainda que "nas grandes democracias, Bolsonaro é visto como um ser humano abjeto, desprezível" e que o "isolamento internacional" faz com que o Brasil perca oportunidades.
O gesto de Barbosa é resultado de um esforço da equipe de Lula para conseguir apoios estratégicos, de nomes não alinhados ao PT, na tentativa de atrair indecisos e o voto útil de eleitores de Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) ainda dispostos a trocar de candidato.
No total, o ex-presidente do Supremo enviou 12 vídeos sequenciais à campanha petista na qual aborda alguns temas.
A adesão de Joaquim Barbosa à campanha de Lula se soma a uma série de apoios públicos que o ex-presidente tem obtido nos últimos dias.
Entre os apoios improváveis, Lula agora conta com Miguel Reale Júnior, autor do pedido de impeachment de Dilma Rousseff (PT), sucessora de Lula; Henrique Meirelles (União), ex-ministro da Fazenda de Michel Temer, do partido que tem Soraya Thronicke (União) como candidata à presidência; Marina Silva (REDE), ex-ministra de Lula que deixou o PT após divergências com o partido e disputou a eleição de 2018 contra Fernando Haddad (PT); Caetano Veloso e Tico Santa Cruz, artistas que campanha por Ciro Gomes (PDT) em 2018.
Mensalão
O ministro aposentado foi indicado à cadeira na corte pelo próprio ex-presidente, mas depois tornou-se algoz do PT. Barbosa presidiu o STF e foi relator do mensalão, processo que atingiu em cheio o governo Lula.
O escândalo do Mensalão estourou em 6 de junho de 2005, quando o deputado Roberto Jefferson (PTB), histórico desafeto do ex-ministro José Dirceu (PT), apesar de integrar no momento a base de apoio do governo, disse que o PT pagou a vários deputados “R$ 30 mil por mês”.
A acusação dizia que a cúpula do PT, em especial o então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, negociava cargos e o repasse de dinheiro a deputados da base aliada como forma de comprar apoio de parlamentares do Congresso Nacional. Importantes nomes do PT, Dirceu, José Genuíno e Delúbio Soares foram condenados no processo, entre outros 23 acusados.
Mesmo assim, em 29 de outubro de 2006, Lula, novamente na companhia do vice José Alencar, foi reeleito presidente da República com mais de 58 milhões de votos, a maior votação da história do Brasil.
Em 2022, o relator do processo do mensalão no STF, ex-ministro Joaquim Barbosa, declarou voto em Lula.