Guilherme Boulos reconhece que a possível disputa com o PT ao governo de São Paulo pode deixar a oposição fora do segundo turno. O pré-candidato pelo PSOL afirmou, em entrevista à Rádio Bandeirantes nesta segunda-feira (13), que tem conversado com lideranças de partidos de esquerda em busca de diálogo e apoio para a formação de uma única chapa, que ele chamou de “campo progressista”. Atualmente, Fernando Haddad (PT) e Márcio França (PSB) podem disputar essa parte do eleitorado com ele nas urnas.
“Nós temos que buscar construir aquilo que é melhor para o nosso campo, não apenas para um partido, que tem o desafio, em nível nacional, de derrotar o Bolsonaro, virar a página desse genocídio, desse pesadelo que nós estamos vivendo no Brasil, e aqui no estado de São Paulo de encerrar essa hegemonia cansativa, rançosa do PSDB de 27 anos. Eu estou conversando não apenas com o PT, mas tive conversa na semana passada com o PDT e com o PCdoB, estou conversando com a Rede, com outros partidos do campo progressista para que a gente busque construir uma unidade que tenha força”, defendeu Boulos no Jornal Gente, que faz uma série de entrevistas com os pré-candidatos ao governo paulista.
Para Boulos, a possível união entre o ex-presidente Lula e Geraldo Alckmin "é mais fumaça do que fogo". Por isso, ele acredita que Rodrigo Garcia, do PSDB, e o próprio ex-governador de São Paulo serão seus principais adversários na disputa.
“Eu tenho dúvida que um conservador de São Paulo vai votar no Lula só porque o Alckmin é vice. Mas o Alckmin não tem força nos outros estados do país. Lula poderia ter um vice que sinalize mais para o centro, se essa for a vontade dele, que tenha mais força em nível nacional. E para o Alckmin, é uma aposta de muito risco. Que esse Alckmin faz isso, ele perde o eleitorado dele, o eleitorado do Alckmin é anti-PT, anti-Lula sempre foi historicamente”, analisou o pesolista.
Apesar de crítico à chapa do petista com Alckmin, Boulos defende o apoio a Lula, que ele avalia ter melhores chances em derrotar Bolsonaro nas urnas em 2022.
Propostas para o governo de SP
Em relação às propostas para o governo de São Paulo, Boulos falou em três prioridades: a questão dos moradores de rua, déficit de habitação e a regularização fundiária.
“A melhor forma de você resolver o problema das reintegrações de posse dos movimentos sociais é ter política de habitação”, disse. O candidato do PSOL também foi questionado sobre como teria de lidar caso a Polícia Militar de um eventual governo dele tivesse que cumprir uma reintegração de posse em áreas invadidas.
“Tem uma ordem judicial. não tem a opção de cumprir ou não cumprir a ordem judicial, se eu não cumprir ordem judicial eu sou preso […]. A orientação do palácio [dos Bandeirantes, sede do governo] polícia é não agir com violência, é respeitar os direitos humanos e você pode ter certeza de uma coisa: se em um governo meu, alguém precisar ser removido de uma casa que mora, será pra um algum lugar e não para o meio da rua”, justificou.
Na próxima sexta-feira, o Jornal Gente, da Rádio Bandeirantes, recebe o pré-candidato ao governo de São Paulo pelo Patriota, Arthur do Val.